O saci à solta nos mercados

Não sei dizer exatamente quando nem quem tomou a iniciativa de importar dos países anglófonos a celebração do Halloween, o Dia das Bruxas.

O fato é que desde que as crianças brasileiras começaram a sair fantasiadas pedindo doces no último dia de outubro houve uma série de tentativas de “tropicalizar” o evento.

Embora não seja um grande fã da adoção de costumes estrangeiros, também sou contra a criação de tradições “na marra”, como foi o caso do inusitado projeto do Dia do Saci.

Mas o personagem do nosso folclore, conhecido por fazer travessuras e provocar sustos, bem que podia ganhar o vocabulário popular.

Por exemplo, poderíamos substituir a bruxa e dizer que “o saci está à solta” quando as coisas dão subitamente errado. Inclusive esta é a melhor maneira de descrever o comportamento do mercado financeiro nesta sexta-feira.

O Ibovespa levou um tombo de quase 3% e até mesmo o dólar, que deveria servir de proteção, fechou em queda, como você pode ler na nossa cobertura de mercados.

A bruxa (ou saci) à solta na bolsa também foi o tema do nosso podcast Touros e Ursos. A Julia Wiltgen, o Felipe Saturnino e eu comentamos ainda o “truco” do mercado e a resposta do Banco Central com a decisão de manter os juros. Você pode assistir no YouTube ou ouvir no Spotify.

EMPRESAS

• Um prejuízo bilionário nem sempre é uma má notícia. Que o diga a Suzano. A produtora de papel e celulose registrou perda de R$ 1,1 bilhão, mas teve o balanço elogiado pelo Credit Suisse, que recomenda a compra das ações. 

• Ânima e Ser fecharam um acordo para encerrar a briga pelos ativos da Laureate. As companhias decidiram dividir parte do portfólio, com a Ser recebendo duas faculdades e com opção de compra de mais três instituições. Conheça os detalhes.

• Em plena era do e-commerce, a varejista de eletroeletrônicos Fast Shop vai inaugurar uma loja conceito idealizada pelo arquiteto japonês Kengo Kuma - o mesmo que projetou a Japan House, na Avenida Paulista. Veja o que está por trás da estratégia. 

ECONOMIA

• Os efeitos da covid-19 continuam dar as caras na economia real. O desemprego bateu mais um recorde no trimestre encerrado em agosto, com a taxa divulgada pelo IBGE chegando 14,4%. Confira o número de desempregados no país. 

• A disparada da inflação dos alimentos e o corte pela metade do auxílio emergencial já reduziram em até 10% as vendas das redes de atacarejos nas últimas semanas. Nos supermercados, o movimento se repete. 

• Os gastos com a pandemia aumentaram o rombo das contas do governo. O setor público teve déficit primário de R$ 64,5 bilhões em setembro, segundo o Banco Central. É um recorde negativo da série histórica, que começou em 2001.

COLUNISTAS

• A CVM e a bolsa liberaram na semana passada o investimento direto em gigantes como Google, Amazon e Apple por meio dos BDRs. Você também pode ter exposição às ações internacionais via fundos, mas será que vale a pena? A Ana Westphalen traz a resposta.