Vamos supor que você entenda
Antes de a ação cair, não existem entendidos, da mesma forma que não existem pessoas capazes de prever o futuro. Todos são desentendidos.

Nos últimos tempos, deixamo-nos apaixonar pelo Renascimento e, depois, pelo Iluminismo. Mais recentemente, pelo Humanismo.
Gostamos de acreditar que mais Ciência significa mais conhecimento, mais previsibilidade e mais controle sobre o mundo. No entanto, essa crença, ironicamente, deixou de ter lastro científico.
O grande racha, para mim, veio quando Einstein ficou puto com a mecânica quântica.
A Física de Newton e de Einstein transmitiam, de fato, a impressão de um entendimento crescente do Universo.
Já a partir da quântica, inaugurada meio sem querer pelo próprio Einstein, emergiu a chocante constatação de que dificilmente poderíamos compreender as coisas que nos cercam (ou dentro de nós) em sua completude.
Não porque não estávamos ainda prontos para compreender, porque éramos jovens, mas simplesmente porque existem limites estruturais à construção do conhecimento.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
Felipe Miranda: Do excepcionalismo ao repúdio
Einstein ficou mesmo puto, milhões de cientistas continuam emputecidos até hoje. Putos à toa, porque tudo o que eles precisavam fazer era olhar para a arte.
Na arte, o entendimento é devidamente relegado a um segundo plano, enquanto a previsibilidade se faz deletéria e o controle se traduz em censura.
Por exemplo: eu não manjo nada de Fellini, mas adoro uns filmes dele.
Para Fellini, a interpretação de um filme — e, mais geralmente, da arte — ocorre, sobretudo, fora do terreno racional.
Você chora ao assistir um filme. O que você entendeu da história? Não importa. Fodam-se os críticos de cinema. Você está chorando, e aquilo basta.

Lembrei disso por quê?
Semana passada, recebi uma mensagem com o seguinte teor:
"HGTX3 tá derretendo! Não consigo entender! O que tá acontecendo com a empresa? Vendo já pra evitar perdas maiores?"
Vamos supor que você entenda perfeitamente, dedução matemática, o que está acontecendo com a empresa.
Isso vai te impedir de perder dinheiro quando a ação cai?
Não. Só te impediria se você entendesse tudo antes da queda. Mas daí não seria entendimento, seria prever o futuro.
Pense comigo.
Depois que a ação cai, os entendidos e os desentendidos são colocados num mesmíssimo balde: o baldão dos investidores que perderam dinheiro.
Antes de a ação cair, não existem entendidos, da mesma forma que não existem pessoas capazes de prever o futuro. Todos são desentendidos.
Logo, seu diferencial como investidor não pode estar escondido no ENTENDIMENTO do mundo das finanças.
Só há uma forma de nos diferenciarmos, a forma de Fellini: how are we moved by the ups and downs of our investments?.
De que maneira encaramos as perdas de -3,29% e os ganhos de +4,25%?
Você só precisa responder essa pergunta a si mesmo, e não precisa de nenhuma explicação.
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal
Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano
Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.