🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

A raposa e o porco-espinho, o erro de Jim Collins e a carta da Atmos

Com frequência, escuto coisas do tipo: “Ah, mas isso é porque ele é novato em Bolsa. O investidor pessoa física tem pouca experiência e conhecimento”. Não! A grande questão não é essa

13 de janeiro de 2020
10:07
Raposa
Imagem: Shutterstock

Probabilidades nunca foram o forte dos economistas, administradores e financistas. Embora sua humildade tão característica certamente argumente em contrário. Mesmo os especialistas mais admirados e supostamente incontestáveis cometem erros fragorosos nesse terreno. 

Julgam-se as coisas pelo resultado ex-post, esquecendo-se que as decisões em ambientes de incerteza devem ser consideradas ex-ante.  

Com frequência, escuto coisas do tipo: “Ah, mas isso é porque ele é novato em Bolsa. O investidor pessoa física tem pouca experiência e conhecimento”. Não! A grande questão não é essa. O problema do mundo não são as pessoas que não sabem, mas aquelas que não sabem o suficiente, mais uma vez citando Taleb — numa versão adaptada para a mesma ideia contida em “não ter mapa é melhor do que ter um mapa errado”.

Os ditos especialistas me parecem o problema, porque deles emana uma suposta sabedoria (inexistente!) e argumentos de autoridade que acabam empurrando os não especialistas numa determinada direção — a manada segue o berrante. Essa direção nem sempre é a certa. 

Jim Collins é talvez a maior referência de consultor e pesquisador sobre administração de empresas do mundo. Certamente, figura entre as maiores. Autor de best-sellers, ex-McKinsey, professor distinto de Stanford, com longa tradição de bons conselhos empresariais, respeito entre os pares, conhecido por produzir sólida e, supostamente, rigorosa pesquisa acadêmica e, para eliminar de vez qualquer dúvida entre os camaradinhas brasileiros, escritor do prefácio do livro “Sonho Grande”, do nosso querido e também incontestável trio da cerveja. 

Collins tem dois livros mais conhecidos.  

Leia Também

Resumindo aqui muito grosseiramente, em “Built to Last: Successful Habits of Visionary Companies”, ele tenta explicar a alta performance empresarial a partir de um conjunto de diretrizes que conduziria companhias à perenidade. Haveria uma espécie de lista de regras e condutas a ser adotadas rigidamente que garantiria o sucesso no longo prazo — se você pensou na ideia de que as imutáveis leis da física podem se aplicar ao empreendedorismo, bingo! Physics envy, sempre eles! 

Já em “Good to Great”, o objetivo é identificar quais estratégias transformam empresas medianamente boas em companhias de destacada alta performance, entre a minoria mais apta. A obra foi um sucesso instantâneo e é tratada por muitos como o grande suprassumo capaz de explicar a alta performance empresarial, os verdadeiros determinantes do sucesso. 

Por isso, vamos entrar um pouco mais em “Good to Great”. Em determinado momento do livro, Collins recupera a metáfora clássica de Isaiah Berlin sobre a divisão entre raposas e porcos-espinhos — os grandes contadores de história tipicamente usam das metáforas e de imagens fortes como eficientes instrumentos de retórica; e se tem uma coisa realmente admirável em Jim Collins é sua capacidade como storyteller. 

De forma simples e rápida, Isaiah Berlin remete ao poeta grego Arquíloco e sua famosa frase: “A raposa sabe muitas coisas, mas o porco-espinho sabe uma grande coisa”. As raposas seriam mais generalistas, desfocadas, perseguiriam vários objetivos, teriam vários conceitos na cabeça e múltiplos desafios, enquanto os porcos-espinhos seriam mais metódicos, focados, disciplinados, com uma grande visão e um grande conceito capaz de explicar o mundo. Importante notar que, no original de Berlin, não há necessariamente vitória para um lado ou outro, seriam apenas duas formas de observar a experiência humana, embora esse ponto talvez tenha escapado a Jim Collins, mas deixemos isso de lado. Platão seria um porco-espinho; Aristóteles, uma raposa. Dante, porco-espinho; Shakespeare, raposa. Dostoiévski e Nietzsche, ambos porcos-espinhos; Goethe e Joyce, belas raposas. 

Segundo “Good to Great”, a alta performance estaria associada com um foco estreito bem-definido e sua perseguição obstinada de forma disciplinada. As companhias verdadeiramente bem-sucedidas, aquelas que estavam no topo, eram porcos-espinhos! A prescrição, portanto, era óbvia, de acordo com o próprio autor: ora, se as empresas do pódio são porcos-espinhos, seja um porco-espinho. 

Estaria correto o raciocínio? 

Vamos dar um passo atrás. Pensemos na seguinte situação: eu e você vamos a um cassino e observamos os maiores vencedores da noite. Se nós olharmos para os grandes ganhadores de dinheiro daquele dia e investigarmos com profundidade suas estratégias, o que provavelmente vamos encontrar? Basicamente, um grupo de sujeitos que apostou quantias grandiosas e concentradas na ocorrência de eventos de baixa probabilidade (ex-ante) que, por alguma atuação da Providência, acabaram se materializando (ex-post). Essa é a forma de uma minoria se destacar frente à grande multidão. Eram porcos-espinhos apostando em poucas coisas. As raposas dificilmente vão estar lá entre os 5% mais aptos, porque elas diversificam suas apostas, espalham entre várias possibilidades.

A estratégia da minoria vencedora deve ser perseguida? Seria essa uma postura adequada para adotarmos nos cassinos? Qual o problema aqui? 

O fato de termos encontrado, sei lá, dez porcos-espinhos no topo não significa que, na média, os porcos-espinhos superem as raposas. Estamos enxergando somente os vencedores, esquecendo-nos do claro viés de seleção, sem contemplar todos os outros porcos-espinhos que perderam seu dinheiro por concentrá-lo em apostas arriscadas. O cemitério dos fracassados não está aí para contar história. Na média, é muito provável que as raposas, no geral, tenham superado os porcos-espinhos, mas nós não estamos observando os porcos-espinhos derrotados. Isso acontece porque as raposas foram mais prudentes e evitaram grandes fracassos e prejuízos, enquanto os porcos-espinhos correram riscos demais — claro que, ao correr muitos riscos, um pequeno percentual acaba sendo ultra bem-sucedido, o que não significa que devemos correr muitos riscos. 

No caso específico de “Good to Great”, de um universo de 1.435, tivemos 11 “great companies” selecionadas por Collins, os porcos-espinhos vencedores. Mas do resto de 1.424 empresas, quantos porcos-espinhos morreram por focar em estratégias que se provaram inadequadas? E desses mortos, quantos poderiam ter sobrevivido se tivessem diversificado entre várias possibilidades? 

Parece razoável supor que, na média, companhias que são resilientes, adaptáveis, abertas a novas ideias e menos rígidas tendem a ter desempenho melhor do que as demais, muito focadas num único princípio e numa visão de mundo.  

O erro de Jim Collins foi ter julgado do resultado final para o começo. Trazendo para nosso cotidiano, o investidor mais bem-sucedido da última década, excluindo aqui a possibilidade de alavancagem, foi aquele que concentrou 100% do seu patrimônio em bitcoin. O porco-espinho das criptomoedas, do “good to great” em poucos anos. Agora pergunto: a estratégia do nosso querido hedgehog lhe parece apropriada? Você gostaria de replicá-la para si mesmo? Acha razoável? 

Essa mensagem é especialmente válida para investidores em começos de ano, quando eles são bombardeados com a elaboração de rankings das mais variadas naturezas, feitos por suas corretoras, pelos seus bancos ou mesmo pelas suas empresas de pesquisa favoritas (desculpem-nos por isso!). O investidor que lidera o ranking é possivelmente alguém cuja gestão de risco não está devidamente calibrada. Ele se concentrou num determinado ativo cuja probabilidade de sucesso era baixa e acabou dando certo. 

Talvez o leitor mais atento possa contra-argumentar dizendo que, embora as chances de ser um porco-espinho bem-sucedido sejam reais e obviamente menores, o payoff de seu sucesso, em tempos de organizações exponenciais e retornos convexos, é tão grande que vale a pena correr o risco. De fato, é um ótimo ponto, mas, em nenhum momento, nem de perto, foi essa a interpretação e, mais, a prescrição de Jim Collins. Ele não afirma que as empresas devem adotar esse caminho, apesar de seus riscos. Collins não fala que o retorno potencial de uma estratégia concentrada e focada é alto a ponto de compensar a menor chance de sucesso. Aliás, muito pelo contrário. A lição passada é justamente que qualquer companhia pode se tornar “great” sendo focada e persistente, que o sucesso não é uma questão de circunstância e que o caminho, quando percorrido adequadamente, é inexorável. E aí mora o perigo! 

Críticas a Jim Collins à parte — afinal, elas não são o real objetivo disto aqui —, há alguma forma de evitar os riscos excessivos da estratégia do porco-espinho sem abrir mão dos payoffs avassaladores típicos da era das organizações exponenciais e dos retornos convexos? 

Quem melhor resumiu o ponto foi a gestora Atmos em carta aos cotistas, com seu brilhantismo e sua erudição costumeiros (sim, rigor epistemológico faz diferença em termos de retorno no longo prazo e esses caras, junto com a Dynamo, talvez sejam os melhores nisso): “Expressar tais apostas binárias com valor esperado elevado de forma pulverizada dentro do portfólio pode ser uma alternativa interessante ao paradigma falsificacionista puro”. 

Pode parecer complicado colocado assim fora de contexto, mas em português seria mais ou menos o seguinte (tradução livre minha e, portanto, provavelmente mal-feita): diante de um mercado informacionalmente eficiente em geral, de um ambiente inexoravelmente permeado pela incerteza e de um mundo com retornos exponenciais e convexos, espalhe suas apostas em vários ativos com valor esperado alto. Alguns deles vão dar certo, outros vão dar errado. No final, você sai vencedor. 

Bem-vindo ao novo value investing.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem mais de 1% com medo da recessão global enquanto Ibovespa aguarda inflação

11 de outubro de 2022 - 7:38

Recessão deve ser tema do encontro de hoje dos representantes do FMI com os dirigentes do Banco Mundial

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais aguardam payroll e Ibovespa mira dados do varejo hoje

7 de outubro de 2022 - 7:47

Os investidores locais ainda aguardam a participação de Roberto Campos Neto em evento fechado à imprensa pela manhã

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Eleições pressionam Ibovespa enquanto bolsas no exterior aguardam ata do BCE e dados de emprego nos EUA

6 de outubro de 2022 - 7:39

Os investidores aguardam os números de emprego nos Estados Unidos antes do payroll de sexta-feira

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Ibovespa acompanha corrida eleitoral enquanto bolsas no exterior realizam lucro antes da reunião da Opep+

5 de outubro de 2022 - 7:51

Os investidores aguardam os números de emprego nos Estados Unidos antes do payroll de sexta-feira

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais estendem rali de alívio e Ibovespa reage às eleições mais um dia

4 de outubro de 2022 - 7:25

Os investidores acompanham as falas de representantes de Bancos Centrais hoje; Christine Lagarde e Janet Yellen, secretária de Tesouro dos EUA são destaque

SEGREDOS DA BOLSA

Esquenta dos mercados: Ibovespa digere eleição e nova configuração do Congresso; bolsas no exterior recuam à espera dos dados da semana

3 de outubro de 2022 - 7:26

Os dados de emprego dos Estados Unidos dominam a semana enquanto os investidores acompanham reunião da Opep+

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Ibovespa digere debate quente da Globo, mas deve embarcar na alta das bolsas internacionais hoje

30 de setembro de 2022 - 7:46

O índice de inflação dos Estados Unidos é o número mais importante do dia e pode azedar a alta das bolsas nesta manhã

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas lá fora ampliam cautela enquanto Ibovespa aguarda debate e relatório da inflação do BC hoje

29 de setembro de 2022 - 7:48

O medo do exterior pressiona as bolsas por mais um dia: a perspectiva de um aperto monetário maior e mais longo injeta aversão ao risco nos investidores

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem antes de falas de Jerome Powell e dirigentes do Fed; Ibovespa acompanha Campos Neto e Guedes hoje

28 de setembro de 2022 - 7:40

Por aqui, a última rodada da pesquisa Genial/Quaest antes do primeiro turno das eleições presidenciais mostra chances de que Lula ganhe no primeiro turno

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais tentam emplacar alta com busca por pechinchas; Ibovespa acompanha ata do Copom hoje

27 de setembro de 2022 - 7:34

A prévia da inflação brasileira será divulgada na terça-feira e o IPCA-15 deve registrar deflação mais uma vez

SEGREDOS DA BOLSA

Esquenta dos mercados: Semana das bolsas internacionais começa no vermelho com cautela global; Ibovespa acompanha reta final das eleições

26 de setembro de 2022 - 7:45

A prévia da inflação brasileira será divulgada na terça-feira, enquanto o PCE, índice cheio dos EUA, é a bola da vez na sexta-feira

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Investidores recolhem os cacos da Super Quarta com bolsas internacionais em queda; Ibovespa reage ao Datafolha

23 de setembro de 2022 - 7:40

Os investidores reagem hoje aos PMIs de grandes economias, como Zona do Euro, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem em ajuste após Fed apertar os juros; com Selic estável, Ibovespa reage à comunicado do BC

22 de setembro de 2022 - 7:50

Enquanto isso, os investidores aguardam as decisões de juros de outros bancos centrais, em uma Super Semana para as bolsas

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais aguardam decisões de juros da Super Quarta; Ibovespa acompanha eleições mais um dia

21 de setembro de 2022 - 7:45

A decisão dos Bancos Centrais do Brasil e dos Estados Unidos são os dois grandes eventos do dia e você confere o que esperar deles aqui

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Ibovespa deve destoar do exterior com eleições no radar enquanto bolsas internacionais seguem no vermelho mais um dia

20 de setembro de 2022 - 7:42

Os investidores aguardam a ‘Super Quarta’, com perspectiva de que os Bancos Centrais elevem os juros ainda mais

SEGREDOS DA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais e criptomoedas recuam antes da Super Quarta; Ibovespa acompanha queda de commodities

19 de setembro de 2022 - 7:47

Antes do dia da decisão dos Bancos Centrais dos EUA e do Brasil, os investidores adotam uma postura mais defensiva frente aos ativos de risco

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caminham para fechar semana no vermelho e Ibovespa acompanha queda

16 de setembro de 2022 - 7:44

Os investidores aguardam a ‘Super Quarta’ na semana que vem, com perspectiva de que os Bancos Centrais elevem os juros ainda mais

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Cautela prevalece e bolsas internacionais acompanham bateria de dados dos EUA hoje; Ibovespa aguarda prévia do PIB

15 de setembro de 2022 - 7:42

As bolsas no exterior tentam emplacar alta, mas os ganhos são limitados pela cautela internacional

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Depois de dia ‘sangrento’, bolsas internacionais ampliam quedas e NY busca reverter prejuízo; Ibovespa acompanha dados do varejo

14 de setembro de 2022 - 7:44

Os futuros de Nova York são os únicos que tentam emplacar o tom positivo após registrarem quedas de até 5% no pregão de ontem

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem em dia de inflação dos EUA; Ibovespa deve acompanhar cenário internacional e eleições

13 de setembro de 2022 - 7:37

Com o CPI dos EUA como o grande driver do dia, a direção das bolsas após a divulgação dos dados deve se manter até o encerramento do pregão

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar