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Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Prudência pré-feriado

Sinais mistos do Fed elevam a cautela e derrubam o Ibovespa; dólar sobe a R$ 4,93

O Ibovespa fechou em queda de mais de 2% e o dólar ficou acima de R$ 4,90, com os investidores optando por assumir um viés mais defensivo após o Fed ficar em cima do muro em sua decisão de política monetária — e, assim, não reduzir a incerteza dos mercados

Victor Aguiar
Victor Aguiar
10 de junho de 2020
18:07 - atualizado às 19:02
Selo Mercados FECHAMENTO Ibovespa dólar
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Desde o início da sessão desta quarta-feira (10), o mercado só tinha olhos para uma coisa: a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). E, considerando a importância do evento, os investidores optaram por assumir um tom mais cauteloso no Ibovespa e no dólar durante a primeira metade do dia.

No melhor dos cenários, o Fed abrira espaço para a adoção de juros negativos no futuro e sinalizaria mais pacotes de estímulo financeiro para um futuro próximo; no pior, a instituição passaria projeções econômicas pessimistas e diria que já tinha feito tudo que era possível.

Passada a decisão, o que os agentes financeiros viram foi uma mistura desses quadros — o que, na prática, serviu apenas para manter um panorama cheio de incertezas no curto prazo. E, como resultado, a cautela vista durante a manhã foi aprofundada durante a tarde.

Ao fim do dia, o Ibovespa marcava 94.685,98 pontos, em baixa de 2,13% — é a segunda queda seguida do índice, que ainda acumula ganhos de mais de 8% em junho. Lá fora, o Dow Jones (-1,04%) e o S&P 500 (-0,53%) também aprofundaram as perdas.

  • Eu gravei um vídeo para comentar o resultado do IPCA em maio e os impactos desse dado na bolsa, no dólar e nos seus investimentos de maneira geral. Veja abaixo:

A prudência também aumentou no mercado de câmbio: o dólar à vista ampliou o ritmo de alta ao longo da tarde, fechando a sessão com valorização de 0,97%, a R$ 4,9355 — a moeda americana também se fortaleceu em relação às demais divisas de países emergentes.

Além dos fatores ligados ao Fed, também tivemos uma questão doméstica contribuindo para aumentar a cautela no Ibovespa e no dólar: os mercados brasileiros estarão fechados amanhã, em função do feriado de Corpus Christi — as negociações só voltam na sexta-feira (12).

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Em meio às diversas incertezas que persistem no radar, muitos investidores optam por assumir uma posição mais defensiva nas vésperas de feriado. Afinal, caso alguma bomba estoure no Brasil ou no exterior, não será possível fazer ajustes na carteira — e, quando os mercados reabrirem, já será tarde demais.

Assim, é melhor prevenir do que remediar: na dúvida, o dia foi de cautela e realização dos ganhos recentes.

Fed em cima do muro

Conforme esperado pelo mercado, o Fed manteve a taxa de juros dos EUA inalterada na faixa entre 0% e 0,25% ao ano. O comunicado da decisão, contudo, trouxe sinalizações confusas.

Por um lado, o Fed disse que as taxas permanecerão nesse nível "até que haja confiança de que a economia absorveu os eventos recentes", dando a entender que a adoção de juros negativos continua fora do radar.

Mas, por outro, o banco central americano disse estar comprometido com o uso "de todas as suas ferramentas" no atual cenário desafiador, de modo a atingir a empregabilidade máxima e as metas de estabilidade inflacionária — uma fala que pode indicar uma predisposição em lançar novos pacotes de estímulo econômico.

No lado das projeções econômicas, também tivemos indicações igualmente dúbias: em termos de PIB, a autoridade monetária agora vê uma contração de 6,5% em 2020 — as projeções de dezembro apontavam para um crescimento de 2% da economia neste ano.

Para 2021 e 2022, contudo, a visão agora é mais otimista: no ano que vem, a estimativa saltou de alta de 1,9% para avanço de 5%; em 2022, o crescimento esperado agora é de 3,5%, ante 1,8% no último boletim.

Por fim, as próprias declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, também geraram alguma confusão: ele mostrou pessimismo em relação à economia americana no curto prazo, mas reforçou a ideia de "uso dos instrumentos".

IPCA e juros

No mercado de juros futuros, os agentes financeiros digeriram o resultado do IPCA em maio, mostrando uma deflação de 0,38% — o menor índice em 22 anos. É o segundo mês consecutivo de queda nos preços.

O resultado já era esperado pelos investidores e apenas confirmou a percepção de que as pressões inflacionárias, hoje, são inexistentes — o que abre a porta para que o Copom promova mais um corte de 0,75 ponto na Selic, na reunião da semana que vem:

  • Janeiro/2021: estável em 2,18%;
  • Janeiro/2022: de 3,14% para 3,08%;
  • Janeiro/2023: de 4,21% para 4,13%;
  • Janeiro/2025: de 5,78% para 5,66%.

Top 5

Veja abaixo as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta quarta:

CÓDIGONOMEPREÇO (R$)VARIAÇÃO
BTOW3B2W ON99,70+5,50%
MGLU3Magazine Luiza ON64,60+3,56%
TOTS3Totvs ON21,49+1,80%
BEEF3Minerva ON12,77+1,43%
LAME4Lojas Americanas PN30,63+1,26%

Confira também as maiores quedas do índice:

CÓDIGONOMEPREÇO (R$)VARIAÇÃO
GOLL4Gol PN20,24-9,64%
EMBR3Embraer ON9,33-9,51%
AZUL4Azul PN23,50-8,84%
HGTX3Cia Hering ON15,30-7,27%
CIEL3Cielo ON4,56-5,79%

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