Coronavírus: a pior ressaca de carnaval que eu já tive
Agora, à medida que a história do Coronavírus avança, a pergunta que não quer calar é a seguinte: o que fazer com nossos investimentos neste exato momento?
O Coronavírus chegou ao Brasil. Na última quarta-feira, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de um brasileiro infectado. No mesmo dia, anunciou outros 20 casos suspeitos, em estágio de análise.
Junto ao Coronavírus, um tsunami de pessimismo inundou as praias de renda variável brasileira e internacional.
Enquanto você tomava um corote colorido e xavecava um manequim de vestidinho em Salvador, as Bolsas internacionais passavam por uma bela “correção”.
Na volta do feriado, o S&P 500 - índice de referência dos EUA - cai pouco mais de 7,5%; o DAX - seu primo alemão - tombou 8%; números parecidos foram observados nas principais Bolsas ao redor do mundo.
Quando os mercados abriram por aqui, às 13:00 da última quarta-feira de cinzas, o choque foi grande: -7,26% para tirarmos o atraso em relação ao restante do mundo.
Agora, à medida que a história do Coronavírus avança, a pergunta que não quer calar é a seguinte: o que fazer com nossos investimentos neste exato momento?
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É hora de comprar, vender ou não fazer nada?
Primeiro: como chegamos até aqui?
Pouca gente se lembra, mas enquanto o Ibovespa batia recorde atrás de recorde em dezembro de 2019, o bicho estava pegando (silenciosamente) na China.
No último dia de 2019, as autoridades chinesas se pronunciaram pela primeira vez. Na ocasião, dezenas pessoas estavam sendo tratadas por problemas respiratórios no país. Era algo sintomático, porém não existia a certeza de tratar-se de um “novo” vírus.
Repare, isso foi em 31 de dezembro.
No dia 11 de janeiro foi confirmada a primeira fatalidade e, apenas uma semana depois, os EUA reportaram o primeiro caso de Coronavírus em terras de Donald Trump: um homem de cerca de 30 anos, que retornara de uma viagem à China, especificamente à região de Wuhan.
Em 23 de janeiro, a mesma cidade - com 11 milhões de habitantes - era completamente isolada do restante da China; novamente, apenas uma semana depois, a maioria das companhias aéreas globais já haviam restringido os vôos à China.
Em apenas um mês, o Coronavírus saiu do anonimato para ganhar as manchetes de todos os jornais ao redor do mundo.
Junto às manchetes, o vírus ganhou atenção dos mercados globais.
Em 2 de fevereiro, o Coronavírus fez sua primeira vítima fora da China, e apenas 10 dias depois, o números de fatalidades entre os chineses alcançou os 1.000 casos.
A partir daí - muito por conta da força com que interveio o governo chinês -, o ritmo de avanço do Coronavírus diminuiu. Sua exponencialidade tornou-se logarítmica. Os mercados comemoram.
A alegria durou menos que uma ressaca típica de carnaval… ao que tudo indica, estamos adentrando numa espécie de “fase 2”, em que o vírus, aparentemente controlado na China, começa a chegar em outros países.
Segundo: como os mercados reagiram?
Como sempre, com bipolaridade.
Não existem cientistas e especialistas em epidemias trabalhando nos corredores de Wall Street.
Nesse sentido, os clássicos - discípulos de Eugene Fama e a teoria dos mercados eficientes - diriam que “o mercado incorpora imediatamente toda informação disponível”.
Traduzindo: se têm notícia boa, a gente compra. Se têm notícia ruim, a gente vende.
Como você deve ter percebido, estamos na etapa das notícias ruins. Teme-se que o Coronavírus sirva de catalisador para o fim do maior bull market de todos os tempos.
Claro que existe um temor quanto ao vírus em si, mas são suas consequências que assustam os investidores.
A China é a segunda maior economia do mundo. Olhando isoladamente, é também o principal parceiro comercial de muitos países emergentes, com forte crescimento econômico.
Mesmo os EUA são dependentes da China: é lá que montam-se os Iphones e são costurados as roupas das principais varejistas de escala do mundo; a China também é um dos principais consumidores de commodities nos mercados globais.
Sua desaceleração, indiretamente, têm potencial de desacelerar diversas outras economias ao redor do mundo.
Terceiro: como os mercados continuarão reagindo?
É impossível saber a priori, mas até aqui, vemos muitas pessoas com medo.
Medo é diferente de pânico.
O cara até vendeu as ações, mas está louco para voltar ao mercado. Quem não vendeu, está pensando se compra mais.
Na minha opinião, o Coronavírus desloca o relógio temporal do mercado, mas sua direção permanece a mesma.
Ainda acredito que muitas empresas listadas terão anos formidáveis de crescimento e geração de valor pela frente. Também acredito que as mesmas empresas terão um curto prazo complicado.
Nesse sentido, o Coronavírus retarda o processo, mas não o impede.
Claro, a não ser que você acredite numa aniquilação em massa da população mundial… Se é nisso que você acredita, a Bolsa é o menor dos seus problemas.
Para agora, gosto dos setores de infraestrutura, energia e saúde.
Gosto igualmente de pensar que posso estar errado; neste caso, ouro e dólar são seguros indispensáveis, e não existe nada de contraditório em apostar nos dois lados.
Por último: o melhor remédio é o tempo
Uma aposentadoria precoce é um plano de longo prazo. Não se constrói em um mês a riqueza necessária para se viver por 20 anos.
Veja o que aconteceu nos últimos 10 anos...
Tivemos crise da dívida em diversos países da União Europeia (Grécia sendo o caso mais extremo), Brexit, Guerra Comercial, e diversos outros eventos de escala global que trouxeram volatilidade e medo aos mercados.
Mesmo assim, fortunas foram construídas nos mercados de ações de todo o mundo.
Não podemos nos antecipar e prever um Coronavírus (ou outro evento parecido), mas podemos aprender a lidar com eles e enriquecer apesar deles.
Foi pensando nos leitores que desejam esse tipo de orientação - um plano de longo prazo, cujo objetivo final seja a Aposentadoria Precoce, sem depender do Governo - que eu e o Rodolfo decidimos criar o Empiricus FIRE®.
Todas as terças-feiras produzimos um relatório com nossas principais ideias de investimentos e nossa leitura sobre os mercados para os membros da comunidade FIRE (Financial Independence, Retire Early).
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