Como situações da vida se assemelham ao comportamento dos mercados e dos investidores
Entre evoluções e involuções, de uma fase à outra, parece-me que tanto as fases de pânico como a de fuga para liquidez ajudam a compreender muito das oportunidades que ainda existem no mercado
“A maioria das pessoas no mercado está olhando para os resultados corporativos e métricas convencionais. [Mas] É a liquidez que move os mercados” - Stanley Druckenmiller
Final de campeonato.
Após uma partida muito ruim fora, seu time do coração leva para casa uma derrota magra, 1 a 0.
“Perfeitamente reversível”, você logo pensa.
Chega o dia do jogo e para não perder nenhum minuto você chega 2 horas antes no estádio. Procura com calma a cadeira sinalizada no ingresso, enquanto vê lentamente a massa preencher os espaços vagos.
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Começa a partida.
Primeiro tempo... nada.
Metade do segundo... nada.
Você olha para o telão do estádio e o coração começa a bater mais rápido. 0 a 0.
Liga a tela do celular para ver o horário, são 23:40. Coração bate ainda mais rápido.
Torna a olhar para o campo e vê de rabo de olho quando o assistente de lado de campo ergue a placa de acréscimo: 7 minutos.
“Não vai dar tempo”, pensa.
Estático, você percebe comportamentos claramente ambivalentes.
Enquanto os pessimistas começam a subir as arquibancadas para pegar o metrô aberto, os otimistas pulam e vibram mais do que nunca, extravasando todo sentimento de pertencimento.
Nesta fração de segundo é como se você acreditasse sem acreditar. Como se estivesse comprado até os tubos em Bolsa, achando que o mercado ia cair.
De repente, acontece. Juiz coloca o apito na boca, o silêncio toma conta do estádio e, ainda sem entender a situação, você volta a realidade quando o cara do lado toca no seu ombro pedindo passagem.
Liga a tela do celular novamente e percebe: 10 minutos para o metrô fechar. Olha para o lado e vê pelo menos 40 mil pessoas tentando sair ao mesmo tempo.
Agora, só lhe resta esperar.
Bom, talvez essa seja exatamente a história que muitos investidores terão de contar sobre 2020.
Assim como em 2008, a crise de 2020 não foi uma morte súbita, não aconteceu do nada. Antes dos mercados caírem vimos a evolução da crise na China, sinalizações de altos prêmios em Bolsa, enfim.
Tivemos tempo de refletir sobre os riscos. Aqueles 7 minutos, lembra?
Era o tempo suficiente.
Falando assim até parece fácil, mas claro que aqui tenho o benefício da análise histórica para concluir que deveríamos ter subido as arquibancadas junto aos pessimistas.
Mas e se aquela bola tivesse entrado? Pois é...
Acho intrigante quando Stan Druckenmiller coloca em perspectiva essa questão de fluxo e fundamento.
“É a liquidez que move o mercado”.
Note que esta é uma afirmação válida apenas para comportamentos de curto prazo, caso contrário Telebrás ainda seria uma das maiores exposições da Bolsa brasileira.
Falando assim, de forma tão objetiva, dá a entender que os fundamentos de uma empresa ou fundo imobiliário (digo, sua capacidade de geração de caixa, qualidade dos ativos, margens e competitividade) não possuem relevância em sua precificação.
Bom, sabemos que isso não é verdade.
Por outro lado, essa afirmação nos ajuda a entender que a preferência por liquidez no curto prazo, especialmente em momentos de estresse, faz com que o mercado deixe de lado os fundamentos e gere distorções claras entre preço e valor.
E se engana quem pensa que esses movimentos grandes de irracionalidade não se corrigem em um espaço também curto.
As 5 fases do mercado em qualquer crise
Vamos tomar a crise do novo coronavírus como exemplo.
Primeiro, tivemos a Fase de Pânico. Depois, entendo que seguimos da seguinte forma:
- Fuga para liquidez: se o gringo é quem faz volume aqui, quando voltar quero estar junto com ele em Petrobras, Vale, Itaú, enfim, em blue chips;
- Fixações temáticas: bora para os setores que devem se dar bem com a crise do coronavírus;
- Acesso a arbitragens de valor: diante das últimas fases, o que ficou para trás? Uma administradora de shoppings deveria cair tanto quanto uma de aviação?
- Relativa eficiência: nesta última fase, os fundamentos já voltam à pauta, a volatilidade arrefece e as grandes distorções são corrigidas.
Entre evoluções e involuções, de uma fase à outra, parece-me que tanto as fases de pânico como a de fuga para liquidez ajudam a compreender muito das oportunidades que ainda existem no mercado.
Na crônica que abre a edição, o pânico está para o apito do juiz, assim como a fuga para liquidez está para a muvuca ao sair do estádio.
E onde estamos agora?
Diria que ainda estamos na fase de acesso a arbitragens, já que ainda é possível encontrar várias distorções em termos de precificação, especialmente entre as blue chips e as demais empresas listadas.
Quer um exemplo, olhe só esse gráfico:
Agora olhe esse aqui:
Veja que, do começo da crise até a recuperação parcial recente, o Ibovespa tem superado o desempenho do índice de boas pagadoras de dividendos, o IDIV.
Uma amostra da preferência de curto prazo dos investidores por liquidez e por empresas de maior valor de mercado.
No entanto, se olharmos em qualquer janela mais ampla de tempo é possível notar que o IDIV performou bem melhor do que o Ibovespa. Desde a sua criação, o retorno é quase duas vezes maior.
Não tenho dúvidas de que alguns setores já exibem nas cotações um otimismo destacado. O seu foco, no entanto, tem de estar nas discrepâncias que continuam aí.
Foque nos grandes movimentos, de meses e anos e não em pequenas tacadas de dias ou semanas.
Uma boa opção para surfar essa distorção que citei é comprando o ETF DIVO11, que persegue a rentabilidade do índice de dividendos.
Ou, se quiser embarcar comigo, posso te mostrar algumas companhias que acredito que trarão ainda mais retorno aos acionistas nos próximos anos.
Não é sobre aqueles 7 minutos, é sobre o que vem depois.
Aproveito para indicar aqui sua cópia física do livro "30 Lições de Mercado", você não vai querer perder essa oportunidade de ter a obra definitiva do Ivan Sant'Anna na sua estante ou cabeceira.
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