‘Risco-coronavírus’ volta a pesar e derruba o Ibovespa em mais de 7%; dólar dispara a R$ 4,72
A OMS passou a classificar o surto de coronavírus como pandemia global e, com isso, elevou o nível de nervosismo nos mercados. A notícia desencadeou uma forte onda vendedora na bolsa e fez o Ibovespa se aproximar dos 80 mil pontos.
Não há como dourar a pílula: nos últimos dias, houve uma piora relevante no ambiente para os mercados financeiros globais. O surto de coronavírus e a crise do petróleo fizeram a aversão ao risco dar um salto — e, por aqui, o noticiário doméstico não tem servido como fonte de alívio. Nesse cenário, o Ibovespa e as bolsas do mundo todo têm sofrido.
Nesse contexto de apreensão, muitos investidores apostaram suas fichas num eventual esforço coordenado dos governos e bancos centrais, que lançariam pacotes de estímulo e programas de injeção de recursos, de modo a tentar preservar a economia mundial.
Só que, enquanto esse otimismo permanece apenas no campo da suposição, o noticiário da vida real está mais concreto que nunca — e os desdobramentos são cada vez mais preocupantes.
E é claro que, num momento de elevada aversão ao risco, qualquer informação negativa é capaz de empurrar os mercados precipício abaixo. Pois foi exatamente isso que aconteceu nesta quarta-feira (11).
O Ibovespa abriu a sessão em baixa, devolvendo parte da recuperação vista no pregão anterior. Durante a manhã, as perdas estavam relativamente sob controle, com quedas de "apenas" 4%. Mas, ainda no início da tarde, a situação começou a se deteriorar rapidamente.
O gatilho para essa queda súbita foi a mudança de postura da Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação ao coronavírus, passando a classificar o surto da doença como uma 'pandemia mundial'. Uma notícia que trouxe pânico e deu início a um movimento de venda em massa de ações.
Leia Também
Logo, o Ibovespa começou a mergulhar e, às 15h15, bateu os 10% de queda, acionando o circuit breaker — o mecanismo que interrompe as negociações por 30 minutos para conter a espiral negativa. Foi a segunda vez nesta semana que o botão do pânico foi pressionado, algo que não acontecia desde 2008.
Passado o momento de caos, as operações voltaram a acontecer, mas sem grandes alívios na pressão. Ao fim do dia, o Ibovespa fechou em queda de 7,64%, aos 85.171,13 pontos — é o menor nível de encerramento desde 26 de dezembro de 2018, quando marcava 85.136,11 pontos.
No instante de maior tensão, o Ibovespa chegou a cair 12,38%, tocando os 80.795,50 pontos — o índice não chegava a patamares tão baixos desde 2 de outubro de 2018, última vez em que apareceu abaixo dos 80 mil pontos.
Com a nova queda expressiva vista hoje, o Ibovespa agora acumula impressionantes 13,09% de baixa somente nesta semana. Desde o início de 2020, as perdas já chegam a 26,35%.
Nos Estados Unidos, o dia foi igualmente negativo: o Dow Jones caiu 5,86%, o S&P 500 recuou 4,86% e o Nasdaq fechou em baixa de 4,70%. As bolsas da Europa e da Ásia também terminaram no vermelho, embora não tenham reagido à mudança de avaliação da OMS.
No câmbio, o dólar à vista deu um salto: fechou em forte alta de 1,62%, a R$ 4,7226, ficando a um triz das máximas históricas em termos nominais, a R$ 4,7243. Lá fora, o dia foi marcado pela valorização em massa da moeda americana em relação às divisas de países emergentes, num movimento de fuga de ativos mais arriscados.
(Mais um) dia tenso
Tivemos hoje mais um episódio na onda de forte volatilidade enfrentada pelos mercados globais nesta semana. Veja só o histórico recente do Ibovespa: na segunda-feira, o índice caiu 12,17%; ontem, subiu 7,14%; e, hoje, anulou completamente a recuperação da sessão anterior.
- Eu gravei um vídeo comentando esse comportamento errático do Ibovespa e das bolsas globais. Veja abaixo:
Isso porque, em linhas gerais, o panorama para os mercados continua o mesmo desde segunda-feira: a Arábia Saudita e a Rússia seguem com a guerra de preços do petróleo e, no front do coronavírus, há um temor cada vez maior quanto à disseminação da doença e os impactos à economia, principalmente na Europa.
No velho continente, a situação é particularmente ruim na Itália, que já tem mais de 12 mil casos confirmados da doença e 827 mortes. Em toda a Europa, já há diversos focos de quarentena e instruções para que eventos públicos sejam cancelados — competições esportivas, por exemplo, têm sido adiadas ou realizadas com portões fechados.
Assim, a recuperação de ontem se deve muito mais a fatores técnicos e à esperança quanto a uma ação rápida dos bancos centrais e dos governos para blindar a economia global em meio à crise; hoje, a dinâmica é a mesma, mas na direção oposta: uma correção de eventuais excessos na recuperação e uma desconfiança quanto à urgência das autoridades mundiais, já que os pacotes de estímulos ainda não chegaram.
Dólar dispara
No câmbio, o tom também foi de enorme prudência: o dólar à vista fechou em alta de 1,62%, a R$ 4,7226 — o Banco Central não atuou nesta quarta-feira, interrompendo os leilões extraordinários que eram vistos desde a semana passada, tanto no mecado de câmbio quanto no à vista.
Com a nova esticada do dólar à vista, os investidores mostram-se bem mais cautelosos em relação ao mercado de juros. No início da sessão, os DIs mais curtos operavam em baixa, refletindo as apostas num novo corte na Selic pelo Copom, na próxima semana.
Além disso, a inflação sob controle — o IPCA teve leve alta de 0,25% em fevereiro — aumentava o conforto quanto a novas reduções de juros no curto prazo. Só que, dado o aumento no 'risco-coronavírus', os agentes financeiros tiraram o pé do acelerador, assumindo uma postura mais defensiva nos juros.
Veja abaixo como ficaram as curvas mais líquidas nesta quarta-feira:
- Janeiro/2021: de 3,89% para 4,21%;
- Janeiro/2022: de 4,52% para 5,03%;
- Janeiro/2023: de 5,22% para 5,92%.
Na conramão
Mesmo em meio a todo o pessimismo, duas ações do Ibovespa ainda conseguiram se salvar e fechar em alta: Tim ON (TIMP3), com ganho de 1,23%, e Telefônica Brasil PN (VIVT4), com valorização de 0,48%. Tudo graças ao noticiário corporativo envolvendo as empresas.
Na noite anterior, ambas anunciaram que uniriam esforços para tentar comprar a divisão de telefonia móvel da Oi, empresa que está em recuperação judicial e precisa de recursos para pagar os credores. A iniciativa, assim, foi bem recebida pelo mercado, que correu para o setor de telecomunicações em meio ao caos.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta quarta-feira:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
TIMP3 | TIM ON | 15,70 | +1,23% |
VIVT4 | Telefônica Brasil PN | 54,32 | +0,48% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | 115,00 | -1,54% |
TAEE11 | Taesa units | 29,75 | -1,78% |
CRFB3 | Carrefour Brasil ON | 20,44 | -3,36% |
Confira também as maiores baixas do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
AZUL4 | Azul PN | 30,25 | -16,39% |
GOLL4 | Gol PN | 15,65 | -14,57% |
CSNA3 | CSN ON | 8,02 | -14,41% |
BRKM5 | Braskem PNA | 21,75 | -13,42% |
BPAC11 | BTG Pactual units | 44,41 | -13,36% |
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil
A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias
Seu Dinheiro abre carteira de 17 ações que já rendeu 203% do Ibovespa e 295% do CDI desde a criação; confira
Portfólio faz parte da série Palavra do Estrategista e foi montado pelo CIO da Empiricus, Felipe Miranda
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Na lista dos melhores ativos: a estratégia ganha-ganha desta empresa fora do radar que pode trazer boa valorização para as ações
Neste momento, o papel negocia por apenas 4x valor da firma/Ebitda esperado para 2025, o que abre um bom espaço para reprecificação quando o humor voltar a melhorar
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
A surpresa de um dividendo bilionário: ações da Marfrig (MRFG3) chegam a saltar 8% após lucro acompanhado de distribuição farta ao acionista. Vale a compra?
Os papéis lideram a ponta positiva do Ibovespa nesta quinta-feira (14), mas tem bancão cauteloso com o desempenho financeiro da companhia; entenda os motivos
Menin diz que resultado do grupo MRV no 3T24 deve ser comemorado, mas ações liberam baixas do Ibovespa. Por que MRVE3 cai após o balanço?
Os ativos já chegaram a recuar mais de 7% na manhã desta quinta-feira (14); entenda os motivos e saiba o que fazer com os papéis agora
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
Rodolfo Amstalden: Abrindo a janela de Druckenmiller para deixar o sol entrar
Neste exato momento, enxergo a fresta de sol nascente para o próximo grande bull market no Brasil, intimamente correlacionado com os ciclos eleitorais
O IRB Re ainda vale a pena? Ações IRBR3 surgem entre as maiores quedas do Ibovespa após balanço, mas tem bancão dizendo que o melhor está por vir
Apesar do desempenho acima do esperado entre julho e setembro, os papéis da resseguradora inverteram o sinal positivo da abertura e passaram a operar no vermelho
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Arte de milionária: primeira pintura feita por robô humanoide é vendida por mais de US$ 1 milhão
A obra em homenagem ao matemático Alan Turing tem valor próximo ao do quadro “Navio Negreiro”, de Cândido Portinari, que foi leiloado em 2012 por US$ 1,14 milhão e é considerado um dos mais caros entre artistas brasileiros até então