Incertezas globais em 2021? Tomara!
Em um planeta em que os anos viraram meses e as semanas viraram dias, ainda vejo muita confusão no mundo dos investimentos. O segredo é procurar insights e não o óbvio.

Sabe do que eu mais gosto nas previsões sobre o futuro? Das incertezas. Não fossem elas, a humanidade andaria em passos de tartaruga e os sonhadores (e fazedores) seriam relegados ao segundo plano. O desafio de transpô-las é o que nos faz levantar dia após dia e, apesar de todos os obstáculos, inundar o planeta com avanços tecnológicos.
Em um planeta em que os anos viraram meses e as semanas viraram dias, ainda vejo muita confusão no mundo dos investimentos. Investidores que ainda buscam a certeza na hora de selecionar suas ações acabam deixando diversas oportunidades na mesa. Céticos com o mundo, eles insistem em modelar negócios óbvios e procurar ali vantagens competitivas. Para se obter o verdadeiro alfa, precisamos usar nossos conhecimentos para termos insights, e não para encontrar o óbvio…
É como Reed Hastings, fundador e CEO da Netflix, descreve em seu livro a oferta feita ao então CEO da Blockbuster, John Antioco, para vender a sua empresa por meros US$ 50 milhões no início dos anos 2000. Antioco, uma estrela em ascensão à época, simplesmente não enxergou valor no negócio e recusou categoricamente. Sua cabeça moldada pela certeza do modelo da Blockbuster deixou de lado as incertezas da Netflix, que hoje se tornou uma gigante de US$ 200 bilhões. Sorte a nossa que Hastings ficou livre para voar!
As MAANGs (permita-me a substituição das ações do Facebook pelas ações da Microsoft no acrônimo — já me justifico) revolucionaram as economias globais no início do século e a minha aposta é que continuarão a fazê-lo na década que se avizinha. O óbvio aqui é que elas são boas companhias. O insight é conseguir ver em seus projetos, a capacidade de disrupção nos seus mercados.
Na ordem do acrônimo:
- a Microsoft deve avançar sobre a Intel com o lançamento de um microchip desenhado para rodar em seus servidores.
- A Amazon continuará a penetrar no varejo digital, além de expandir os horizontes dos seus serviços de nuvem e fortalecer novas frentes de negócios, como os mercados de saúde e advertising.
- A Apple continuará a surpreender, seja com seus hardwares, serviços ou, quem sabe, com o seu projeto de veículo autônomo (iCar ou Apple Car; a certeza é que ele cairia como uma luva no mercado de veículos elétricos — te cuida, Tesla! Ou deveria dizer Ford, GM, Volks, Toyota…).
- A Netflix deve continuar fazendo o que mais sabe e levar horas e horas de entretenimento às pessoas.
- E, por fim, a Alphabet (Google), com as suas dezenas de startups, que estão desenvolvendo tecnologias que vão desde o veículo autônomo até os segredos da juventude, certamente trará algo de novo para a sociedade.
(Deixei de lado as ações do Facebook porque não acredito tanto na sua capacidade transformacional. A execução perfeita até aqui foi bastante calcada em boas aquisições e, agora, por conta das pressões públicas, a empresa será sempre questionada pelas autoridades governamentais quando as oportunidades surgirem. Ou seja, pressão não vai faltar.)
Leia Também
Tony Volpon: Buy the dip
Rodolfo Amstalden: Buy the dip, e leve um hedge de brinde
Incluo também nesse rol de vencedoras as ações da Disney. O nascimento dos seus negócios de streaming recolocou o crescimento de volta nos livros da empresa. O Disney+ já conta com mais de 90 milhões de assinantes ao redor do mundo e deve crescer substancialmente até 2024.
Do micro para o macro, é preciso também levar em conta o ambiente de descompressão dos riscos após a vitória de Joe Biden. Um dólar fraco não é necessariamente ruim para a economia americana, cujos negócios são em sua ampla maioria globais. Depois do solavanco causado pela pandemia, a expectativa é de que os estímulos continuem a fluir e as pautas eleitorais (energia limpa, ESG e infraestrutura) ganhem espaço.
A recuperação da economia americana pode tirar da sonolência classes de ativos que ficaram para trás durante a crise. Os REITs (os fundos imobiliários americanos), por exemplo, devem voltar a ganhar espaço nas alocações em 2021, dado seu elevado poder de remuneração. As taxas de juros extremamente baixas permitem uma alavancagem saudável e taxas internas de retorno superiores à média histórica.
Já os negócios da “velha economia”, como o varejo físico e o setor bancário, precisarão ser avaliados com um pouco mais de atenção. A questão aqui é justamente o grau de certeza relacionado à perda de participação de mercado para os novos negócios que surgem rapidamente. Não se trata de uma fraqueza generalizada, mas sim da necessidade de se escolher bem companhias que consigam integrar o uso da tecnologia aos seus planos estratégicos. Aos olhos dos grandes fundos de investimento, cada ponto perdido de market share custará uma fortuna.
Por fim, é preciso reforçar o apetite do investidor pelo que é novo. Nesse sentido, o ano de 2020 trouxe surpresas interessantes, como a descoberta em tempo recorde das vacinas contra a Covid-19, novos testes envolvendo edição de genes (CRISPR), o salto nos estudos sobre as baterias de estado sólido e os avanços do 5G, inteligência artificial e energia limpa. Todos esses segmentos despertaram a curiosidade dos investidores e foram selecionados por diversas casas renomadas (UBS, Goldman Sachs, Morgan Stanley) como os setores mais promissores da próxima década.
Quem acompanha a série MoneyRider sentiu na pele esse apetite. Não obstante o bom retorno de 18% em dólar do MoneyRider Hedge Fund (a principal carteira da série), os resultados obtidos pelas carteiras de tecnologia (MoneyBets Revolution) e cannabis (GreenRider) podem ser considerados muito bons — 138% e 46%, respectivamente, sempre em dólar.
Para 2021, a avidez pelas ações americanas (e globais, por que não?) continuará existindo. Seja pelos juros baixos, seja por conta da transformação do tempo (anos viraram dias), as oportunidades continuarão a surgir no horizonte. Estejam elas localizadas na velha ou na nova economia, o importante é que você destine parte dos seus investimentos para os mercados internacionais.
Uma boa dose das MAANGs, associada às ideias fora da caixa da série As Melhores Ações do Mundo, deve dar conta do recado. Lembrando que você sempre pode ter mais insights com a série MoneyRider e se embrenhar no verdadeiro mundo de oportunidades.
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal
Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano
Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.
Rodolfo Amstalden: If you’re old, sell & hold
Em meio à fartura de indicadores de atividade e inflação sugerindo bons sinais vitais, desponta um certo estranhamento no fato de que Warren Buffett parece estar se preparando para tempos piores à frente
Felipe Miranda: O Fim do Brasil não é o fim da História – e isso é uma má notícia
Ao pensar sobre nosso país, tenho a sensação de que caminhamos para trás. Feitos 10 anos do Fim do Brasil, não aprendemos nada com os erros do passado