Os corvos do mercado
E lá vai o corvo, enriquecendo de novo, devido às mais irracionais das razões.

Só há uma coisa pior do que ser culpado por um motivo errado: ser elogiado por um motivo errado.
O elogio sem propósito também gera indignação, e faz as pessoas de bem morrerem de vergonha.
Pessoas de bem declaram prontamente, sem falsa modéstia, que não merecem aquele reconhecimento, que ele cabe a outrem ou simplesmente ao acaso.
Ainda assim, eu poderia descrever uma lista de indivíduos avessos ao bom senso — ou mesmo propensos ao mau senso — que toleram com placidez o recebimento de um elogio espúrio, ou até mesmo se regozijam com méritos falsamente atribuídos a si.
Na minha particularidade léxica, os chamo de corvos.
Ou, sob um contexto mais específico, os chamo de corvos do mercado.
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O corvo do mercado compra BBAS3 pois prestou atenção na reunião ministerial.
E então ele lucra 10% em um dia por ter comprado uma porra estatal.
O corvo do mercado compra minis de IBOV alavancado pois Rodrigo Maia fez as pazes com Jair Bolsonaro.
A alavanca permite que ele levante uma pedra com um décimo da força que nunca terá.
O corvo do mercado opera vendido em dólar pois a vacina da esperança está chegando dentro de 3, 2, 1…
E lá vai o corvo, enriquecendo de novo, devido às mais irracionais das razões.
De repente, torna-se um corvo brilhante, brilha até mesmo no escuro.
Passa a acreditar nas mentiras que conta para si mesmo, o que acaba engordando seu ego de corvo.
Eventualmente, após tamanha engorda, percebe que, ao bater asas, não consegue mais voar.
Quando chega a esse estágio deplorável, termina por se alimentar apenas dos restos deixados ao chão pelos demais corvos.
Como sei disso tudo sem ser eu mesmo um corvo?
Como investidor, eu já ganhei e perdi dinheiro sem merecer. Acontece o tempo todo.
Mas nem por isso saio por aí bicando sacos de lixo.
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