Algum veneno antimonotonia
Na linguagem técnica, dizemos que a dinâmica do mercado se manifesta sob a estética de aglomerados: clusters de estabilidade e clusters de volatilidade

Depois de tantos pregões emocionantes, você não está achando o mercado meio morto nos últimos dias?
A Bolsa que cai com gosto e sobe com gosto é acusada de volátil.
Já a Bolsa que fica parada é acusada de anêmica.
Nós, investidores, nunca a julgamos inocente. Estamos sempre dispostos a provar o contrário, que ela é culpada, nasceu culpada.
A Bolsa é o bode expiatório que escolhemos para nos desobrigar da atribuição de erros próprios enquanto investidores.
Se estivéssemos mais preocupados em observar do que julgar, notaríamos de pronto que a volatilidade e a estabilidade do mercado são duas faces, alternadas, de uma mesmíssima moeda.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
Felipe Miranda: Do excepcionalismo ao repúdio
Durante o tempo todo, o Ibovespa oscila perto da estabilidade.
Durante todo o tempo, se estabiliza perto da oscilação.
Na linguagem técnica, dizemos que a dinâmica do mercado se manifesta sob a estética de aglomerados: clusters de estabilidade e clusters de volatilidade.
Na síntese fractal de Benoît Mandelbrot, “grandes mudanças — positivas ou negativas — tendem a ser seguidas por grandes mudanças, e pequenas mudanças tendem a ser seguidas por pequenas mudanças”.
Ignorando Mandelbrot, o que fazem os financistas mais pragmáticos?
Tiram a média, uai.
Financista não pode ver dois números soltos por aí que já quer somar e tirar a média.
Com isso, joga-se no lixo a curtose necessária para entender que a cabeça na geladeira com os pés no forno são duplamente desconfortáveis para o indivíduo em busca de uma temperatura neutra.
Então vasculhe o lixo do home office, pegue de volta a curtose e fique tranquilo: não vamos ficar parados até o infinito.
Se for da sua praia, fale com o Ruy e aproveite para comprar umas opções com vol mais comedida, antes que seja tarde.
Aliás, aproveite essa conversa com o Ruy para perguntar como é possível comprar uma call por R$ 0,61 e vender por R$ 3,13 no intervalo de uma semana.

O que será tarde não tarda a chegar. Já estamos nos movendo mais do que as manchetes sugerem.
Num dia em que o Ibovespa fecha estável em -0,02%, com sua melhor ação disparando +13,89% e sua pior ação derretendo -5,74%, não dá para reclamar de monotonia.
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal
Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano
Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.