Sinais mistos do Fed elevam a cautela e derrubam o Ibovespa; dólar sobe a R$ 4,93
O Ibovespa fechou em queda de mais de 2% e o dólar ficou acima de R$ 4,90, com os investidores optando por assumir um viés mais defensivo após o Fed ficar em cima do muro em sua decisão de política monetária — e, assim, não reduzir a incerteza dos mercados
Desde o início da sessão desta quarta-feira (10), o mercado só tinha olhos para uma coisa: a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). E, considerando a importância do evento, os investidores optaram por assumir um tom mais cauteloso no Ibovespa e no dólar durante a primeira metade do dia.
No melhor dos cenários, o Fed abrira espaço para a adoção de juros negativos no futuro e sinalizaria mais pacotes de estímulo financeiro para um futuro próximo; no pior, a instituição passaria projeções econômicas pessimistas e diria que já tinha feito tudo que era possível.
Passada a decisão, o que os agentes financeiros viram foi uma mistura desses quadros — o que, na prática, serviu apenas para manter um panorama cheio de incertezas no curto prazo. E, como resultado, a cautela vista durante a manhã foi aprofundada durante a tarde.
Ao fim do dia, o Ibovespa marcava 94.685,98 pontos, em baixa de 2,13% — é a segunda queda seguida do índice, que ainda acumula ganhos de mais de 8% em junho. Lá fora, o Dow Jones (-1,04%) e o S&P 500 (-0,53%) também aprofundaram as perdas.
- Eu gravei um vídeo para comentar o resultado do IPCA em maio e os impactos desse dado na bolsa, no dólar e nos seus investimentos de maneira geral. Veja abaixo:
A prudência também aumentou no mercado de câmbio: o dólar à vista ampliou o ritmo de alta ao longo da tarde, fechando a sessão com valorização de 0,97%, a R$ 4,9355 — a moeda americana também se fortaleceu em relação às demais divisas de países emergentes.
Além dos fatores ligados ao Fed, também tivemos uma questão doméstica contribuindo para aumentar a cautela no Ibovespa e no dólar: os mercados brasileiros estarão fechados amanhã, em função do feriado de Corpus Christi — as negociações só voltam na sexta-feira (12).
Leia Também
Em meio às diversas incertezas que persistem no radar, muitos investidores optam por assumir uma posição mais defensiva nas vésperas de feriado. Afinal, caso alguma bomba estoure no Brasil ou no exterior, não será possível fazer ajustes na carteira — e, quando os mercados reabrirem, já será tarde demais.
Assim, é melhor prevenir do que remediar: na dúvida, o dia foi de cautela e realização dos ganhos recentes.
Fed em cima do muro
Conforme esperado pelo mercado, o Fed manteve a taxa de juros dos EUA inalterada na faixa entre 0% e 0,25% ao ano. O comunicado da decisão, contudo, trouxe sinalizações confusas.
Por um lado, o Fed disse que as taxas permanecerão nesse nível "até que haja confiança de que a economia absorveu os eventos recentes", dando a entender que a adoção de juros negativos continua fora do radar.
Mas, por outro, o banco central americano disse estar comprometido com o uso "de todas as suas ferramentas" no atual cenário desafiador, de modo a atingir a empregabilidade máxima e as metas de estabilidade inflacionária — uma fala que pode indicar uma predisposição em lançar novos pacotes de estímulo econômico.
No lado das projeções econômicas, também tivemos indicações igualmente dúbias: em termos de PIB, a autoridade monetária agora vê uma contração de 6,5% em 2020 — as projeções de dezembro apontavam para um crescimento de 2% da economia neste ano.
Para 2021 e 2022, contudo, a visão agora é mais otimista: no ano que vem, a estimativa saltou de alta de 1,9% para avanço de 5%; em 2022, o crescimento esperado agora é de 3,5%, ante 1,8% no último boletim.
Por fim, as próprias declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, também geraram alguma confusão: ele mostrou pessimismo em relação à economia americana no curto prazo, mas reforçou a ideia de "uso dos instrumentos".
IPCA e juros
No mercado de juros futuros, os agentes financeiros digeriram o resultado do IPCA em maio, mostrando uma deflação de 0,38% — o menor índice em 22 anos. É o segundo mês consecutivo de queda nos preços.
O resultado já era esperado pelos investidores e apenas confirmou a percepção de que as pressões inflacionárias, hoje, são inexistentes — o que abre a porta para que o Copom promova mais um corte de 0,75 ponto na Selic, na reunião da semana que vem:
- Janeiro/2021: estável em 2,18%;
- Janeiro/2022: de 3,14% para 3,08%;
- Janeiro/2023: de 4,21% para 4,13%;
- Janeiro/2025: de 5,78% para 5,66%.
Top 5
Veja abaixo as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta quarta:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
BTOW3 | B2W ON | 99,70 | +5,50% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | 64,60 | +3,56% |
TOTS3 | Totvs ON | 21,49 | +1,80% |
BEEF3 | Minerva ON | 12,77 | +1,43% |
LAME4 | Lojas Americanas PN | 30,63 | +1,26% |
Confira também as maiores quedas do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
GOLL4 | Gol PN | 20,24 | -9,64% |
EMBR3 | Embraer ON | 9,33 | -9,51% |
AZUL4 | Azul PN | 23,50 | -8,84% |
HGTX3 | Cia Hering ON | 15,30 | -7,27% |
CIEL3 | Cielo ON | 4,56 | -5,79% |
Tesouro IPCA+ é imbatível no longo prazo e supera a taxa Selic, diz Inter; título emitido há 20 anos rendeu 1.337%
Apesar de volatilidade no curto prazo, em janelas de tempo maiores, título indexado à inflação é bem mais rentável que a taxa básica
Bolsa caindo à espera do pacote fiscal que nunca chega? Vale a pena manter ações na carteira, mas não qualquer uma
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há anos. Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.
Inter (INBR32) projeta Ibovespa a 143.200 mil pontos em 2025 e revela os setores que devem puxar a bolsa no ano que vem
Mesmo com índice pressionado por riscos econômicos e valuations baixos, o banco estima que o lucro por ação da bolsa deve crescer 18%
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
Regulação do mercado de carbono avança no Brasil, mas deixa de lado um dos setores que mais emite gases estufa no país
Projeto de Lei agora só precisa da sanção presidencial para começar a valer; entenda como vai funcionar
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil
A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias