Abertura deixa 60,8 milhões de grupo de risco em dúvida entre bolso e saúde
Segundo dados da Locomotiva, os brasileiros economicamente ativos desse grupo de maior risco respondem por R$ 1,57 trilhão em renda própria anual
Cardíaca e hipertensa, Aparecida Souza sabe que está no grupo de maior risco para o coronavírus e, mesmo com receio, se prepara para retornar ao trabalho. Ela foi por quase duas décadas dona de um salão de beleza na Avenida Paulista, em São Paulo. Fechou o negócio em maio, por não conseguir negociar a suspensão do pagamento de aluguel com o dono do ponto, e aceitou convite para trabalhar como funcionária em outro lugar - onde, mesmo com a atual proibição, vez ou outra atende clientes mais próximos.
"A ideia é trabalhar depois da liberação dos serviços pela Prefeitura. Mas a gente precisa fazer alguma coisa por enquanto", diz a ex-empresária, de 53 anos. "Dá muito medo ter de sair de casa todo dia. Mas eu me protejo bem, coloco máscara e vou", afirma.
Um levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva, obtido com exclusividade pelo Estadão, coloca em números o dilema relatado por Aparecida Souza. No momento em que as cidades começam a flexibilizar as regras de quarentena antes do achatamento da curva de infecções - retomando aos poucos as atividades no comércio e no setor de serviços -, 60,8 milhões de pessoas vivem a dúvida entre o bolso e o medo de ficar doentes. São brasileiros que integram o grupo mais vulnerável ao coronavírus, mas que dependem do trabalho para sobreviver.
Para o presidente da Locomotiva, Renato Meirelles, além do próprio impacto sanitário, em si, a saúde dessas pessoas vai, inevitavelmente, se refletir na economia do País.
"A abertura acelera o retorno dessas pessoas ao trabalho, já que muitos são chefes de família e, juntos, representam o principal mercado de consumo do Brasil", diz ele.
Segundo dados da Locomotiva, os brasileiros economicamente ativos desse grupo de maior risco respondem por R$ 1,57 trilhão em renda própria anual, o equivalente a 20% do PIB total do Brasil em 2019.
Leia Também
A pesquisa foi realizada entre 20 e 25 de maio e entrevistou, por telefone, mais de duas mil pessoas em 72 cidades do País. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para cima e para baixo.
Saúde
Apesar da responsabilidade financeira, um ponto destacado pela pesquisa é que, desse público, 85% ainda se dizem mais preocupados com a saúde do que com a economia. Fora do grupo de maior risco, essa opinião cai para 77% da população.
Sobre o isolamento social, 77% dos integrantes do grupo mais vulnerável são favoráveis às medidas de restrição, ante 72% dos que não possuem idade acima de 60 anos ou histórico de saúde que agravaria a infecção pelo vírus.
Um exemplo é o paulistano Vanderlei da Silva Pinto, de 54 anos, que é cardíaco. Ele trabalha com vendas para o consumidor final e, fora da pandemia, sua rotina envolvia visitas e serviço de pré-vendas na casa de clientes. Com a escalada da covid-19, mudou a rotina. "Faço as vendas pela internet e pelo telefone", conta. "Apesar de vender 80% menos do que antes, não quero mudar nada enquanto não tiver uma vacina", afirma.
Na opinião do professor de economia do Ibmec André Diz, exemplos como o de Silva Pinto tendem a ficar mais raros na medida em que a quarentena for flexibilizada. "O trabalhador está pressionado e, conforme cresce o endividamento e se reduzem as barreiras, ele vai se expor na rua", afirma.
O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar), Claudio Felisoni de Angelo, concorda. Para ele, contudo, a retomada do varejo e dos segmentos de serviços será mais lenta do que a programada pelos governos. "É claro que o varejo e os serviços são dois grandes empregadores e, conforme aquece, vão tirar as pessoas de casa. Mas eu não acho que isso acontecerá tão cedo."
Risco
No total, o País tem 80 milhões de brasileiros no grupo de maior risco para o coronavírus, segundo dados da Locomotiva com critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Desses, 24% (19,2 milhões) são de aposentados e pensionistas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Indústria gera mais emprego e com preferência pelos jovens — mas com salário menor
Do total dos novos postos de trabalho criados pela indústria nos nove primeiros meses de 2024, 57,4% das vagas foram ocupadas por jovens de 18 e 24 anos
Agenda econômica: Payroll e PCE nos EUA dominam a semana em meio a temporada de balanços e dados Caged no Brasil
Os próximos dias ainda contam com a divulgação de vários relatórios de emprego nos EUA, PIB da zona do euro e decisão da política monetária do Japão
Salvaram o Ibovespa? Por que os dados de inflação e emprego nos EUA ajudam a bolsa aqui, mas fecham a porta para Wall Street
No câmbio, o dólar à vista perde força depois de ter encostado e R$ 5,60 na máxima da sessão anterior; entenda o que mexe com os mercados aqui e lá fora
O choque da Geração Z no mercado de trabalho: por que eles estão sendo demitidos em massa?
Se a pergunta que define minha geração é: “quem sou eu sem minha profissão?”, arrisco dizer que, para a Geração Z, será: “quem sou eu sem a tecnologia?”
Dado de emprego arrasa-quarteirão nos EUA faz bolsas subirem, mas pode não ser uma notícia tão boa assim. Como ficam os juros agora?
A economia norte-americana abriu 254 mil vagas em setembro, bem acima das 159 mil de agosto e da previsão de 150 mil; a taxa de desemprego caiu 4,2% para 4,2% e os salários subiram
Campos Neto não curtiu? Desemprego atinge o menor nível para agosto — mas parte dos economistas acha isso ‘ruim’
Além da queda da taxa de desemprego próxima de uma situação de pleno emprego, o rendimento real dos trabalhadores cresceu
Vale (VALE3) leva a melhor no cabo de guerra com a Petrobras (PETR4) e ajuda Ibovespa a fechar em alta; dólar recua a R$ 5,4447
No mercado de câmbio, o dólar à vista opera em queda, mas longe das mínimas do dia
“Não enrole seus funcionários”: o recado de um bilionário para os chefes sobre os impactos da inteligência artificial (IA) no trabalho
CEO de empresa de tecnologia afirma que ainda não é possível saber quais serão os impactos da inteligência artificial no trabalho, mas avalia que mudanças já são um fato
Ajuste seu alarme: Resultado do payroll define os rumos dos mercados, inclusive do Ibovespa; veja o que esperar
Relatório mensal sobre o mercado de trabalho norte-americano será decisivo para antecipar o próximo passo do Fed
Não deve ser hoje: Ibovespa aguarda PIB em dia de aversão ao risco lá fora e obstáculos para buscar novos recordes
Bolsas internacionais amanhecem no vermelho com temores com o crescimento da China, o que também afeta o minério de ferro e o petróleo
Agenda econômica: PIB do Brasil e o dado mais importante da economia dos EUA são os destaques da semana; veja o calendário completo
Investidores aguardam início de corte de juros nos EUA e dados do payroll vão indicar a magnitude da tesourada do Federal Reserve
Paulo Guedes tem um sopro de esperança para o Brasil
Ex-ministro da Economia explica por que acredita que o mundo vai voltar os olhos para o país
Com taxa de informalidade entre jovens maior do que a média do mercado, governo busca soluções
O trabalho informal entre jovens afeta principalmente as populações femininas e negras; já as regiões que mais apresentam trabalhadores não-registrados são o Nordeste e o Norte
Bancos doam R$ 6 milhões e suspendem dívidas de vítimas no Rio Grande do Sul; empresas gaúchas na bolsa são afetadas pelas enchentes
As instituições também possuem parcerias com entidades civis locais e estão mobilizando clientes e funcionários para doações às vítimas
Beco sem saída? O que o Fed vai fazer com os juros após sinais mistos do principal relatório de emprego dos EUA
As mensagens contraditórias estão vindo também dos próprios membros do BC norte-americano, que indicaram que a inflação está arrefecendo, mas não o suficiente para justificar os primeiros cortes na taxa — o Seu Dinheiro joga luz sobre o que pode acontecer agora
Empregos em risco? Com o avanço da inteligência artificial também cresce o medo do desemprego — e não apenas no Brasil
Preocupação com a privacidade e a segurança dos dados foram citados por profissionais de países da América Latina
O pior está por vir para a bolsa? Por que Biden está comemorando o dado de emprego, mas você não deveria
A economia norte-americano criou 353 mil vagas em janeiro, muito acima da previsão de 185 mil, enquanto o desemprego caiu e o salário aumentou — números que podem atrapalhar o caminho de quem investe em ações; entenda por quê
Desemprego atinge o nível mais baixo em quase dez anos; confira os detalhes do último levantamento do IBGE
Taxa de desemprego fechou o trimestre até dezembro de 2023 em 7,4%; taxa de subutilização também diminuiu
O ChatGPT vai roubar o seu emprego? Inteligência artificial ameaça dizimar oportunidades de trabalho — e quem diz isso é o FMI
Na visão do FMI, o avanço da IA pode afetar aproximadamente 40% dos empregos no mundo todo, mas países como o Brasil correm menos riscos
Quais as habilidades mais requisitadas para cargos de alto escalão no mercado de trabalho?
Segundo consultorias, as companhias buscam especialistas em IA e ESG para os cargo de diretoria e presidência