Assassinato em Bagdá: como a tensão no Oriente Médio pode afetar os mercados
Desdobramentos do ataque dos EUA que matou general iraniano são imprevisíveis e podem mudar tudo, mas é bom repassar o que aconteceu em situações semelhantes no passado.
No primeiro dia útil de 2019, numa de minhas newsletters Warm Up Pro, à qual dei o título de “O Ibovespa já fez a mínima de 2019”, acertei na mosca ao dizer que, naquela data, o Ibovespa fizera a menor marca do ano a 87.535,87 pontos.
Quinta-feira à noite, ao rascunhar a primeira versão desta crônica, que nomeei “Perspectivas 2020”, expliquei que não repetiria a dose este ano porque essas coisas só devem ser ditas uma vez na vida e outra no leito de morte, quando já não se pode mais ser cobrado em caso de erro. E prossegui no rascunho, com teor extremamente otimista em relação ao mercado acionário.
- Oportunidade: Contrate o Ivan Sant’Anna como seu mentor de investimentos. Saiba mais aqui.
Já tinha enviado a minuta para a Inversa quando, conversando com meu filho Flavio, que mora em Belo Horizonte, ele me alertou que os Estados Unidos tinham atacado um alvo próximo ao aeroporto de Bagdá, matando, entre outras pessoas, o general Qassem Soleimani, comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, que visitava o país vizinho.
Isso pode mudar tudo, uma vez que os desdobramentos desse ataque são imprevisíveis. Mas uma coisa é certa. O evento é baixista (ou pelo menos não é altista) para as Bolsas e favorável ao dólar (contra todas as moedas, inclusive o real, é óbvio), bem como aos títulos do Tesouro americano, no fenômeno conhecido como fly to quality ("voo para a qualidade"). Os investidores se esquecem da rentabilidade e fogem para a segurança.
Evidentemente, é cedo para se antever um desfecho para a crise, mas acho bom repassar o que aconteceu em situações semelhantes no passado naquela região, que volta e meia se transforma em um barril de pólvora (com minhas desculpas pelo clichê).
Aliás, só para vender rapidamente o meu peixe, o comportamento do petróleo diante de conflitos internacionais está entre os assuntos mais abordados no livro que acabo de lançar pela Inversa: "30 lições de mercado".
Leia Também
Retroagindo no tempo, comecemos pelas guerras de Suez (1956), quando os Estados Unidos se puseram ao lado do Egito contra a França, Inglaterra e Israel (o presidente Eisenhower ficou puto porque não foi avisado da ofensiva), e dos Seis Dias (1967), oportunidade em que Israel derrotou em menos de uma semana os exércitos e as forças aéreas do Egito, da Líbia, da Jordânia e da Síria.
Como os dois conflitos duraram pouco, as consequências nos mercados foram pequenas. O mesmo não aconteceu por ocasião da guerra do Yom Kippur, em outubro de 1973, quando Israel foi atacado pelas Forças Armadas do Egito e da Síria e quase foi destruído, tendo sido salvo por ajuda americana, sob a forma de armamentos e munições, enviados às pressas por via aérea para a península do Sinai.
Embora o conflito do Yom Kippur tenha durado menos de um mês, seus desdobramentos mudaram a história econômica da humanidade, por causa do embargo do petróleo. Logo de saída, o preço do barril se elevou de três para 12 dólares e continuou subindo, nunca mais voltando para aqueles valores pré-guerra.
Em 11 de fevereiro de 1979, o xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, foi derrubado pela Revolução Islâmica liderada de Paris pelo aiatolá Khomeini. Jovens revolucionários invadiram a embaixada dos Estados Unidos em Teerã, tomando 52 norte-americanos como reféns.
Além de o incidente ter provocado o segundo choque do petróleo, a inabilidade, ou infelicidade, do presidente Jimmy Carter em lidar com a crise, culminou com uma tentativa fracassada de libertar os reféns (operação Eagle Claw – Garra da Águia).
O resultado foi a morte de quatro comandos americanos e ferimento em outros quatro, numa série de trapalhadas: colisão de helicópteros americanos num ponto de encontro no deserto.
O mercado de ações desabou com o insucesso militar, que custou também a reeleição de Carter.
Em 1980, julgando que as Forças Armadas do Irã estavam muito enfraquecidas por causa do expurgo de grande quantidade de oficiais superiores monarquistas perpetrado por Khomeini (da linha xiita do islamismo, como quase todos os iranianos), o líder iraquiano (de credo sunita) Saddam Hussein atacou o país vizinho. Se tivesse tido sucesso, o Iraque se tornaria o maior produtor mundial de petróleo.
A guerra durou nada menos do que oito anos, sem a vitória de nenhum dos dois lados. Durante esse tempo, para enfraquecer o Irã, ou simplesmente para manter o equilíbrio entre as duas partes (com desgaste de ambas), os Estados Unidos forneceram armas aos exércitos de Saddam. Só que forneceram demais. Agora precisavam minar essa força, que ameaçava Israel.
Em 1990, numa recepção em Bagdá, a embaixadora americana no Iraque, April Glaspie, seguindo instruções do Departamento de Estado, insinuou ao ditador que se ele invadisse o Kuwait (que vinha trapaceando no sistema de cotas da Opep), os Estados Unidos se limitariam a um protesto formal nas Nações Unidas.
Saddam caiu na arapuca. Suas tropas entraram no Kuwait em 2 de agosto daquele ano. No início do ano seguinte, levaram uma sova da coalizão liderada pelos Estados Unidos.
Antes disso, e durante cinco meses, o petróleo experimentou forte alta, saindo de US$ 10 para US$ 40. É verdade que só permaneceu nesse preço por alguns minutos no dia do primeiro, e bem-sucedido, bombardeio de Bagdá.
Mais tarde, após o 11 de setembro, George Bush promoveu a Segunda Guerra do Golfo, sob a alegação (que se provou falsa) de que o Iraque possuía armas de destruição em massa.
As consequências desses eventos no Oriente Médio são difíceis de prever. Mas é importante que o caro amigo leitor preste atenção ao comportamento da China, da Rússia, dos países europeus e da Arábia Saudita.
O certo é que o Irã é osso duro de roer. A morte de seu general mais importante pode unir o país, que andou meio dividido nos últimos tempos.
A melhor maneira de se saber se teremos uma crise prolongada, e até mesmo uma guerra, é observar o preço do barril de petróleo, sobre o qual o Oriente Médio já não tem a mesma influência de antes.
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Na lista dos melhores ativos: a estratégia ganha-ganha desta empresa fora do radar que pode trazer boa valorização para as ações
Neste momento, o papel negocia por apenas 4x valor da firma/Ebitda esperado para 2025, o que abre um bom espaço para reprecificação quando o humor voltar a melhorar
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
A surpresa de um dividendo bilionário: ações da Marfrig (MRFG3) chegam a saltar 8% após lucro acompanhado de distribuição farta ao acionista. Vale a compra?
Os papéis lideram a ponta positiva do Ibovespa nesta quinta-feira (14), mas tem bancão cauteloso com o desempenho financeiro da companhia; entenda os motivos
Menin diz que resultado do grupo MRV no 3T24 deve ser comemorado, mas ações liberam baixas do Ibovespa. Por que MRVE3 cai após o balanço?
Os ativos já chegaram a recuar mais de 7% na manhã desta quinta-feira (14); entenda os motivos e saiba o que fazer com os papéis agora
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
Rodolfo Amstalden: Abrindo a janela de Druckenmiller para deixar o sol entrar
Neste exato momento, enxergo a fresta de sol nascente para o próximo grande bull market no Brasil, intimamente correlacionado com os ciclos eleitorais
O IRB Re ainda vale a pena? Ações IRBR3 surgem entre as maiores quedas do Ibovespa após balanço, mas tem bancão dizendo que o melhor está por vir
Apesar do desempenho acima do esperado entre julho e setembro, os papéis da resseguradora inverteram o sinal positivo da abertura e passaram a operar no vermelho
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Justiça da Holanda reverte decisão climática histórica em favor da Shell
A decisão desta terça-feira (12) permite que a Shell não tenha mais uma meta de redução de emissão de gases de efeito estufa até 2030
Compre China na baixa: a recomendação controversa de um dos principais especialistas na segunda maior economia do mundo
A frustração do mercado com o pacote trilionário da semana passada abre uma janela e oportunidade para o investidor que sabe esperar, segundo a Gavekal Research
Não é a PetroReconcavo (RECV3): petroleira divulga ‘bolada’ em dividendos, mas analista prefere outra ação que pode saltar até 51%
Mesmo com dividendos de R$ 1,29 por ação da PetroReconcavo, analista prefere ficar de fora – veja outra ação que está barata, tem espaço para crescimento e pagamento de proventos
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Ações da Gerdau (GGBR4) e de sua controladora (GOAU4) saltam até 13% e lideram altas do Ibovespa na semana; Alpargatas (ALPA4) cai 9,5% após balanço
O balanço mais forte que o esperado da Gerdau provocou uma forte alta nos papéis, enquanto a Alpargatas recuou mesmo após reportar resultados positivos no trimestre