Ibovespa patina, mas fecha em alta após a economia doméstica dar um sinal de força
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em novembro surpreendeu positivamente, sustentando o Ibovespa no campo positivo. Já o dólar seguiu pressionado e fechou a R$ 4,19
O script era manjado: cabisbaixo com a economia do país, o mercado é surpreendido por um dado mais forte que o esperado. As mesas de operação ficam em festa, o Ibovespa sobe e o dólar cai — um enredo que já foi repetido diversas vezes.
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E, durante a manhã desta quinta-feira (16), tudo correu conforme a roteiro. Os investidores mostraram-se mais propensos ao risco após o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em novembro vir acima das expectativas, o que deu forças aos ativos domésticos.
Tanto é que, durante a manhã, o Ibovespa chegou a subir 0,59%, aos 117.105,58 pontos, enquanto o dólar à vista tocou os R$ 4,1608 (-0,56%). Com os mercados externos bastante calmos, parecia que o dia estava resolvido.
Só que, no meio da tarde, tivemos uma pequena reviravolta. O Ibovespa começou a perder força e o dólar passou a ser pressionado — um movimento que inverteu a tendência vista durante a manhã. A bolsa brasileira foi ao campo negativo e a moeda americana bateu os R$ 4,19.
O fenômeno, contudo, teve vida curta. Ao fim do dia, o Ibovespa conseguiu se recuperar e fechou em alta de 0,25%, aos 116.704,21 pontos. O dólar não teve a mesma sorte: com uma hora a menos de negociação, a divisa terminou com ganho de 0,14%, a R$ 4,1902 — a maior cotação desde 4 de dezembro.
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Para entender melhor a dinâmica da sessão desta quinta-feira, é melhor ir por partes. Comecemos, então, pelo principal fator de influência: o IBC-Br.
Alívio na economia
Considerado uma prévia do PIB calculada pelo BC, o IBC-Br subiu 0,18% em novembro na comparação com o mês anterior — resultado melhor que a média das expectativas dos analistas consultados pelo Broadcast, que apontava para uma queda de 0,10% no período.
A surpresa positiva veio após a frustração do mercado com os dados de produção industrial e de vendas no varejo em novembro — números que elevaram a preocupação quanto ao desempenho da economia do país.
"Até o IBC-Br, todos os dados tinham vindo abaixo [do esperado]", diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. "O número de hoje dá um alívio, um respiro, mas nada muito relevante".
Os dados mais animadores referentes à economia doméstica desencadearam um movimento de correção nos juros: ontem, com a decepção das vendas no varejo, o mercado aumentou as apostas num novo corte na Selic, de modo a estimular a atividade.
No entanto, com o resultado do IBC-Br, parte dessa leitura perdeu força — e, com isso, as curvas de juros fecharam em alta, devolvendo as baixas de quarta-feira.
Veja como ficaram os DIs mais líquidos:
- Janeiro/2021: de 4,39% para 4,45%;
- Janeiro/2023: de 5,56% para 5,69%;
- Janeiro/2025: de 6,32% para 6,42%;
- Janeiro/2027: de 6,71% para 6,82%.
Instabilidades
Se o IBC-Br trouxe tanto alívio aos investidores, por que o Ibovespa passou por um momento de turbulência e o dólar virou para queda?
Agentes financeiros com quem eu conversei disseram que esse movimento de aversão ao risco não foi desencadeado por alguma notícia de última hora — em linhas gerais, o cenário permaneceu o mesmo durante a tarde.
Um operador que prefere não ser identificado me disse que a grande mudança foi a maior presença dos investidores estrangeiros na ponta vendedora da bolsa: segundo ele, as corretoras do Bank of America Merrill Lynch e do UBS passaram a se desfazer das ações com maior intensidade.
Esse mesmo operador diz que, por outro lado, a corretura do J.P. Morgan atua na ponta compradora desde o início do dia, o que ajudou a dar alguma sustentação à bolsa brasileira — e a manter o Ibovespa em alta ao fim do dia.
Otimismo nos Estados Unidos
Lá fora, os investidores seguiram de bom humor: o Dow Jones fechou em alta de 0,92%, o S&P 500 teve ganho de 0,84% e o Nasdaq avançou 1,06%, dando continuidade ao movimento da sessão passada — e atingindo novos recordes de encerramento.
Segundo Beyruti, a conclusão da primeira fase do acordo comercial entre Washington e Pequim seguiu dando impulso aos mercados americanos — ele analisa que os termos foram bastante favoráveis à economia dos EUA.
Além disso, ele ressalta que foram divulgadas nesta manhã informações animadoras referentes à economia do país: o índice de atividade regional do Fed da Filadélfia superou as expectativas, e o número de novos pedidos de auxílio-desemprego ficou abaixo do projetado.
Nesse cenário, o dólar ganhou força em escala global: o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta com as principais divisas do mundo — como o euro, o iene e a libra — subiu 0,08%.
Em relação às divisas de países emergentes, o comportamento foi o mesmo: o dólar se valorizou em relação ao rublo russo, o peso colombiano, o rand sul-africano e o peso chileno, entre outras — o real, assim, até tentou se descolar dos pares, mas cedeu à pressão global.
Top 5
Confira abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta quinta-feira:
- Hapvida ON (HAPV3): +3,36%
- Usiminas PNA (USIM5): +2,98%
- Ecorodovias ON (ECOR3): +2,80%
- Carrefour Brasil ON (CRFB3): +2,58%
- Telefônica Brasil PN (VIVT4): +2,41%
Veja também quais foram as maiores baixas do índice:
- Cogna ON (COGN3): -2,67%
- Rumo ON (RAIL3): -2,52%
- BR Malls ON (BRML3): -1,99%
- Qualicorp ON (QUAL3): -1,79%
- Embraer ON (EMBR3): -1,75%
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