🔴 QUER INVESTIR NAS MELHORES CRIPTOMOEDAS DO MOMENTO? SAIBA COMO CLICANDO AQUI

São só garotos: o papel dos homens à causa das mulheres e o impacto nos seus investimentos

Companhias com maior diversidade de gênero demonstram retornos maiores e tendem a ter uma performance superior à média; entenda

17 de agosto de 2020
11:44 - atualizado às 11:48
Imagem: Shutterstok

Talvez, a princípio, este possa parecer um texto para mulheres.

Um olhar um pouco mais treinado poderia perceber se tratar de algo também voltado aos “apoiadores”, a homens simpáticos às causas das mulheres, em seu ambiente de trabalho e no mercado financeiro — “apoiadores" normalmente são necessários para materializar as demandas das minorias; sem ajuda, sempre fica mais difícil.

De fato, o Day One de hoje se endereça a esses dois públicos. Confesso o desejo de aumentar a participação de mulheres entre os investidores totais da B3 e entre os assinantes da Empiricus. Infelizmente, elas ainda são minoria entre os dois grupos. “Infelizmente” aqui envolve até mesmo um critério objetivo: vários estudos de finanças comportamentais apontam para, na média, um resultado mais positivo das carteiras femininas comparativamente àquelas dos homens. Ou seja, se tivéssemos mais mulheres investindo, o resultado agregado tenderia a ser melhor.

Mas este texto se dedica ainda mais a um terceiro grupo: aos homens que acham que não têm nada a ver com a questão feminina.  

Começo com o que já se torna uma tradição às segundas-feiras, com a sugestão para ouvir nosso podcast Empiricus Puro Malte, no Spotify e na Apple. Entre outras coisas, falamos de características particulares de homens e mulheres, que, inclusive, nos colocam, na média, em grande desvantagem. 

Estudos gerais em Finanças Comportamentais, tendo Terrance Odean como expoente, indicam que o investidor típico negocia ações com frequência excessiva, concentra demais e realiza lucros rápido demais, enquanto enfrenta grande dificuldade para realizar prejuízos (vem do viés da aversão à perda; ninguém quer tangibilizar um prejuízo, uma dor, ainda que a marcação a mercado já o tenha feito para você). Se você vende o que sobe e carrega o que cai, basicamente está se desfazendo do que vai bem e ficando com o que vai mal. O resultado a longo prazo é que você morre com uma carteira de micos na mão. 

Leia Também

As mulheres, na média, negociam menos e, assim, arcam com menores custos de transação e se permitem ficar mais tempo com suas posições, deixando exposições vencedoras em seus portfólios serem carregadas por um prazo maior. As mulheres também tendem a ter menos excesso de confiança e mais ponderação em seus investimentos, o que se desdobra em carteiras mais diversificadas e balanceadas, cujas performances são superiores lá na frente.

Há inclusive associações entre o comportamento feminino em Bolsa e o value investing clássico. Rendeu até livro: “Warren Buffett investe como as mulheres”.

Desde que comecei a estudar com mais profundidade o tema de ESG (questões de meio ambiente, sociais e de governança), identifiquei uma série de estudos acadêmicos que refuta o clichê original de que a adoção dessas práticas ensejaria perda de retorno. Mais recentemente inclusive, vários papers indicam uma correlação positiva entre performance das carteiras de investimento e respeito à temática ESG. 

Um dos temas ainda incipientes, sobretudo no Brasil, é o W-ESG, a união direta entre tópicos particulares de igualdade de gênero e o ESG mais geral. A questão está entre as prioridades da ONU, por exemplo, como meta para o desenvolvimento sustentável, sendo seu objetivo número 5. Diz algo como: “garantir às mulheres total e efetiva participação e igualdade de oportunidades de liderança em todos os níveis de tomada de decisão, nas esferas política, econômica e administração pública”.

De forma bem simples, para acompanhar a evolução da igualdade de gênero, a ONU monitora dois indicadores principais: i) a proporção de mulheres nos Parlamentos nacionais e em cargos políticos locais; e ii) a participação de mulheres em posição de liderança empresarial. Em termos agregados, os últimos dados disponíveis apontam que menos de 25% dos assentos nos Parlamentos são ocupados por mulheres. Em termos empresariais, a participação feminina em posições de liderança nas empresas do S&P 500 é de apenas 26,5%; em conselhos de administração, suas cadeiras representam 21,2%. Das empresas do MSCI ACWI (índice global de ações do Morgan Stanley), 78% tem menos de 30% de mulheres em seus conselhos de administração e 10% não têm sequer uma mulher sentada no board.

Chamo atenção para uma coisa: esse não é um papo progressista em favor de minorias apenas (embora até pudesse ser o caso; lembre-se de que perseguir igualdade de oportunidades é uma das essências do liberalismo). O ponto por vezes negligenciado sobre o assunto é que uma maior participação feminina, nas diretorias e nos conselhos de administração, traria maiores retornos empresariais e, por conseguinte, performances superiores das respectivas ações listadas em Bolsa. 

Companhias com maior diversidade de gênero demonstram retornos maiores e tendem a ter uma performance superior à média. Ao menos dois estudos foram enfáticos nessa questão: “Delivering Through Diversity”, da McKinsey, de 2018; e “When Woman Lead, Firms Win”, da S&P Global, de 2019.

Já o estudo “Women in Business Leadership Boost ESG Performance”, da IFC, de 2019, mostra que uma liderança empresarial feminina está associada, na média, a um incremento de práticas em favor do meio ambiente, reduz problemas de exploração do trabalho e diminui práticas antiéticas. Tudo isso, por sua vez, estaria atrelado a uma melhor performance de longo prazo. O mesmo estudo mostrou que conselhos de administração com ao menos três membros de cada gênero têm uma probabilidade 79% superior de substituir CEOs cuja performance é ruim. 

Por fim, outro estudo da McKinsey, batizado “The Power of Parity: How Advancing Women’s Equality Can Add US$ 12 trillion to Global Growth”, estimou que um maior empoderamento às mulheres poderia adicionar US$ 28 trilhões ao crescimento do PIB mundial até 2025. 

Em resumo, estamos falando de mais mulheres, mais resultado. Geração de renda e riqueza, dinheiro no bolso.  

Estudo da Franklin Templeton, por exemplo, partiu de critérios simples, objetivos e diretos. Basicamente, selecionou empresas cujas lideranças e participação nos conselhos de administração eram superiores a três, e que gozavam de alta pontuação nos critérios de ESG (quartil superior nas três letras). Além disso, suas ações deveriam constar no índice MSCI World Women’s Leadership (grosseiramente, um índice do Morgan Stanley que relaciona empresas com liderança feminina). Então, a partir de um backtest e de critérios de diversificação mínima, chegou a uma carteira entre 30 e 35 ações.

Esse portfólio gerou um excesso de retorno anual sobre o S&P de 3,95 pontos percentuais desde 2015. Seu rendimento anualizado foi de 14,68%, contra 10,73% do índice, para um Sharpe Ratio de 1,08, contra 0,65 do benchmark. Se considerarmos o intervalo de 2017 a 2020, o excesso de retorno pula para 4,47 pontos percentuais anuais.

A conversa é objetiva e, se nos debruçarmos sobre o tema, podemos ter algumas conclusões importantes:

— Se você é um empreendedor ou um gestor de equipe, aumentar a participação feminina em seu time tende a elevar o resultado agregado.

— Se você é um investidor de ações, adicionar um filtro em sua análise que persiga maior participação de mulheres nas diretorias e nos conselhos de administração das empresas pode auxiliá-lo na seleção de papéis vencedores.

— Se você é casado e/ou conta com outra mulher de sua confiança (não me interprete mal, falo de mãe, irmã, tia, filha, amiga), pode delegar-lhe a função de gerenciamento patrimonial.

— Se a B3, a CVM, a Anbima, a Apimec, o Tesouro Direto ou qualquer outra instituição fizer campanhas em prol do aumento da participação feminina em empresas e como investidoras de ativos financeiros, a sociedade como um todo deve ganhar.

Como forma de enaltecer a importância e a superioridade das mulheres, além de tentar dar uma pequena contribuição em favor de seu maior protagonismo, encerro hoje com dois convites. 

Na quarta-feira, vou fazer uma Live com a psicanalista Maria Lucia Homem, às 19h. Salve na agenda. Sou um grande fã da Maria, leitor de seus livros e aluno dos seus cursos na Casa do Saber (estou ansioso para o próximo; Jair, você pediu o comentário, então está aqui!) — sou também muito grato por ela ser assinante da Casa. Para mim, ela é uma das maiores intelectuais brasileiras e voz ativa na questão do “feminino”. E, para fechar com chave de ouro: é investidora das boas.

E peço atenção especial para o novo curso da Bettina Rudolph, que vai explorar os mercados mais assimétricos do Brasil e do exterior. A ideia é dar um grande salto, em especial àqueles que já acompanhavam a Bettina desde o início da Sua Jornada Financeira. E se você ainda não a acompanha, acho que vale a pena entrar em contato e conhecê-la com mais profundidade.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas

19 de março de 2025 - 20:00

A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?

17 de março de 2025 - 20:00

Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante

12 de março de 2025 - 19:58

Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump

10 de março de 2025 - 20:00

Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes

VISÃO 360

Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso

9 de março de 2025 - 7:50

O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º

5 de março de 2025 - 20:01

Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump

26 de fevereiro de 2025 - 20:00

Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável

19 de fevereiro de 2025 - 20:01

Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio

12 de fevereiro de 2025 - 20:00

Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808

10 de fevereiro de 2025 - 20:00

A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek

3 de fevereiro de 2025 - 20:01

Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?

29 de janeiro de 2025 - 20:31

Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente

18 de dezembro de 2024 - 20:00

Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal

11 de dezembro de 2024 - 15:00

Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”

4 de dezembro de 2024 - 20:00

Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou

27 de novembro de 2024 - 16:01

Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer

18 de novembro de 2024 - 20:00

Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2

7 de outubro de 2024 - 20:00

Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo

2 de outubro de 2024 - 14:40

A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano

30 de setembro de 2024 - 20:03

Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar