Alta do dólar pressiona dívida e derruba lucro das empresas em 70% no trimestre
A disparada do dólar, que ganhou força a partir do fim do carnaval, foi suficiente para azedar o resultado das operações.

Os sinais de melhora da economia doméstica no começo do ano atenuaram os impactos dos primeiros 15 dias da crise do novo coronavírus nos balanços das companhias brasileiras de capital aberto, no primeiro trimestre de 2020. No entanto, a disparada do dólar, que ganhou força a partir do fim do carnaval, foi suficiente para azedar o resultado das operações. Mesmo com um caixa reforçado em R$ 110 bilhões, na comparação com o mesmo período em 2019, as companhias amargaram uma queda de quase 70% em seu lucro líquido.
Os dados fazem parte de um estudo realizado pela Economática, obtido com exclusividade pelo Estadão. Foram analisadas 183 empresas com ações negociadas na B3 e que publicaram seus resultados financeiros até às 18h de ontem. O estudo, no entanto, exclui da lista a Petrobrás, JBS, Suzano e Azul, que, segundo o gerente de relacionamento institucional da Economática, Einar Rivero, obtiveram prejuízo atipicamente alto e, por isso, prejudicariam a análise econômica do período.
[capatao]
Feita a ressalva, a atual temporada de balanços mostra que as empresas brasileiras melhoraram significativamente sua geração de caixa - dinheiro mantido à disposição para as receitas de curto prazo. O caixa das companhias fechou o trimestre em R$ 329,8 bilhões, ante R$ 220 bilhões no mesmo período de 2019, alta de 49,4%. O lucro operacional (antes de despesas com amortização de juros de empréstimos e impostos) saltou 30% no período. E isso só foi possível, segundo Rivero, por causa da melhora registrada com as vendas dos produtos e serviços, que alcançou o montante de R$ 336,8 bilhões, alta de 8,8%. "Os resultados mostram que, em certa medida, as empresas fizeram sua lição de casa da porteira para dentro. Mas quando encostaram a barriga no balcão dos bancos e dos credores, viram as despesas aumentarem muito", afirma.
Dólar
A maior responsável por essa explosão nas dívidas, que dizimou R$ 39 bilhões em lucro operacional, foi a escalada do dólar. Do primeiro pregão de janeiro ao último de março, o dólar comercial à vista sofreu uma valorização frente o real de 29%, saindo da cotação inicial de R$ 4,02 para R$ 5,19. Foi a terceira maior valorização trimestral do dólar desde a adoção por parte do Banco Central do câmbio flutuante, em 1999, só perdendo para o terceiro trimestre de 2002 e o primeiro trimestre de 1999.
Leia Também
Dados produzidos pela Fipe, indicam que as grandes empresas brasileiras - com o capital aberto e fechado - têm 58% de sua dívida total fixada em moedas estrangeiras. De acordo com o BC, a dívida total em dólar das empresas no Brasil está em US$ 482 bilhões. "Do ponto de vista do que passou, podemos dizer que o dólar afetou fortemente nos balanços das empresas brasileiras. Olhando para o futuro, para o segundo trimestre, é difícil imaginar um novo tombo nesse patamar", afirma o coordenador do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe), Carlos Antonio Rocca. "Mas isso não deve ser tomado com algo tão positivo. A redução drástica do consumo durante a crise vai trazer para as empresas um outro desafio, que será na receita com venda, que deve cair tremendamente nos balanços do segundo trimestre", afirma.
Resultados
Por setores, as empresas financeiras, de papel e celulose e energia tiveram seus balanços mais afetados pelo aumento das despesas financeiras. A Klabin, por exemplo, registrou no primeiro trimestre um aumento de 8% com as receitas com vendas, na comparação com igual período do ano anterior, mas viu suas despesas com dívidas saltarem de R$ 597 milhões para R$ 6 bilhões em 12 meses. Com isso, amargou um prejuízo líquido de R$ 3,2 bilhões.
O diretor financeiro e de relações com investidores da Klabin, Marcos Ivo, explica, contudo, que esse é um prejuízo meramente contábil, um resultado que incomoda no balanço, mas não diretamente no bolso da empresa. "Nossa dívida é alta em dólar, cerca de 89% do total, mas é de longo prazo, em média, 9,4 anos, e mais de 50% de nossa receita também é dólar. Com isso, temos um hedge natural", afirma. Hedge é o nome que se dá aos instrumentos de proteção à variação de câmbio adotados pelas companhias. "Nossa relação é bem equilibrada, no final das contas, somos credores em dólar", diz.
Outra que viu saltar sua despesa financeira foi a Rumo, empresa de logística ferroviária controlada pela Cosan. Essa indicador passou de R$ 324 milhões em 2019 para R$ 531 milhões em 2020, fator que ajuda a explicar o prejuízo de R$ 272 milhões no período, ante lucro líquido de R$ 26 milhões no primeiro trimestre de 2019. Para o diretor financeiro da empresa, Ricardo Lewin, além de questões pontuais, como um volume de maior de chuva em março, que prejudicou a operação para empresa no Porto de Santos, a empresa também modificou a forma de mensurar os gastos com proteção cambial. "Isso trouxe um resultado negativo no trimestre, mas que não deve se registrar no próximo balanço", afirma o executivo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Vai dar para ir para a Argentina de novo? Peso desaba 12% ante o dólar no primeiro dia da liberação das amarras no câmbio
A suspensão parcial do cepo só foi possível depois que o governo de Javier Milei anunciou um novo acordo com o FMI no valor de US$ 20 bilhões
Alívio na guerra comercial injeta ânimo em Wall Street e ações da Apple disparam; Ibovespa acompanha a alta
Bolsas globais reagem ao anúncio de isenção de tarifas recíprocas para smartphones, computadores e outros eletrônicos
Smartphones e chips na berlinda de Trump: o que esperar dos mercados para hoje
Com indefinição sobre tarifas para smartphones, chips e eletrônicos, bolsas esboçam reação positiva nesta segunda-feira; veja outros destaques
Guerra comercial: 5 gráficos que mostram como Trump virou os mercados de cabeça para baixo
Veja os gráficos que mostram o que aconteceu com dólar, petróleo, Ibovespa, Treasuries e mais diante da guerra comercial de Trump
Trump virou tudo do avesso (várias vezes): o resumo de uma das semanas mais caóticas da história — como ficaram dólar, Ibovespa e Wall Street
Donald Trump virou os mercados do avesso várias vezes, veja como ficaram as bolsas no mundo todo, as sete magníficas, Ibovespa e dólar
Dólar livre na Argentina: governo Milei anuncia o fim do controle conhecido como cepo cambial; veja quando passa a valer
Conhecido como cepo cambial, o mecanismo está em funcionamento no país desde 2019 e restringia o acesso da população a dólares na Argentina como forma de conter a desvalorização do peso
Bitcoin (BTC) em tempos de guerra comercial: BTG vê janela estratégica para se posicionar na maior criptomoeda do mundo
Relatório do BTG Pactual analisa os impactos das tarifas no mercado de criptomoedas e aponta que ainda há espaço para investidores saírem ganhando, mesmo em meio à volatilidade
Dia de ressaca na bolsa: Depois do rali com o recuo de Trump, Wall Street e Ibovespa se preparam para a inflação nos EUA
Passo atrás de Trump na guerra comercial animou os mercados na quarta-feira, mas investidores já começam a colocar os pés no chão
Mercados disparam e dólar cai a R$ 5,84 com anúncio de Trump: presidente irá pausar por 90 dias tarifas de países que não retaliaram
Em sua conta na Truth Social, o presidente também anunciou que irá aumentar as tarifas contra China para 125%
Outro dia de pânico: dólar passa dos R$ 6 com escalada da guerra comercial entre EUA e China
Com temor de recessão global, petróleo desaba e ações da Europa caem 4%
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China
Wall Street sobe forte com negociações sobre tarifas de Trump no radar; Ibovespa tenta retornar aos 127 mil pontos
A recuperação das bolsas internacionais acompanha o início de conversas entre o presidente norte-americano e os países alvos do tarifaço
Ibovespa chega a tombar 2% com pressão de Petrobras (PETR4), enquanto dólar sobe a R$ 5,91, seguindo tendência global
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump na semana passada
Após o ‘dia D’ das tarifas de Trump, ativo que rende dólar +10% pode proteger o patrimônio e gerar lucros ‘gordos’ em moeda forte
Investidores podem acessar ativo exclusivo para buscar rentabilidade de até dólar +10% ao ano
Retaliação da China ao tarifaço de Trump derrete bolsas ao redor do mundo; Hong Kong tem maior queda diária desde 1997
Enquanto as bolsas de valores caem ao redor do mundo, investidores especulam sobre possíveis cortes emergenciais de juros pelo Fed
Ibovespa acumula queda de mais de 3% em meio à guerra comercial de Trump; veja as ações que escaparam da derrocada da bolsa
A agenda esvaziada abriu espaço para o Ibovespa acompanhar o declínio dos ativos internacionais, mas teve quem conseguiu escapar
As únicas ações que se salvaram do banho de sangue no Ibovespa hoje — e o que está por trás disso
O que está por trás das únicas altas no Ibovespa hoje? Carrefour sobe mais de 10%, na liderança do índice