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Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Recuperação firme

Dólar cai a R$ 5,57 com sinais amenos em Brasília e falas de Campos Neto; Ibovespa sobe

Os indícios de maior alinhamento no cenário político e o entendimento de que o reajuste aos servidores será vetado anima os ativos domésticos. Além disso, a percepção de que o BC não deseja uma alta desenfreada do dólar contribui para trazer alívio ao câmbio

Victor Aguiar
Victor Aguiar
21 de maio de 2020
10:42 - atualizado às 16:37
Selo Mercados AGORA Ibovespa dólar
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

O processo de despressurização do dólar à vista continua nesta quinta-feira (21). A moeda americana recua mais de 1%, com o mercado reagindo positivamente aos sinais emitidos na reunião do presidente Jair Bolsonaro com governadores e às recentes falas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. O Ibovespa também passa por alívio intenso.

Por volta de 16h30, o dólar à vista operava em queda de 1,96%, a R$ 5,5768, mas, na mínima, tocou os R$ 5,5588 (-2,29%) — a menor cotação intradiária desde 5 de maio. Com o desempenho do momento, a moeda americana já acumula baixa de mais de 4% nesta semana.

Na bolsa, o Ibovespa subia 2,10% no mesmo horário, aos 83.029,62 pontos, destoando da tendência global: nos EUA, o Dow Jones (-0,28%), o S&P 500 (-0,55%) e o Nasdaq (-0,68%) caem em bloco.

  • Eu gravei um vídeo para explicar melhor a dinâmica por trás dos mercados nesta quinta-feira. Veja abaixo:

Ainda no Brasil, os investidores monitoram de perto os desdobramentos da reunião do presidente Jair Bolsonaro com diversos governadores, de modo a tentar uma reaproximação entre as partes. Esteve em pauta a questão do reajuste aos servidores púbicos, previsto na PEC de auxílio financeiro emergencial a Estados e municípios.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, quer que o item seja vetado pelo presidente, de modo a preservar as contas do governo e viabilizar a continuidade do processo de ajuste fiscal. Bolsonaro já deu a entender que vetaria o reajuste, mas antes quer acertar o tema com os governadores.

Os sinais vindos da reunião indicam que há um alinhamento entre o governo federal e as lideranças estaduais no sentido de vetar o reajuste, o que é comemorado pelo mercado. Além disso, a presença dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, também contribui para diminuir a percepção de tensão política em Brasília

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Por outro lado, ainda fica no radar a possibilidade de divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 — o ministro do STF Celso de Mello disse que tomaria uma decisão até a sexta-feira (22) quanto à disponibilização do material.

O nov alívio no câmbio ainda tem um fator extra: ontem, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participou de uma live promovida pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e, entre outros pontos, tentou impedir as apostas contra o real — ele afirmou que a autoridade monetária continuará atuando no câmbio, podendo até mesmo aumentar a atuação se necessário.

A declaração foi entendida pelo mercado como um sinal de que o BC não vê como adequada a escalada do dólar à vista — na semana passada, a divisa chegou a encostar nos R$ 6,00 — e provoca mais uma onda de alívio à cotação da moeda.

EUA x China

No front externo, os agentes financeiros mostram-se cautelosos em relação às novas farpas trocadas entre EUA e China, que têm discutido a respeito de uma eventual 'responsabilidade' pela pandemia do coronavírus — e têm sinalizado a adoção de novas sobretaxas de importação, como 'moeda de troca'.

O clima azedou de vez a partir de um tuíte do presidente dos EUA, Donald Trump, usando palavras duras contra o governo de Pequim:

"Algum maluco na China divulgou um comunicado culpando a todos, exceto a China, pelo vírus que já matou centenas de pessoas. Por favor, expliquem a esse idiota que foi a 'incompetência da China', e nada mais, que causou essa matança global", escreveu Trump.

O tom mais agressivo usado pelo presidente americano eleva a percepção de que um reaquecimento da guerra comercial entre EUA e China está prestes a acontecer — e, considerando o atual estado recessivo da economia mundial, o mercado prefere adotar uma postura mais cautelosa lá fora.

Juros em baixa

O mercado de juros futuros passa por ajustes negativos nesta quinta-feira, acompanhando o movimento do dólar e também repercutindo as declarações de Campos Neto. Os movimentos dos DIs, contudo, são relativamente amenos, sem indicar uma grande mudança de postura dos investidores quanto às perspectivas para a Selic:

  • Janeiro/2021: de 2,54% para 2,49%;
  • Janeiro/2022: de 3,45% para 3,36%;
  • Janeiro/2023: de 4,59% para 4,49%.

Top 5

Confira abaixo as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa no momento:

CÓDIGONOMEPREÇO (R$)VARIAÇÃO
CCRO3CCR ON14,15 +11,42%
CYRE3Cyrela ON15,48 +10,57%
ECOR3Ecorodovias ON12,22 +9,20%
BPAC11BTG Pactual units46,53 +8,28%
UGPA3Ultrapar ON16,70 +8,02%

Veja também as cinco maiores baixas do índice:

CÓDIGONOMEPREÇO (R$)VARIAÇÃO
IRBR3IRB ON6,99 -8,15%
BEEF3Minerva ON12,45 -5,40%
KLBN11Klabin units18,89 -4,84%
MRFG3Marfrig ON12,46 -4,59%
SUZB3Suzano ON38,45 -4,47%

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