O que comprar na bolsa na maré baixa? BlackRock, maior gestora do mundo, está de olho em bancos e mineradoras
Gestora com US$ 7 trilhões sob supervisão está “confortável” com a situação atual das companhias brasileiras, mesmo no contexto de crise econômica

Quem está disposto a encarar a turbulência no mercado e está em busca de ações baratas, deve colocar que papéis na carteira? Para Edward Kuczma, responsável pelo portfólio de renda variável da América Latina da BlackRock, as ações de bancos e produtoras de minério de ferro do Brasil são uma boa pedida neste momento.
A BlackRock é uma gestora com mais de US$ 7,4 trilhões em ativos sob gestão, sendo US$ 1,4 bilhão na América Latina.
"Bancos são uma área em que concentramos nossa atenção em um ambiente de risk-off."
Segundo Kuczma, esses papéis do setor financeiro da bolsa brasileira podem ser opções de qualidade, tendo em vista sua alta liquidez, o risco de queda limitado em relação ao lucro e rendimentos de dividendos atrativos.
O baixo desempenho do setor nos últimos 12 meses é justificado pelo aumento do risco de concorrência e o menor crescimento de ganhos em uma base relativa, afirmou.
No caso das mineradoras, Kuczma cita, por exemplo, a chance de sustentação dos preços do minério de ferro em razão de possíveis estímulos à economia chinesa. Realizados para impedir uma contração econômica na potência asiática, eles ajudariam a valorizar os papéis de empresas brasileiras do setor.
Leia Também

Segundo o gestor, assumindo o preço médio do minério de ferro a US$ 75 a tonelada, abaixo da média de preço deste ano, de US$ 90 a tonelada, a geração do fluxo de caixa livre dessas empresas seria "atraente", o que poderia sustentar um alto rendimento de dividendos para as mineradoras.
"Além disso, há um valuation atraente representando um desconto de 50% em relação às médias históricas e um desconto de 60% em relação aos pares australianos", diz Kuczma.
Potenciais catalisadores na forma de melhorias adicionais em iniciativas ambientais, de sustentabilidade e governança também são outro fatores que aumentariam a confiança e a segurança dos investidores nessas empresas, na visão do gestor.
Outro setor que a gestora acha atrativo é o de utilities, que inclui empresas do ramo de energia e saneamento básico, em razão da perspectiva de privatização de ativos que o compõem.
A visão do gestor é também de que as novas ofertas de ações que estavam no radar não deverão ocorrer diante do cenário de alta volatilidade dos mercados.
"Dadas as quedas recentes no Brasil, há muitas companhias para as quais eu realocaria antes de participar agressivamente em IPOs."
Os dois papéis para ter na carteira
Mas, dada a acentuada queda nos índices acionários e a incerteza sobre o quanto a fraqueza do petróleo e o coronavírus continuarão a influenciar esses preços, qual é exatamente a dica do gestor da BlackRock?
Em tempos de elevada volatilidade e estresse, o importante é focar no longo prazo, diz Kuczma. Isso significa, para ele, aderir à uma disciplinada análise de fundamentos, de alto a baixo no mercado, e aproveitar as chances que aparecem conforme o movimento das ações.
Kuczma argumenta que a estratégia ideal de um investidor precisa necessariamente ter papéis de dois tipos: defensivos e responsivos.
- "Os defensivos são focados em companhias que se beneficiam de juro baixo ao terem uma receita estável, são pagadoras confiáveis de dividendos altos e vendem bens essenciais com demanda inelástica", diz Kuczma.
- "Os responsivos incluem nomes com crescimento ou qualidade que tiveram desempenho abaixo da média dos pares recentemente e, como resultado, começaram a apresentar valuations animadores."
O horizonte da BlackRock
A BlackRock projeta um cenário de longo prazo para o mercado acionário brasileiro baseado em três pilares:
- recuperação econômica gradual,
- juros baixos,
- e reformas estruturais.
No curto prazo, no entanto, os sinais de arrefecimento da atividade no primeiro trimestre do ano e a desaceleração global levaram a BlackRock a cortar a expectativas para crescimento do PIB brasileiro de 2% para 1,5%.
A crise recente que se alastrou pelos mercados financeiros, aliando coronavírus e petróleo, também não tira o sono da BlackRock quando se trata da solvência de empresas brasileiras.
A gestora se diz "confortável" com a situação operacional atual das companhias. "Estão menos alavancadas do que em crises passadas, com menor exposição a dívida em dólar", afirmou Kuczma.
Enquanto isso, a estabilização no número casos de coronavírus globalmente deverá acalmar os mercados acionário e cambial, disse.
Uma das alternativas para mitigar os efeitos da epidemia do vírus da economia é a manutenção dos juros baixos pelo Banco Central. Atualmente a taxa básica de juros, a Selic, está na mínima histórica, em 4,25% ao ano.
"Continuamos otimistas sobre o progresso da agenda de reformas", diz o gestor. Ele espera avanço nas reformas administrativa e tributária, embora as tensões crescentes entre o Executivo e o Legislativo levantem temores sobre a probabilidade de desfecho positivo no curto prazo.
Se a agenda de reformas voltar ao centro do palco, diz ele, os mercados locais, em média, poderão ter desempenho superior ao de pares emergentes, de acordo com Kuczma.
De outro lado, se uma crise econômica se arrastar por mais tempo, o humor no Congresso pode se voltar em direção a maiores gastos, o que aumentaria as restrições fiscais atuais do governo.
Na quarta-feira, o Legislativo aprovou um limite de renda maior para a concessão do Benefício de Prestação Continuada a idosos e pessoas com deficiências cuja renda familiar per capita seja inferior a R$ 522,50 — equivalente a meio salário mínimo. A medida tem impacto de R$ 20 bilhões por ano.
Bye, bye, Brasil
Nos últimos tempos, o peso do investidor estrangeiro no mercado financeiro brasileiro se reduziu.
Segundo Kuczma, um real mais fraco pode não importar tanto para investidores domésticos, mas para investidores estrangeiros o efeito é grande, já que o que importa para eles são os retornos dos investimentos medidos em dólar.
"Enquanto os estímulos monetários forem usados para promover o crescimento da economia, o real ficará sob pressão", diz o responsável pelo portfólio latino-americano de renda variável da BlackRock.
No pico recente do mercado acionário brasileiro, valor de mercado das empresas insustentavelmente altos em certos setores permitiram um menor risco-retorno e os estrangeiros se aproveitaram para vender os papéis que detinham, disse Kuczma.
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos
Mobly (MBLY3) expõe gasto ‘oculto’ da Tok&Stok: R$ 5,2 milhões para bancar plano de saúde da família fundadora — que agora tem cinco dias para devolver o dinheiro
Em comunicado, a Mobly destaca que os pagamentos representam mau uso de recursos da companhia, conflito de interesses e violação da governança corporativa
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa
Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Fim da linha para a Vale (VALE3)? Por que o BB BI deixou de recomendar a compra das ações e cortou o preço-alvo
O braço de investimentos do Banco do Brasil vai na contramão da maioria das indicações para o papel da mineradora
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia
EUA aprovam bolsa de valores focada em sustentabilidade, que pode começar a operar em 2026
A Green Impact Exchange pretende operar em um mercado estimado em US$ 35 trilhões
Ações da Brava Energia (BRAV3) sobem forte e lideram altas do Ibovespa — desta vez, o petróleo não é o único “culpado”
O desempenho forte acontece em uma sessão positiva para o setor de petróleo, mas a valorização da commodity no exterior não é o principal catalisador das ações BRAV3 hoje
Correr da Vale ou para a Vale? VALE3 surge entre as maiores baixas do Ibovespa após dado de produção do 1T25; saiba o que fazer com a ação agora
A mineradora divulgou queda na produção de minério de ferro entre janeiro e março deste ano e o mercado reage mal nesta quarta-feira (16); bancos e corretoras reavaliam recomendação para o papel antes do balanço
Acionistas da Petrobras (PETR4) votam hoje a eleição de novos conselheiros e pagamento de dividendos bilionários. Saiba o que está em jogo
No centro da disputa pelas oito cadeiras disponíveis no conselho de administração está o governo federal, que tenta manter as posições do chairman Pietro Mendes e da CEO, Magda Chambriard
Deu ruim para Automob (AMOB3) e LWSA (LWSA3), e bom para SmartFit (SMFT3) e Direcional (DIRR3): quem entra e quem sai do Ibovespa na 2ª prévia
Antes da carteira definitiva entrar em vigor, a B3 divulga ainda mais uma prévia, em 1º de maio. A nova composição entra em vigor em 5 de maio e permanece até o fim de agosto
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Como declarar ações no imposto de renda 2025
Declarar ações no imposto de renda não é trivial, e não é na hora de declarar que você deve recolher o imposto sobre o investimento. Felizmente a pessoa física conta com um limite de isenção. Saiba todos os detalhes sobre como declarar a posse, compra, venda, lucros e prejuízos com ações no IR 2025
As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR
Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem
Depois de derreter mais de 90% na bolsa, Espaçolaser (ESPA3) diz que virada chegou e aposta em mudança de fornecedor em nova estratégia
Em seu primeiro Investor Day no cargo, o CFO e diretor de RI Fabio Itikawa reforça resultados do 4T24 como ponto de virada e divulga plano de troca de fornecedor para reduzir custos
Península de saída do Atacadão: Família Diniz deixa quadro de acionistas do Carrefour (CRFB3) dias antes de votação sobre OPA
Após reduzir a fatia que detinha na varejista alimentar ao longo dos últimos meses, a Península decidiu vender de vez toda a participação restante no Atacadão
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25