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Jasmine Olga
Jasmine Olga
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
Felipe Saturnino
Felipe Saturnino
Graduado em Jornalismo pela USP, passou pelas redações de Bloomberg e Estadão.
Mercados hoje

Ibovespa tomba quase 4% com tensão externa por novos lockdowns; dólar se aproxima de R$ 5,75

Moeda americana quase atingiu os R$ 5,80 no pico, mas reduziu alta após Banco Central vender US$ 1 bilhão no mercado à vista. Alemanha e França anunciam novas medidas de confinamento; avanço da covid-19 no exterior traz aversão ao risco generalizada

Jasmine OlgaFelipe Saturnino
28 de outubro de 2020
10:33 - atualizado às 16:25
Selo Mercados AGORA Ibovespa dólar
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Ontem, dissemos que o dia mercados foi tenso. Mas muito mais tenso é o de hoje.

A aversão ao risco generalizada dá o tom nesta quarta-feira (28), derrubando as bolsas ao redor do mundo e também o petróleo, e, por conseguinte, elevando a busca por dólar — considerado um dos ativos mais seguros dos mercados financeiros, junto dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

A alta dos casos de coronavírus tanto no país, que voltou a marcar mais de 70 mil casos por dia, como na Europa, onde se espera medidas de distanciamento social, deixa os nervos de investidores à flor da pele.

A situação das duas regiões alerta os investidores sobre possíveis novas limitações de restrição, que seriam um peso sobre a retomada da economia global. A Alemanha e a França anunciaram novas restrições de circulação nesta quarta.

Por volta das 16h20, os principais índices acionários americanos sustentavam fortes quedas, de ao menos 2,9% — S&P 500 cai 2,94%; o Dow Jones, 2,95%, e Nasdaq, 3,1%.

Nas principais praças da Europa, também houve fortes desempenhos de baixa, com as bolsas de Frankfurt, Paris e Londres fechando o dia com queda de ao menos 2,55%.

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Além disso, a agenda local também mantém a atenção dos investidores. Hoje ocorre a divulgação de balanços de pesos-pesados do Ibovespa e a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic.

Aéreas e CVC entre maiores perdas

Repercutindo a tensão, por volta do mesmo horário o principal índice da bolsa brasileira opera em tombo de 3,86%, cotado aos 95.764,99 pontos.

Papéis penalizados desde o início da crise da pandemia, que assolou os mercados principalmente em março, Azul PN (AZUL4) e Gol PN (GOLL4), junto com CVC ON (CVCB3), estão entre as maiores quedas percentuais do Ibovespa.

IRB ON (IRBR3), papel que já caiu mais de 80% no ano, também cai forte hoje, mais uma vez.

Petrobras ON (PETR3) e Petrobras PN (PETR4) tombam 4,5% e 4,6%, respectivamente, na esteira do desempenho negativo do petróleo no mercado internacional. O preço do barril do Brent recuou fortemente no mercado internacional, com o contrato futuro para janeiro fechando em queda de 4,7%. A gigante estatal divulga seus números do terceiro trimestre mais tarde.

Outro que solta seu balanço trimestral é o Bradesco. Ações Bradesco ON (BBDC3) e Bradesco PN (BBDC4) têm quedas de 5% e 4,7%. Vale ON (VALE3), que fecha a tríade das gigantes a reportarem balanço após o fechamento dos mercados, cai 3,1%. Confira as cinco principais baixas do Ibovespa agora:

CÓDIGOEMPRESAPREÇO (R$)VARIAÇÃO
AZUL4Azul PN23,52 -9,12%
IRBR3IRB ON6,20 -7,88%
CVCB3CVC ON13,03 -8,05%
GOLL4Gol PN17,03 -8,44%
RADL3Raia Drogasil ON24,37 -6,56%

Veja também os principais desempenhos positivos do índice:

CÓDIGOEMPRESAPREÇO (R$)VARIAÇÃO
TAEE11Taesa units28,57 -0,63%
GNDI3Intermédica ON65,97 -1,35%
RAIL3Rumo ON17,79 -1,44%
MRVE3MRV ON17,54 -1,46%
CRFB3Carrefour Brasil ON19,78 -1,74%

Dólar dispara

Em um contexto de aversão ao risco, os ativos considerados "porto seguro" ganham força entre os investidores. O dólar é um deles. Como fica demonstrado pelo Dollar Index (DXY), índice que compara a divisa a uma cesta de moedas como euro, libra e iene, a divisa está se apreciando globalmente hoje, avançando 0,5%.

Neste momento, a moeda americana sobe 1,2% frente ao real, cotada a R$ 5,7499. Na máxima, chegou a alcançar R$ 5,7925, disparando 1,93%, operando nos maiores níveis desde maio.

Ontem, a divisa já havia fechado a sessão em um patamar elevado, a R$ 5,68, em alta de 1,26%, no maior nível de encerramento desde 20 de maio.

No começo do pregão de hoje, o Banco Central interveio no mercado de câmbio, o que evitou que a moeda chegasse aos R$ 5,80. O BC fez um leilão de venda de dólar no mercado à vista no valor de US$ 1,042 bilhão.

Os juros, por sua vez, operam em baixa hoje. O Copom divulga hoje sua decisão sobre a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, que deve continuar parada na mínima histórica, de 2%.

Agentes financeiros deverão buscar no documento indicações sobre a avaliação do comitê quanto à inflação de curto prazo, além da visão sobre o risco fiscal — fatores que geram desconforto no mercado neste momento.

  • Janeiro/2021: de 1,96% para 1,962%
  • Janeiro/2022: de 3,47% para 3,48%
  • Janeiro/2023: estável em 4,99%
  • Janeiro/2025: estável em 6,70%

Lockdown na Alemanha e na França

No exterior, em primeiro plano segue o medo de que novas medidas de isolamento social serão cada vez mais inevitáveis — como foram no primeiro trimestre — na Europa e nos Estados Unidos.

No continente europeu, a Alemanha divulgou mais cedo que realizará um lockdown parcial, com a duração de um mês. A decisão fechará restaurantes, bares, academias, espaços para shows e teatros a partir da próxima segunda (2). Também foram proibidas aglomerações de mais de 10 pessoas no país.

Na França, o presidente Emmanuel Macron comunicou há pouco novas medidas de restrição para todo o país. O lockdown será retomado na sexta (30) e durará até dezembro. As escolas se manterão abertas, sendo que serviços essenciais e atividades ao ar livre serão liberados.

O presidente ressaltou que a França utilizará métodos inovadores para realizar a testagem dos franceses para a covid-19.

Nas últimas duas semanas, 46 milhões de franceses — ou dois terços da população — entraram no sistema de toque de recolher, inicialmente válido para cidades maiores, como Paris.

Tanto Estados Unidos como Europa têm registrado novos recordes diários de infecções. Nos EUA, o país voltou a marcar 70 mil casos de covid-19 por dia, após, na sexta e no sábado, registrar mais de 80 mil casos da doença.

No domingo, a França marcou 52 mil novos casos da doença — nos últimos dias, o país vem batendo recordes de novos casos.

As bolsas europeias terminaram o dia em fortes quedas, com CAC-40 caindo 3,4%, o DAX, 4,2%, e o FTSE 100, 2,55%.

A necessidade de distanciamento diminui o ímpeto da recuperação econômica global, pesando sobre a confiança dos investidores.

A escalada do número de infecções se soma ao cenário tenso às vésperas das eleições americanas e a falta de acordo nos EUA sobre um novo pacote de estímulos fiscais no país.

Expectativa para Copom e balanços

Os investidores possuem uma agenda cheia após o fechamento. Primeiro, a decisão de política monetária do Copom.

A expectativa do mercado é de que o BC mantenha a taxa Selic na mínima histórica.

Mas a instituição está sob pressão. Com o avanço da inflação e a as incertezas em torno das contas públicas, os agentes financeiros esperam que o comunicado da decisão seja muito mais duro do que o das reuniões anteriores.

Além da divulgação da decisão de política monetária do Copom, temos uma agenda com a divulgação de balanços importantes para a bolsa brasileira.

Antes da abertura, foi a vez da siderúrgica Gerdau. Após o fechamento, Vale, Petrobras e Bradesco divulgam os seus números. Confira aqui uma prévia do que esperar.

Desde a noite de ontem, Cielo, Localiza, Smiles e Telefônica divulgaram os seus balanços do terceiro trimestre. Confira os principais números.

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