Ibovespa não resiste e cai acompanhando recuo em Nova York; dólar em queda com reforma
Enquanto a reforma administrativa deve seguir pautando o noticiário político pelos próximos meses, a reforma tributária é vista como prioridade no Congresso
O Ibovespa foi dragado nesta quinta-feira pela forte queda registrada em Nova York. Também pesa sobre a bolsa brasileira o recuo acentuado das ações da Vale - as de mais peso dentre todos os componentes do índice.
O movimento brusco ocorrido em Nova York sucede um rali que parecia interminável e é acompanhado de temores relacionados com o ritmo da retomada da economia passado o impacto mais acentuado da pandemia..
No decorrer das últimas semanas, dois dos três principais índices da bolsa norte-americana - o Nasdaq e o S&P-500 - renovaram recorde atrás de recorde de fechamento, impulsionados principalmente pelo setor de tecnologia em meio a advertências de que os papéis poderiam ter ficado caros demais.
O Dow Jones não chegou a renovar recordes, mas recuperou recentemente as perdas derivadas do primeiro impacto da pandemia do novo coronavírus sobre os mercados financeiros internacionais.
O fato é que os mercados globais de ações recuperaram terreno rapidamente nos últimos meses diante da expectativa de uma vacina para o novo coronavírus, mas investidores começam agora a questionar a justificativa para preços tão elevados em muitos papéis enquanto a pandemia segue avançando pelo mundo.
Pouco antes das 16h40, o Dow Jones caía 3%, o S&P-500 recuava 3,8% e o Nasdaq deixava pelo caminho mais de 5%. Por aqui, o Ibovespa operava em queda de 1,33%, aos 100.559 pontos.
Leia Também
A queda registrada hoje no Ibovespa dá sequência a uma cautela que já se anunciava no pré-mercado. “Incerteza e indecisão são duas palavras que o mercado não gosta”, observa Enrico Cozzolino, analista de ações do banco Daycoval.
No começo da sessão, um início positivo discreto logo deu lugar à continuidade da realização de lucros observada na sessão de ontem. A divulgação dos primeiros detalhes da proposta do governo para a reforma administrativa até fez a bolsa brasileira voltar a subir ainda na primeira hora de pregão, mas o forte recuo dos índices em Wall Street acabou arrastando a bolsa brasileira, que chegou a perder provisoriamente o piso dos 100 mil pontos.
No cenário local, as ações da Vale puxam o Ibovespa para baixo. Também pesam os papéis da B2W, da Magalu e da Via Varejo, impactados hoje pela correlação deles com a Nasdaq.
O que impede um recuo ainda maior da bolsa hoje é o setor bancário. Mais cedo, o Bank of America (BofA) elevou sua recomendação para as ações dos bancos brasileiros. "Vemos este setor como negligenciado demais", escreveu o estrategista David Beker em um relatório
Na avaliação de Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, as ações dos bancos estavam realmente muito descontadas. "Haviam caído muito desde o início da pandemia com questões como provisões e discussões sobre taxação maior e limites à cobrança de juros”, explicou ele.
Cozzolino concorda que as ações dos bancos não estão caras. No entanto, “os múltiplos voltaram a ficar caros e não há avanços que justifiquem pagar mais por bolsa, seja em termos da pandemia ou de política local”, prossegue ele.
Olhando em retrospectiva, Cozzolino aponta que muitos ativos voltaram a ficar caros quando o Ibovespa passou dos 100 mil pontos na recuperação que se seguiu à queda ocorrida no início da pandemia. “Essa volatilidade vista ao longo do último mês nos diz que não existe um consenso.”
Governo apresenta proposta de reforma administrativa
A apresentação da proposta de reforma administrativa foi conduzida pelo Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mário Paes de Andrade.
O governo encaminhou o projeto ao Congresso na forma de Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Deste modo, a proposta precisará ser aprovada por pelo menos dois terços da Câmara e do Senado em dois turnos de votação em cada uma das casas.
O novo regime de vínculos e organização da administração pública é visto como ponto central da medida. Isto passará a valer somente depois da aprovação de uma lei complementar. Pela proposta, haverá um período de transição entre a aprovação da PEC e da lei complementar.
A expectativa é de que reforma administrativa siga pautando o noticiário político pelos próximos meses. Prometida desde o início do mandato de Jair Bolsonaro - e barrada pelo próprio presidente no ano passado -, a proposta do governo finalmente seria entregue hoje pela manhã ao Congresso.
A expectativa dos investidores é que a reforma administrativa enxugue a máquina pública, o que deve ter impacto positivo nos próximos anos.
Grande parte desta expectativa já vinha sendo precificada nos mercados financeiros, mas o tema tem grande peso neste momento, já que o crescimento dos gastos públicos em resposta à pandemia preocupa os agentes do mercado financeiro.
Uma das exigências do Planalto para que a reforma caminhasse ainda em 2020 era a exclusão dos atuais servidores públicos dos efeitos do pacote, o que foi mantido na proposta.
A reforma, que no momento só inclui servidores da União, deve trazer novas possibilidades de vínculos com a administração pública e a obrigatoriedade de um período de experiência.
Um projeto concorrente deve tramitar paralelamente na Câmara. Segundo o projeto, a Câmara deve reduzir o número de cargos efetivos e a média dos salários de novos servidores.
Outra reforma no radar dos investidores é a tributária. Ontem, em evento online promovido pela Febraban, o presidente da Comissão Mista da Reforma Tributária, senador Roberto Rocha, disse que o texto da reforma pode ser votado na primeira semana de outubro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, considera prioritária a realização de uma reforma tributária.
Enquanto isso, a produção industrial brasileira subiu 8% em julho ante junho, mas recuou 3% na comparação com julho do ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Ainda assim, ambas as comparações ficaram acima da mediana das expectativas.
Tudo isso, entretanto, passou para o segundo plano no que se refere ao mercado de ações. O impacto principal das questões locais deu-se nos mercados de câmbio e juros.
Dólar e juro
O dólar abriu oscilando próximo da estabilidade reagindo aos dados da produção industrial brasileira em julho e à apresentação dos detalhes da reforma administrativa.
Entretanto, a moeda norte-americana não demorou a firmar-se em queda ante o real em meio a um movimento de realização dos ganhos acumulados recentemente.
Por volta das 16h40, o dólar operava em queda de 1,30%, cotado a R$ 5,2880.
Já os contratos de juros futuros acompanharam as oscilações do dólar desde a abertura e fecharam em queda.
Confira as taxas negociadas de alguns dos principais contratos negociados na B3:
- Janeiro/2022: de 2,830% para 2,790%;
- Janeiro/2023: de 4,010% para 3,960%;
- Janeiro/2025: de 5,820% para 5,760%;
- Janeiro/2027: de 6,790% para 6,720%.
Bolsa caindo à espera do pacote fiscal que nunca chega? Vale a pena manter ações na carteira, mas não qualquer uma
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há anos. Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
Regulação do mercado de carbono avança no Brasil, mas deixa de lado um dos setores que mais emite gases estufa no país
Projeto de Lei agora só precisa da sanção presidencial para começar a valer; entenda como vai funcionar
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental
Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street
O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário
Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025
Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos