🔴 +30 RECOMENDAÇÕES DE ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – VEJA AQUI

A eutanásia do rentista

Ainda não vivemos um momento inflacionário, muito pelo contrário, vivenciamos um período deflacionário. As taxas de juros estão baixas, mas a taxa de juro real ainda é positiva

2 de julho de 2020
11:15 - atualizado às 14:39
Fonte: Shutterstock -

Hoje, eu quero falar com você sobre a eutanásia do rentista. Esse tema veio à minha mente muito em função do fato de que venho ouvindo a biografia do Paul Volcker, presidente do Federal Reserve (Banco Central dos EUA) entre 1979 e 1987.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Paul Volcker ficou famoso por tirar os Estados Unidos de um processo inflacionário iniciado na década de 1970, período marcado justamente pela eutanásia do rentista, quando a taxa real de juro ficou negativa.

Antes, vale a pena passar pelos dez anos que antecederam essa ruptura, quando ocorreu o fim do padrão-ouro.

Em agosto de 1971, houve uma ruptura nos EUA e no mundo durante o governo Nixon, na qual os Estados Unidos abandonaram o que foi acordado lá em 1944 no pós-guerra no tratado de Bretton Woods, que colocou o dólar como reserva de valor global.

No padrão-ouro, o dólar mantinha um câmbio fixo com ouro, com uma taxa de 35 dólares por onça do metal precioso. Essa conversão, viva até agosto de 1971, já estava ameaçada desde o início dos anos 1960.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Paul Volcker relata tal ameaça de uma forma muito interessante, pela seguinte constatação: já ocorria um desequilíbrio anterior nos EUA pelos gastos excessivos com programas espaciais e com a Guerra do Vietnã. Ao mesmo tempo, países como o Japão e Alemanha registravam fortes ganhos de produtividade.

Leia Também

Então, já era possível observar uma demanda de diversos bancos centrais que queriam vender seus dólares em troca de ouro.

E, durante esse período, as reservas (o passivo americano), só crescia. Paul Volcker comenta o desequilíbrio constantemente no início da sua biografia, por avaliar o descompasso como uma bomba-relógio, que deveria ser desarmada em algum momento. Até que chegou ao ponto, lá em 1971.

E a transição não foi tranquila, até porque o governo tentou evitar esse problema de todas as formas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas por que é que eu estou falando sobre isso?

Um dia a conta chega

Ainda não vivemos um momento inflacionário, muito pelo contrário, vivenciamos um período deflacionário. As taxas de juros estão baixas, mas a taxa de juro real ainda é positiva.

Em contrapartida, é bem provável, de acordo com os relatos de Lacy Hunt – um dos maiores especialistas em política monetária do mundo – que em breve, não em um curtíssimo prazo, poderemos ver um período inflacionário.

E é neste ponto que mora a tal da eutanásia do rentista, porque, hoje mesmo, no momento em que eu escrevo a newsletter, o Fed – em sua ata – relatou estar estudando uma política de manipulação da curva de juros, algo conhecido em inglês como yield curve control.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda ocorre um debate muito sério no processo decisório, mas provavelmente o governo não terá outra saída. Até porque todos os países estão extremamente endividados.

Imagine agora o Fed, por exemplo, voltar com uma taxa de juros para algo como 3% ou 4%. Só o custo da dívida já afundaria o país, colocando-o em dominância fiscal. O mesmo ocorre aqui no Brasil, que também está vendo a sua dívida explodir.

Hoje, vivemos num mundo no qual há uma busca desenfreada por ativos que apresentam um potencial de crescimento no longo prazo.

Mas, na verdade, a história nos mostra que períodos de taxas de juros mais baixas, ao invés de proporcionar ganhos de produtividade, representam algo diferente: uma maior especulação financeira, um maior nível de alavancagem e uma expansão da relação entre preço e lucro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Eu, que sou veterano do mercado, já vi momentos em que a bolsa negociava com relações de P/L (Preço sobre Lucro) bem baixas, cinco, seis, sete vezes…

Naturalmente, era um período de taxas de juros mais elevadas. Contudo, observando agora empresas negociando com múltiplo P/L de 50 vezes, acredito ser uma aberração: acho que vivemos uma febre especulativa.

Tivemos um período peculiar com um enorme fluxo, não de recursos pelo Brasil, mas através de uma entrada imensa de investidores ociosos em suas casas e que vieram para a bolsa.

Isso ocorreu não só no Brasil, mas nos Estados Unidos também. Há papéis que estão subindo completamente desconectados da economia real, pelo menos a meu ver.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Inflação de custos como grande ameaça

Neste ano houve uma regulação chamada IMO 2020, praticamente ignorada pela mídia, pela qual o comércio marítimo, que representa 90% do comércio global, encareceu.

O IMO 2020 foi uma regulação que exigiu mudanças no combustível, com redução do dióxido de enxofre. Para cumprir com a obrigação, os navios e as operadoras tiveram, ou estão tendo que arcar, com um custo muito elevado, e este custo vai ser repassado para o consumidor.

Além disso, fala-se muito de questões ligadas ao meio ambiente, que aumentam os custos de produção e incorrem em processo inflacionário.

Discutem-se também mudanças na cadeia de suprimentos, com empresas saindo da China e voltando para os Estados Unidos, saindo da China e indo para Vietnã. Tudo isso tende a ter uma contribuição inflacionária.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quero chamar sua atenção para isso porque, a partir do momento em que existe convergência para um período de maior inflação (e isso eventualmente ocorrerá), o mais provável é ocorra compressão nestes múltiplos P/L.

Muitos olham para trás, para algo que ocorreu nos EUA, principalmente durante a década de 1980, o período do Paul Volcker, e observam grande expansão, extensa valorização do índice S&P 500, e dizem que é possível algo semelhante ocorrer no Brasil.

Não estou aqui para falar que não seja possível, mas é importante notar que o grande motor de valorização naquela época, além de ganhos de produtividade, foi sim a chegada do baby boomer ao mercado de trabalho.

Este evento demográfico, que ocorreu nos EUA, não está para acontecer aqui e em nenhum lugar no mundo. Na verdade, caminhamos em direção ao fim do bônus demográfico.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Então fica essa dica: prepare-se para a eutanásia do rentista.

Aproveito para indicar que você veja neste link produtos que podem te ajudar nesse novo cenário dos seus investimentos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje

9 de dezembro de 2025 - 8:17

Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?

9 de dezembro de 2025 - 7:25

Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade

RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje

3 de dezembro de 2025 - 8:24

Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

2 de dezembro de 2025 - 8:16

Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje

27 de novembro de 2025 - 8:23

Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

27 de novembro de 2025 - 7:49

Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?

26 de novembro de 2025 - 19:30

Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje

26 de novembro de 2025 - 8:36

Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado

25 de novembro de 2025 - 8:20

Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar