Você perdeu dinheiro com as debêntures da Rodovias do Tietê?
Há uma chance rara de se recuperar boa parte do dinheiro investido nessas debêntures e corrigir ao menos parte dessa triste história
Você é debenturista de Rodovias do Tietê?
Se sim, provavelmente perdeu dinheiro, certo? Então, vamos conversar sério hoje. Afinal, prejuízos, em especial desse tamanho e por essas razões, são coisas para lá de sérias.
Permita-me a ousadia de subverter a ordem e hoje começar pela conclusão: o caso envolvendo a emissão e a distribuição dessa debênture, com todos seus desdobramentos, é uma das maiores demonstrações dos conflitos de interesse e de desrespeito aos investidores de varejo da história do mercado de capitais brasileiro.
Venderam um sonho irreal interessados em sua própria remuneração, uma noiva linda de retornos certos e gordos que dependia de um cenário altamente improvável — talvez o termo preciso fosse “impossível”.
Empurraram esse negócio em todo investidor pessoa física do planeta Terra, atrás de vantajosas comissões — são 18 mil debenturistas! — enquanto as mesmas instituições descarregavam as debêntures de seus fundos próprios, já tendo percebido o problema. “Comprem o que nós estamos vendendo.”
O tempo passou, as dificuldades ficaram públicas e cristalinas. Quando quiseram, marcaram a debênture a zero, levando a perdas expressivas para o investidor (não para eles, claro!), e agora sugerem tacitamente que você aceite uma oferta a 18% do valor de face do título, sendo que, conforme ficará claro nos próximos passos, isso pode valer até 50%, talvez 60% do valor de face no caso mais positivo.
Leia Também
A polarização do mercado financeiro, criptomoedas fecham semana no vermelho e outros destaques
Além do yin-yang: Vale a pena deixar os fundos para investir em renda fixa?
Em resumo, os debenturistas de Rodovias do Tietê foram maltratados do início ao fim do processo, sendo explorados por forças obscurantistas, fragilizados por sua posição do lado desfavorável da assimetria de informação.
No fim do dia, a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco. Onde falta transparência sobre os incentivos e remunerações sobra espaço para apropriação indébita alheia.
Todos ganharam dinheiro nessa brincadeira. Os controladores colocaram a debênture numa taxa não condizente com seu perfil de risco de crédito. A máquina de moer carne da indústria financeira montou uma bela apresentação, em roadshows feitos na época em que o Cristo Redentor decolava na capa da Economist.
Era relativamente fácil contar a história de que o PIB brasileiro cresceria 4% ao ano para sempre, sem nenhuma volatilidade, o que inexoravelmente viria a se transformar numa explosão do tráfego na concessão, dada sua incontestável elasticidade ao PIB.
A sólida geração de caixa estava contratada ad infinitum . Combinando ao capex projetado claramente subestimado, seria fácil arcar com os serviços da dívida. O risco da debênture era baixíssimo, claro — “afinal, isso é renda fixa!”
Como mostra o prospecto da emissão dessa debênture, só em comissões de estruturação e distribuição foram pagos mais de R$ 60 milhões, o que equivale a cerca de 6% do valor da oferta.
Planilha aceita qualquer coisa. Ela se molda às suas próprias motivações. Já a realidade morde. Não costuma muito se adequar aos seus interesses particulares. Se suas ideias não correspondem aos fatos, desconfio não ser um problema dos fatos.
Como todos sabemos a essa altura, logo a capa da Economist seria outra. Nós estragamos tudo. O crescimento do PIB não foi, nem de perto, o que se esperava (talvez em módulo!), o tráfego vinha sempre muito aquém das projeções iniciais e o capex surpreendia para cima. Deu no que deu. Não havia mais meios de arcar com o serviço da dívida. Rodovias do Tietê se viu em situação pré-falimentar e entrou com pedido de recuperação judicial.
Por conta da declaração do vencimento antecipado da dívida da empresa, uma importante corretora marcou o preço das debêntures a zero, pegando de surpresa alguns de seus investidores (perceba que há neste momento uma oferta na mesa, divulgada pela mesma corretora a seus clientes, no valor de 18% do valor de face).
Entra em cena o agente autônomo de investimentos, também conhecido com o nome mais chique de assessor. Este não quer perder tempo com um ativo que só remete o cliente a problemas e para o qual toda sua comissão foi paga na cabeça, seja na forma de comissão de colocação quando da oferta primária, seja via spread no mercado secundário.
Parece conflito de interesses? E o que dizer dos fundos da asset do grupo que se desfizeram dessas debêntures muito antes, a preços muito mais elevados e enquanto a corretora os despejava no varejo? O entendimento dessa corretora — a rigor, desprovido de diligente pesquisa — era de que o caminho para a recuperação judicial seria rápido e fácil. Os controladores e gestores apresentariam um plano crível e favorável aos credores e ao juiz do processo. Esse seria rapidamente aceito e teríamos retomado algum dinheiro da aplicação de volta.
Não poderia ser mais impreciso. Não existia qualquer sinalização concreta por parte dos controladores de que seria apresentado um plano crível e favorável aos credores.
E se havia alguma esperança de uma solução rápida pela via da recuperação judicial, ela se esvaiu no último dia 7 de fevereiro, quando os assessores dos debenturistas (Starboard e Felsberg) foram informados por interlocutores da Rodovias do Tietê (Munhoz e Laplace) que a empresa não seguiria com uma proposta em termos semelhantes àqueles anteriormente apresentados em assembleia de debenturistas — adaptei um pouco o texto original do release da corretora aos debenturistas, que falava em “nos mesmos termos semelhantes”; afinal, ou são os mesmos termos ou são semelhantes.
Em bom português, os termos piorariam aos debenturistas. Viria uma proposta leonina aos credores e a ideia de aceitação do plano de recuperação judicial de forma rápida e simples foi por água abaixo. Os controladores atuais não estão mais dispostos a colocar mais dinheiro na companhia, sendo que há uma imperiosa necessidade de injeção de cerca de R$ 400 milhões. E os controladores não se oporiam a uma venda da empresa por R$ 1. As medidas frustram por completo as esperanças otimistas sobre o processo iminente de recuperação judicial.
Mais uma vez, os debenturistas ficam em situação ruim, sem chance de recuperar significativamente parte de seu investimento pela via da recuperação judicial. A rigor, eles estão sozinhos e sem auxílio nesta caminhada. Ainda que formalmente haja os assessores formais, ninguém está, de fato, organizando e lutando pelos interesses dos debenturistas.
De um lado, temos um grupo coeso e organizado, disposto a maximizar seu valor. De outro, 18 mil debenturistas difusos e desorganizados, incapazes, claro, de se articular para pleitear o que lhes é de direito em prol da maximização de seu próprio valor.
Para que isso seja possível, mais do que nunca, é fundamental aos debenturistas, caso eles tenham a intenção de ganhar algum dinheiro neste processo, coesão, organização e articulação, o que daria poder de fogo para enfrentar os controladores e gerar valor para si.
Depois dessa sequência de más notícias e da triste história, felizmente hoje temos algo positivo, uma alternativa viável para os debenturistas recuperarem parte importante de seu dinheiro investido — quem sabe até saírem ganhadores em termos líquidos para alguns casos.
Numa iniciativa heroica, a Journey, em parceria com a Vitreo, está lançando um fundo para reunir os debenturistas e, organizadamente, com grande representação nas assembleias e nos demais passos seguintes, lutar pelos interesses dos credores. Nós estamos aqui também tentando dar uma pequena contribuição, difundindo essa mensagem e facilitando o acesso ao fundo na Vitreo.
Importante dizer: o fundo não cobra nenhuma taxa de administração; apenas os custos do fundo. Só haverá lucro para a Journey ou para a Vitreo no caso de sucesso para os próprios debenturistas, via taxa de performance. Isso, aliás, foi tratado formalmente pela Journey com a CVM, que também entendeu ser essa a forma mais alinhada com o debenturista.
Segundo nossos cálculos, caso o processo seja bem-sucedido, essa debênture pode vir a ser cotada entre 50% e 60% de seu valor de face, gerando ganhos importantes para os debenturistas frente aos preços atuais — se você considerar ainda que isso foi marcado a zero, seria um golaço.
Então, o recado deste Exile on Wall Street é claro e direto: debenturistas de Rodovias do Tietê, uni-vos! Há uma chance rara de se recuperar boa parte do dinheiro investido aqui e corrigir ao menos parte dessa triste história. Recomendo fortemente que você participe disso.
Para fazer parte dessa história e ter a possibilidade de maximizar seu valor envolvendo todo esse processo, basta se cadastrar neste link. Ele explica todos os detalhes do fundo e como você pode integralizar suas debêntures, além de te manter informado sobre todos os próximos passos envolvendo a Rodovias do Tietê.
QUERO TER A OPORTUNIDADE DE RECUPERAR PARTE DO DINHEIRO INVESTIDO NAS DEBÊNTURES
Abaixo, com a maior transparência possível, trago informações sobre o plano da Journey para maximizar valor aos debenturistas. Para mim, é o melhor, disparado, entre todos os ventilados sobre a questão. Assim, ficamos todos alinhados.
A estratégia é partir em pelo menos três frentes em paralelo, colocando os debenturistas à frente do processo e buscando tirar a companhia e os seus acionistas da zona de conforto (que é natural em um processo de RJ, já que a Companhia tem 180 dias de proteção judicial e só ela pode apresentar um plano).
A estratégia do devedor em situações de reestruturação passa por (i) gerenciar o fluxo de informações, muitas vezes limitando acesso e (ii) se aproveitar da falta de coordenação entre credores (o que é facilitado com 17 mil credores listados no processo) para criar uma sensação de insegurança nos credores.
O medo de uma falência não raro leva credores a aceitarem planos com condições muito desfavoráveis aos seus próprios interesses e que acabam por transferir aos acionistas muito valor que deveria ser dos credores. Por isso é fundamental um time com experiência em situações similares que lidere de fato o processo para fazer o contraponto frente à narrativa da Companhia e seus acionistas e atrair players para competir pelo controle do ativo.
O principal objetivo nesta etapa é criar alternativas para a troca de controle da Companhia. Esta é a única forma de tirar o acionista atual da zona de conforto.
Neste sentido, atuaríamos com três principais frentes de trabalho em paralelo e a alternativa que se mostrar mais favorável seria implementada ao final do processo.
Um grupo coeso que controle o quórum decisório das assembléias de credores poderá, de maneira efetiva, instruir Pentágono e assessores no caminho estratégico a ser adotado. As três frentes são:
- Contactar uma equipe de gestão interina que possa assumir a operação da Companhia para (i) estabilizar a operação, (ii) levantar os recursos necessários e (iii) fazer os investimentos exigidos pelo regulador (Artesp). Essa equipe assumiria a Companhia após a execução da garantia de ações (100% das ações da CRT está alienada fiduciariamente aos debenturistas). O aporte de recursos seria feito em forma de um empréstimo DIP (que pode ser concedido pelo próprio fundo que concentrar os debenturistas, alavancando ainda mais os retornos na operação). As debêntures existentes seriam reperfiladas, com alongamento de prazo de vencimento e redução de juros de forma a encaixar os pagamentos de principal e juros na capacidade efetiva de geração de caixa da Companhia. Para essa frente, já há uma equipe de gestão identificada. Após a conclusão do processo de saneamento e estabilização da operação, a Companhia seria vendida a um player estratégico. Os debenturistas ganhariam com retomada do valor de seus créditos reestruturados, acrescido de algum retorno com a valorização e venda das ações. Aqueles que consigam estender o DIP teriam um maior retorno e uma parcela superior no equity.
- Contactar players estratégicos e buscar propostas para a compra imediata da Companhia. A venda poderia ser feita via um acordo com os acionistas atuais (caso estes estejam de fato dispostos a vender a empresa por zero) ou via execução de garantias com posterior leilão judicial. Os compradores estratégicos só assumirão a empresa com a dívida das debêntures já reestruturada. Os recursos para capex imediato podem vir do comprador ou de novo financiamento (ou uma combinação de ambos), a depender do comprador e das condições de compra. Já ocorreram conversas preliminares e há interesse de alguns players estratégicos.
- Contactar fundos de private equity interessados em assumir o equity da Companhia. Há fundos interessados. Esta tende a ser a alternativa “mais cara” aos debenturistas, já que estes fundos irão demandar um retorno sobre o capital investido bastante alto em comparação aos players estratégicos. Mas em processos complexos como este é fundamental explorar todas as alternativas e criar um ambiente competitivo entre interessados no ativo para maximização de seu valor.
Estas frentes serão desenvolvidas em paralelo ao processo de negociação com a Companhia, no qual a Pentágono e seus assessores (Starboard e Felsberg) têm focado.
Se os debenturistas esperavam uma chance para serem salvos aos 45 minutos do segundo tempo, ela está aí. Basta se cadastrar no link.
Precisamos falar sobre indicadores antecedentes: Saiba como analisar os índices antes de investir
Com o avanço da tecnologia, cada vez mais fundos de investimentos estão utilizando esses indicadores em seus modelos — e talvez a correlação esteja caindo
Rodolfo Amstalden: Encaro quase como um hedge
Tenho pensado cada vez mais na importância de buscar atividades que proporcionem feedbacks rápidos e causais. Elas nos ajudam a preservar um bom grau de sanidade
Day trade na B3: Oportunidade de lucro de mais de 4% com ações da AES Brasil (AESB3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da AES Brasil (AESB3). Saiba os detalhes
Setembro em tons de vermelho: Confira todas as notícias que pesam nos mercados e impactam seus investimentos hoje
O mês de setembro começa com uma imensa mancha de tinta vermelha sobre a tela das bolsas mundiais, sentindo o peso do Fed, da inflação recorde na zona do euro e do lockdown em Chengdu
A febre dos NFTs passou, mas esta empresa está ganhando dinheiro com eles até hoje
Saiba quem foram os vendedores de pás da corrida do ouro dos NFTs e o que isso nos ensina para as próximas ondas especulativas
Balanço de agosto, o Orçamento de 2023 e outros destaques do dia
A alta de 6,16% do Ibovespa em agosto afastou o rótulo de “mês do desgosto”, mas ainda assim deixou um sabor amargo na boca. Isso porque depois de disparar mais de 10% ainda na primeira quinzena, impulsionado pela volta do forte fluxo de capital estrangeiro, as últimas duas semanas foram comandadas pela cautela. Uma dupla […]
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 4% com ações da Marcopolo (POMO4); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Marcopolo (POMO4). Saiba mais detalhes
Tente outra vez: basta desejar profundo para ver a bolsa subir? Confira tudo o que mexe com os seus investimentos hoje
Em queda desde a sexta-feira, as bolsas de valores estrangeiras começaram o dia em busca de recuperação singela. Por aqui, investidores procuram justificativas para descolar o Ibovespa de Wall Street
Commodities derrubam Ibovespa, Itaú BBA rebaixa a Petrobras (PETR4) e as mudanças na WEG (WEGE3); confira os destaques do dia
As últimas levas de notícias que chegam de todas as partes do mundo parecem ter jogado os investidores dentro de um labirinto de difícil resolução em que apenas a cautela pode ser utilizada como arma. O emaranhado de corredores a serem percorridos não só são longos, como também parecem estar sempre mudando de posição — […]
Gringos estão de olho no Ibovespa, mas investidor local parece sem apetite pela bolsa brasileira. Qual é a melhor estratégia?
É preciso ir contra o consenso para gerar retornos acima da média, mesmo que isso signifique correr o risco de estar errado
Entenda por que você não deve acompanhar só quem possui teses de investimento iguais às suas
Parte fundamental do estudo de uma ação é entender não só a cabeça de quem tem uma tese que vá em linha com a sua, mas também a de quem pensa o contrário
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 11% com ações da Santos Brasil (STBP3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Santos Brasil (STBP3). Saiba os detalhes
Uma pausa para respirar: Confira todas as notícias que movimentam os mercados e impactam seus investimentos hoje
A saída da atual crise inflacionária norte-americana passa necessariamente por algum sacrifício. Hoje, porém, as bolsas fazem uma pausa para respirar
Aperte os cintos: o Fed praticamente acabou com as teses de crescimento, e o fim do bear market rally está aí
Saída da atual crise inflacionária passa por algum sacrifício. Afinal, estamos diante de um ciclo econômico clássico e será preciso esfriar o mercado de trabalho
Ibovespa se descola da gringa, Itaú entra na disputa das vendas virtuais e a estratégia de Bolsonaro para os debates; confira os destaques do dia
Em Wall Street, o alerta do Federal Reserve de que o aperto monetário pode ser mais intenso do que o esperado penalizou as bolsas lá fora
Complacência: Entenda por que é melhor investir em ativos de risco brasileiros do que em bolsa norte-americana
Uma das facetas da complacência é a tendência a evitar conflitos e valorizar uma postura pacifista, num momento de remilitarização do mundo, o que pode ser enaltecido agora
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 5% com ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3). Veja os detalhes
Mercados, debate presidencial e um resultado inesperado: Confira todas as notícias que mexem com os seus investimentos hoje
Com a percepção de que o Fed optará pelo combate à inflação a todos os custos, os últimos dias de agosto não devem trazer alívio para os mercados financeiros. O Ibovespa ainda repercute o primeiro debate entre presidenciáveis
Por que saber demais pode tornar você um péssimo chefe
Apesar de desenvolvermos uma compreensão mais sofisticada da realidade como adultos, tendemos a cair em armadilhas com muito mais frequência do que gostaríamos de admitir
Wall Street tomba com Powell, os melhores momentos de Lula e Bolsonaro no Jornal Nacional e outros destaques do dia
Desde que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou o início da retirada dos estímulos monetários adotados na pandemia, durante o simpósio de Jackson Hole de 2021, o mercado financeiro global já se viu obrigado inúmeras vezes a recalcular a rota, e todas elas parecem levar a um destino ainda incerto, mas muito […]