🔴 QUER INVESTIR NAS MELHORES CRIPTOMOEDAS DO MOMENTO? SAIBA COMO CLICANDO AQUI

Acho que eu já vi este filme

Não quero bancar o mestre Yoda, nem apontar o dedo para os filhos do bull market, mas vejo algumas coisas acontecendo com paralelos evidentes com o passado

11 de fevereiro de 2020
17:43 - atualizado às 18:22
Representantes da Mitre durante o toque de campainha na B3
Representantes da Mitre durante o toque de campainha na B3 - Imagem: Cauê Diniz/Divulgação

“Na minha época…” Essa seria a expressão mais irritante do planeta Terra, não fosse, claro, a insuportável “eu avisei”, que leva o prêmio de maneira inconteste. O vencedor da noite é o engenheiro parasita de obra feita.  

Woody Allen retratou a interessante relação psíquica com o passado no lindo “Meia Noite em Paris”.

Queremos voltar para um período supostamente melhor do que o atual, num saudosismo reacionário que coloca no passado glórias nem sempre verdadeiras.

Reconstruímos um tempo pregresso platônico, desviando de seus defeitos, criando uma espécie de Pasárgada que na verdade nunca existiu. 

Não quero bancar o mestre Yoda, nem apontar o dedo para os filhos do bull market, mas vejo algumas coisas acontecendo com paralelos evidentes com o passado, cuja experiência e a perspectiva histórica poderiam ajudar a evitar, sob o risco de, em pouco tempo, termos de encarar um “eu avisei!”.

Depois de ver a turma se estapear pelas ações da Mitre, o comportamento dos papéis em sua estreia na Bolsa e a fila de IPOs de incorporadoras, fiquei com a sensação de que estamos fazendo rigorosamente a mesma coisa do passado, quando o setor inteiro quebrou alimentado pela fúria dos banqueiros de investimento e por um discurso sobre a necessidade de entregar um crescimento além de suas capacidades.

Leia Também

De repente, quem tocava três ou quatro canteiros agora se vê obrigado a fazer algumas dezenas de obras ao mesmo tempo, ignorando um dos princípios básicos da incorporação de que isso é um negócio de dono, cujo olhar engorda o gado.

O sujeito que conhecia muito bem as leis de zoneamento de uma determinada região, via todo o deal flow de terrenos e VGVs daquele lugar, tinha fortes parceiros locais, subitamente, está lançando em todo Brasil, dobrando seu landbank além-mar.

Foi rigorosamente isso que aconteceu no último ciclo. Quebrou todo mundo e voltamos à máxima “back to basics”. Agora, está cometendo exatamente o mesmo pecado original. Repetir um procedimento esperando resultado distinto é uma das definições de loucura. Desta vez é diferente? Será que não aprendemos nada?

Breve esclarecimento: nem se trata de um comentário específico sobre Mitre. As referências sobre a empresa, em particular, me parecem bem positivas. Gente séria, competente, com boa experiência em incorporação.

O problema é o salto duplo carpado no número de obras e na escala da operação, num setor que, quase por definição, não tem ganhos de escala, atuando basicamente projeto a projeto.

Com efeito, talvez haja em home builders deseconomias de escala. O maior tamanho obriga à saída do círculo de competências stricto sensu, com consequências nefastas e amplificadas pela grande intensidade de capital.

Outro ponto me preocupa nessa história de cometer erros do passado. Lá por 2017 e 2018, os fundos multimercados brasileiros encontraram tempos difíceis.

Nossos super-heróis começaram a captar volumes anteriormente impensáveis de dinheiro. Muitos deles ficaram grandes demais, gerindo uma grana que impedia montagem de posições de forma rápida e ágil no Brasil. Assim, foram obrigados a ir lá pra fora.

Mas, lá fora, meu caro, é um outro jogo (os superpoderes são outros, em especial dos algoritmos, que vão perceber qualquer de suas fragilidades, “squeezando” sua falta de liquidez ou sempre o deixando em segundo lugar).

A turma deu com a cara no muro e muitos tiveram de rever os planos, o que acabou facilitado pelo bull market de 2019, quando tudo subiu e o sucesso generalizado diante do otimismo desenfreado empurrou para baixo do tapete problemas estruturais.

Agora, talvez problema semelhante esteja acontecendo com fundos de ações. Gente que geria R$ 1 bilhão, R$ 2 bilhões agora saltou para R$ 7/8 bilhões de patrimônio em pouco tempo.

Até aí, diante da grande onda sintetizada no “financial deepening” e do fim do paraíso do CDI, normal. Faz parte. Mas há uma nuance aqui, que, por uma construção lógica, me parece necessariamente já contratar um problema de antemão.

Quando você gere R$ 1 bilhão, pode montar uma posição de 10% do fundo numa small e mid cap qualquer com certa tranquilidade. Passa um tempo e aquela sua malvada favorita multiplica por cinco. Pronto, você fez o resultado do ano.

As pessoas físicas, interessadas pelo retorno histórico e estimuladas pelas plataformas de investimento, passam a aplicar volumes cavalares naqueles fundos do topo do ranking, numa dinâmica parecida às de “winners take all”, com poucos eleitos levando boa parte do bolo. 

O fundo multiplica várias vezes de tamanho. Qual o problema? Aquela estratégia que o fez captar tanto é irreplicável agora. Ele não consegue mais ter 10% do fundo numa small cap pequena prodígio.

Necessariamente, ele se obrigou a mudar de estratégia e, também necessariamente, vai frustrar seus cotistas, porque a estratégia que os atraiu para o fundo não vai ser repetida agora.

Não é uma questão de opinião a impossibilidade de repetição da estratégia, é mera aritmética. O especialista em concentração em small e midcaps agora precisará jogar o jogo das blue chips ou diversificar fortemente. É um outro jogo agora. 

Um alerta especial sobre os fundos de small caps: embora eu mesmo elogie essa classe de ativos e a tenha como minha favorita no atual ciclo — não à toa, lançamos em parceria com a Vitreo Gestão hoje, atendendo a pedidos, o fundo que replica nossa carteira de Microcaps —, o investidor precisa saber onde está pisando.

Enquanto o ciclo é positivo e o fundo vai captando, isso é uma delícia. Ele mesmo vai comprando as ações da sua carteira e empurrando as coisas para cima. Nem ele mesmo percebe que o desempenho tão positivo da cota é resultado da  dinâmica compradora de seu próprio fundo, passando a acreditar na sua enorme competência. O ego é sempre o maior inimigo. O problema é quando o ciclo vira e as captações viram resgates líquidos. Aí o mesmo efeito de amplificação da alta vira para baixo.

Os heróis do ciclo das small caps entre 2003 e 2008 hoje rejeitam fortemente qualquer associação com a classe. Depois da destruição dos anos 2010 a 2015, atualmente tocam fundos imobiliários, investigam as melhores práticas de ESG, viraram compositores, dedicam-se a causas do tipo “os benefícios da dieta do sangue em mamíferos domesticados”, frequentam agora as festas do Grand Monde e, desconfio fortemente, têm mesas de pingue-pongue e pebolim em seus escritórios. Os meus próprios heróis morreram de overdose. 

Por fim, alguns comentários sobre as ações do IRB. Primeiro ponto: acho ridícula a tentativa de simplesmente defenestrar o short seller. Todo mês, um comprador de uma determinada ação publica sua tese defendendo ferozmente a respectiva tese em suas cartas aos cotistas. Ninguém nunca questionou eventual conflito de interesse, da intenção do comprado em ver as respectivas ações se valorizando a partir de seus próprios comentários. Depois, pra mim, nem se trata necessariamente de agressividade ou criatividade contábil.

Meu ponto de preocupação mais óbvio é a sustentabilidade dos resultados. A empresa tem um legado lá de trás de um provisionamento mais conservador do que o necessário, porque, à época, ninguém queria assumir muito risco. Assim, o management atual vai revertendo essa “folga de provisionamento”, gerando um resultado positivo, o que explica ao menos parte do descasamento entre sinistro e coleta de prêmio.

A ponderação, claro, é que ainda pode demorar um tempo para “zerar” esse estoque. Outro elemento é o resultado financeiro, com a marcação a mercado de alguns ativos não líquidos lá de trás e/ou reclassificando o perfil de cada ativo financeiro.

Os níveis de ROE da companhia devem convergir para um patamar muito menor no tempo, ainda que os resultados de curto prazo possam ainda ser positivos. Em resumo: temos defendido uma tese de ficar de fora das ações do IRB e reiteramos essa posição. As narrativas são muitas por aí; preferimos adotar uma postura de alerta.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Dedo no gatilho

24 de março de 2025 - 20:00

Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas

19 de março de 2025 - 20:00

A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?

17 de março de 2025 - 20:00

Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante

12 de março de 2025 - 19:58

Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump

10 de março de 2025 - 20:00

Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes

VISÃO 360

Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso

9 de março de 2025 - 7:50

O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º

5 de março de 2025 - 20:01

Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Entre a crise e a oportunidade: Prejuízo trimestral e queda no lucro anual da Petrobras pesam sobre o Ibovespa

27 de fevereiro de 2025 - 8:04

Além do balanço da Petrobras, os investidores reagem hoje à revisão do PIB dos EUA e à taxa de desemprego no Brasil

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump

26 de fevereiro de 2025 - 20:00

Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump

À ESPERA DE UMA JANELA

A culpa é da Selic: seca de IPOs na B3 deve persistir em 2025, diz Anbima

26 de fevereiro de 2025 - 16:30

Enquanto o mercado brasileiro segue sem nenhuma sinalização de retomada dos IPOs, algumas empresas locais devem tentar a sorte lá fora

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável

19 de fevereiro de 2025 - 20:01

Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Memórias de uma janela fechada: Ibovespa busca manter alta com Wall Street de volta ao jogo e negociações sobre guerra na Ucrânia

18 de fevereiro de 2025 - 8:01

Diante da agenda fraca, negociações entre EUA e Rússia ocorrem na Arábia Saudita, mas exclui os ucranianos da conversa

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Duas faces de uma mesma moeda: Ibovespa monitora Galípolo para manter recuperação em dia sem Trump

14 de fevereiro de 2025 - 8:00

Mercados financeiros chegam à última sessão da semana mostrando algum alívio em relação à guerra comercial norte-americana

DE VOLTA AO VERÃO

De maior marketplace de NFTs a protagonista dos ativos digitais: OpenSea se reinventa e anuncia “IPO” de token próprio

13 de fevereiro de 2025 - 16:01

A empresa destacou que o acesso antecipado ao token será um presente para os usuários mais antigos e engajados da plataforma

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio

12 de fevereiro de 2025 - 20:00

Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808

10 de fevereiro de 2025 - 20:00

A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um rolezinho no shopping: Ibovespa reage a tarifas de Trump em semana de testemunhos de Powell e IPCA

10 de fevereiro de 2025 - 8:06

Enquanto isso, banco BTG Pactual dá andamento à temporada de balanços com lucro recorde em 2024

MAIS UM IMPASSE

Alinhando expectativas: Shein deve reduzir valuation para tentar o IPO na bolsa de Londres – e um dos ‘culpados’ por isso é Donald Trump

7 de fevereiro de 2025 - 18:31

Varejista chinesa tenta abertura de capital na bolsa há algum tempo; nova medida do governo americano pode deixar esse processo ainda mais complicado

PLANO DE INVESTIMENTOS

Ultrapar (UGPA3) pretende investir até R$ 2,5 bilhões em 2025 – e a maior parte deve ir ‘lá para o posto Ipiranga’

7 de fevereiro de 2025 - 11:51

Plano apresentado pela Ultrapar (UGPA3) prevê investimentos de até R$ 2,542 bilhões este ano, com 60% do valor destinados à expansão do grupo

TODO MUNDO VAI SOFRER

O raio-x da Moody’s para quem investe em empresas brasileiras: quais devem sofrer o maior e o menor impacto dos juros altos

6 de fevereiro de 2025 - 18:50

Aumento da Selic, inflação persistente e depreciação cambial devem pressionar a rentabilidade das companhias nacionais em diferentes graus, segundo a agência de classificação de risco

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar