Sobre o montinho crescendo embaixo do tapete universal

Como o mundo que habitamos se tornou aquilo que é hoje?
Empresas com boas ideias (ok, algumas com péssimas ideias) conseguem abrir capital e financiar seus planos a um custo módico, por meio da Bolsa.
Em troca, acionistas que acreditam na estratégia dessas empresas ganham junto caso elas tenham sucesso, e perdem junto caso elas fracassem.
Justo, não?
Há uma ordem nas coisas. E transparece certa beleza estética através dessa ordem.
Sinceramente, não estou preocupado com as causas que nos levaram a ser o que somos.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
Felipe Miranda: Do excepcionalismo ao repúdio
Até porque, para uma série de eventos químicos e biológicos caprichosamente encadeados, não houve causa alguma, apenas chance, co-incidência molecular ou genética.
Mas, mesmo nos entrelaçamentos puramente randômicos, uma enorme energia foi despendida pela natureza para chegar até onde chegamos. Sobre isso não há dúvidas.
O home broker no qual você faz login, clica em compra/venda e baixa notas de corretagem para calcular DARFs foi assim configurado devido a uma corajosa conversão energética, contra tudo e contra todos.
O empenho de tamanha energia reduziu o nível de entropia em uma determinada esquina do universo (no caso, a sua esquina) e aumentou mais do que proporcionalmente o total de entropia no restante do universo.
É o que diz a segunda lei da termodinâmica.
Quanto mais ordenado e determinístico se tornar o ecossistema com o qual interagimos, mais ricos nos tornamos.
Como consequência natural, maior o grau de desordem imposto ao universo como um todo.
Para progredir, vamos jogando desordem para baixo do tapete universal.
Diante desse princípio inequívoco, os utilitaristas podem vir a argumentar que o tapete é grande demais (93 bilhões de anos-luz de diâmetro) para que isso represente um obstáculo prático à nossa capacidade de enriquecer.
Ou seja, o Sol pararia de brilhar muito antes de atingirmos um limite de entropia ao progresso humano.
Pode ser, mas não é esse o ponto mais interessante da história.
O ponto mais interessante é que parece existir um trade-off natural aí, entre riqueza e previsibilidade. Para ficar rico, você tem que abrir mão de algum grau de previsibilidade.
Ironicamente, queremos enriquecer em busca de segurança adicional para nós mesmos e nossas famílias, mas temos que abrir mão de segurança para poder enriquecer.
E isso vale também coletivamente.
Uma bandeira nacional pode até sonhar com ordem & progresso, mas a bandeira universal não consegue alimentar esse sonho. Para o universo, a lei entrópica é de desordem & progresso.
Inserida no teatro universal, desconfio que a realidade histórica brasileira também seja essa, de desordem & progresso, mas não ficaria tão bonito na bandeira.
De qualquer forma, entre desordem & progresso e ordem & regresso, eu fico com a primeira combinação.
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal
Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano
Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.