Ibovespa desacelera perdas nesta tarde, após cair forte pela manhã
Bolsas iniciaram o dia em queda no mundo inteiro em razão de ataque americano que matou autoridade de alto escalão do Irã; país persa prometeu retaliação
Como já era de se esperar, a bolsa brasileira abriu em forte queda nesta sexta-feira (3), em linha com as bolsas internacionais, devido à escalada da tensão entre Estados Unidos e Irã. O Ibovespa começou o dia em queda de 1,03%, aos 117.354,48 pontos, perdendo o patamar dos 118 mil pontos atingido ontem.
Mas no final da manhã, as perdas começaram a desacelerar, e por volta das 17h, o índice recuava apenas 0,29%, para 118.227,85 pontos. Já o dólar à vista fechou em alta de 0,78%, a R$ 4,0555, e não teve grande volatilidade durante o dia. Apesar da forte aversão a risco no exterior, por aqui a alta da moeda americana foi amenizada por uma entrada de fluxo comercial.
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As ações da Petrobras chegaram a avançar, beneficiadas pela alta do petróleo no exterior. Com isso, os papéis da estatal seguraram, por algum tempo, a queda do principal índice da bolsa. Porém, os preços viraram há pouco, diante das incertezas do mercado sobre como a alta do petróleo poderia afetar a política de preços da estatal.
Por volta das 17h, as ações preferenciais (PETR4) recuavam 0,20%, e as ordinárias (PETR3) perdiam 0,98%.
O dia amanheceu com a notícia de que um ataque aéreo dos Estados Unidos a um aeroporto em Bagdá na última quinta-feira (2), ordenado pelo presidente americano Donald Trump, matou o general iraniano Qassem Soleimani, um dos homens mais poderosos do Irã. O país persa prometeu retaliação.
Novo choque do petróleo?
Em razão da tensão, os contratos futuros de petróleo fecharam em alta: o preço do WTI para fevereiro subiu 3,06% para US$ 63,05 o barril, e o do Brent para março avançou 3,55%, para US$ 68,60 o barril. O temor é de que o Irã possa fechar o Estreito de Ormuz, prejudicando o tráfego do petróleo na região e elevando seus preços.
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Caso os preços do petróleo subam por um período prolongado, a alta pode acabar sendo repassada aos preços dos combustíveis e até pesar na inflação brasileira, o que também poderia afetar os juros - para cima, no caso.
Para o economista-chefe da corretora Necton, por exemplo, o ataque encerra a chance de novos cortes na Selic neste ano. Já o presidente Jair Bolsonaro disse que o ataque dos EUA vai impactar os preços dos combustíveis.
No entanto, ainda não há consenso no mercado sobre o que poderia ocorrer. Alguns analistas consideram improvável que o Irã feche o Estreito de Ormuz porque isso prejudicaria as suas próprias exportações. Além disso, do ponto de vista da oferta, o preço do petróleo não teria por que ser pressionado de maneira mais permanente.
Também não pode ser descartada a possibilidade de o Fed retomar os cortes de juros de forma a segurar a possível desaceleração econômica que pode se seguir a um conflito de maiores proporções no Oriente Médio.
A aversão a risco no mundo nesta sexta levou o índice VIX de volatilidade - conhecido como "índice do medo" - a subir mais de 20%. Os juros futuros no Brasil acompanhavam o clima e apresentaram alta durante boa parte do dia, mas acabaram fechando com sinais mistos.
Os contratos de DI com vencimento em janeiro de 2021 fecharam em queda, passando de 4,526% para 4,515% e o DI para janeiro de 2027 subiu de 6,711% para 6,75%.
A tensão no Oriente Médio estragou a festa nas bolsas vista ontem, quando os principais índices de ações mundo fecharam em alta, com novos recordes de fechamento para o Ibovespa e os índices americanos. Mesmo assim, já era esperada alguma realização de lucros no dia de hoje.
Na Europa e na Ásia, as bolsas reagiram à notícia sobre o conflito entre EUA e Irã, mas fecharam com sinais mistos. Em Nova York, os índices futuros apontavam queda de mais de 1%, mas as bolsas abriram com uma queda mais modesta e no início da tarde passaram a desacelerar as perdas. Há pouco, o Dow Jones recuava 0,63%, o S&P 500 caía 0,49% e o Nasdaq tinha baixa de 0,56%.
Braskem dispara
As ações da Braskem (BRKM5) registram a maior alta do Ibovespa no pregão de hoje. Por volta das 17h, os papéis subiam 6,55%.
A petroquímica controlada pela Odebrecht informou que as autoridades concordaram em desbloquear os recursos do seu caixa como forma de custear o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação dos 17 mil moradores de Maceió que foram afetados por um afundamento de bairros associado às atividades de exploração de sal-gema pela empresa na capital alagoana.
O montante bloqueado era de R$ 3,7 bilhões, por conta de ações judiciais movidas pelo Ministério Público Estadual, Defensoria Pública e Ministério Público Federal como forma de garantir a indenização dos moradores.
A Braskem irá transferir R$ 1,7 bilhão para uma conta bancária da própria companhia para o programa. A empresa terá, ainda, que manter um capital de giro mínimo no valor de R$ 100 milhões nesta conta, sujeito a auditoria externa.
Natura reage bem à nova fase com a Avon
As ações da Natura & Co. (NTCO3) também figuram entre as maiores altas, reagindo bem aos novos passos da incorporação da Avon. Por volta das 17h, os papéis subiam 4,17%.
Mais cedo, a Natura divulgou a nova diretoria. Há pouco, anunciou, por meio de Fato Relevante, a consumação da incorporação da Avon, além de um aumento de capital de R$ 10,3 bilhões.
Maiores quedas
Já as companhias aéreas têm as maiores quedas do dia, diante da alta do dólar e do petróleo. Por volta das 17h, a Gol (GOLL4) caía 3,26%, enquanto a Azul (AZUL4) recuava 3,15%.
A terceira maior queda fica por conta das ações da B3 (B3SA3), que no mesmo horário tinham baixa de 2,88%. Depois de subir quase 6% no pregão de ontem, as ações da bolsa veem uma realização de ganhos e também uma reação à queda no preço-alvo pelo Itaú BBA.
A corretora do banco Itaú reduziu o preço-alvo dos papéis da B3 de R$ 56 para R$ 52, mas ainda mantém a recomendação "outperform", equivalente à compra.
*Com Estadão Conteúdo
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