Poema ESG em linha reta
Se esse é um clube disponível só para as elites, onde está o grande agente de transformação?

Deixar de gastar dinheiro com besteira é também uma excelente forma de ganhar dinheiro.
Analogamente, o ato de investir nos ajuda a economizar — especialmente se o dito popular de "dinheiro na conta é vendaval" pega para você.
Por isso, acho no mínimo curiosa a repentina comoção contra a figura de Robert Eccles, considerado um dos grandes idealizadores globais da sigla ESG (do inglês, governança ambiental, social e corporativa).
O sujeito praticamente inventou a sigla, é cancelado, e não pode mais usá-la em paz? Que mundo maluco é este em que tentamos sobreviver, vítimas de nossas próprias virtudes.
Lembro-me de um evento no qual o gestor do meu lado solta um: "Acho que o Jim O'Neill não entendeu direito o acrônimo dos BRICs"... Ah, claro, você que entendeu, bonitão.
Perguntei a ele se ele subiria ao palco antes ou depois da palestra do Jim, e ele respondeu que hoje estava só como audiência, rsrsrsrs.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
Felipe Miranda: Do excepcionalismo ao repúdio
Rsrsrsrs.
Pois bem, paciência. Voltemos a Rs, ao começo e fim de Robert Eccles.
Toda a revolta corrente diz respeito a um recente desafio que ele propôs para si mesmo: melhorar os padrões ESG da Philip Morris.
Antes, vale situar que esse cara estava rico, feliz, cheio de reputação. Não há lacuna alguma na vida dele que o obrigasse a querer comprar uma briga pública para se provar.
Então, ele pensou: "Cara, se uma fabricante de cigarros quer se tornar uma fabricante de cigarros melhor, ou menos pior, para o mundo, não é legítimo ajudá-la com isso? Não existe um ganho tangível aí, tanto para a empresa quanto para a sociedade?".
Ou será que o ESG é apenas para as pessoas e empresas que nascem perfeitas, e que nunca precisaram e nunca precisarão de ESG?
Ao contrário de um índice qualquer de dividendos, que meramente denota cash cows, o ESG deveria exercer uma função endógena, retroalimentando governanças nas empresas que nele se enquadram, ou nele buscam se enquadrar.
Contudo, se esse é um clube disponível só para as elites, onde está o grande agente de transformação?
Ou, hipocrisia, se trata de só mais um selo politicamente correto para assoprarmos bolhas no mercado?
Aliás, tenho saudades do tempo em que as bolhas financeiras inflavam, estouravam e com isso despertavam lições sistêmicas de moral… the dotcom bubble, subprime bubble.
Hoje as bolhas financeiras são diferentes. As bolhas dos faria limers, dos ESGs, da nata do value investing.
Eu, que tenho enrolado os pés nos tapetes das etiquetas, perco o equilíbrio. Caio de boca no chão, quebro os dentes, e assim tenho sido mais ridículo ainda.
Eu que não fumo queria um cigarro.
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal
Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano
Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.