A corrida dos touros: Ibovespa sobe pelo quarto dia e volta aos 93 mil pontos; dólar cai a R$ 5,09
O Ibovespa teve mais um dia de ganhos e chegou ao maior nível desde 6 de março, sustentado pelo otimismo global. O dólar à vista caiu forte, chegando a R$ 5,01 na mínima da sessão

Quando uma manada de touros estoura bem na sua frente, só há uma coisa a fazer: abrir caminho para não ser atropelado. Eis um resumo do que vem acontecendo nas bolsas globais nos últimos dias — e o Ibovespa também faz parte dessa corrida.
O índice brasileiro engatou nesta quarta-feira (3) a quarta alta consecutiva, acumulando ganhos de 6,96% no período: só hoje, saltou mais 2,15%, indo aos 93.002,14 pontos — é o maior nível de fechamento para o Ibovespa desde 6 de março.
Lá fora, o dia foi igualmente positivo nos mercados acionários: na Europa, as principais praças subiram mais de 2%; nos EUA, o Dow Jones (+2,05%), o S&P 500 (+1,36%) e o Nasdaq (+0,78%) também avançaram em bloco.
- Eu gravei um vídeo levantando alguns fatores que explicam o rali dos ativos domésticos, mas também citei alguns fatores de risco que permanecem no horizonte dos mercados. Veja abaixo e deixe sua opinião:
No câmbio, o clima também é bastante tranquilo: o dólar à vista terminou o dia em queda de 2,28%, a R$ 5,0901 — e olha que, ontem, a moeda americana já tinha recuado mais de 3%. Na mínima da sessão, a divisa chegou a ser negociada a R$ 5,0171 (-3,68%).
A pergunta de um milhão de dólares continua a mesma: por que os mercados entraram nessa onda de otimismo? O que instigou os touros a saírem em disparada, pisoteando quem tenta conter o estouro?
Afinal, por mais que a curva de contágio do coronavírus tenha se estabilizado na Europa e nos EUA, a pandemia ainda é um problema real para as economias. E, mesmo que estivéssemos num mundo sem a Covid-19, há grandes problemas sociais e geopolíticos agitando o noticiário.
Leia Também
No Brasil, o clima não é muito diferente: por mais que haja uma trégua nas tensões em Brasília, não é possível dizer que os riscos políticos tenham sido superados — e, vale lembrar, o coronavírus segue em fase ascendente por aqui.
Mas se é verdade que há muitos fatores de risco no radar, também é certo que há uma série de pontos que trazem alívio às negociações. Notícias quanto à recuperação da atividade global e à reabertura das economias da Europa têm injetado ânimo nos investidores.
E, nesta quarta-feira, não foi diferente: a percepção de melhora nas perspectivas globais se sobrepôs mais uma vez a qualquer indicativo de cautela — e as bolsas voltaram a deslanchar.
Crise?
No exterior, há um claro movimento de redução na aversão ao risco, com os mercados globais focando-se na reabertura das economias da Europa e dos EUA — e os recentes indicadores menos fracos que o esperado aumentam a esperança quanto a uma recuperação rápida da atividade.
A interrupção na escalada de tensões entre americanos e chineses também é comemorada pelos investidores, que se sentem mais confortáveis em aumentar as posições na bolsa e diminuir as proteções no mercado de câmbio, vendendo dólares.
Essa percepção mais otimista em relação aos rumos da economia global acaba se sobrepondo às preocupações quanto ao clima social mais conturbado nos EUA e os riscos quanto a uma segunda onda do coronavírus no Ocidente — e, de certa maneira, uma leitura parecida foi vista no cenário doméstico.
Riscos ignorados
Por aqui, os investidores mostraram-se animados com a melhoria vista no cenário político: após um pico de estresse, as relações entre governo, STF e Congresso parecem mais estáveis, sem indícios de deterioração no curto prazo.
Essa "pacificação" foi suficiente para tirar boa parte da pressão vista na bolsa e no dólar durante a primeira quinzena de maio. No entanto, há diversos fatores de risco no horizonte que, a julgar pelo comportamento recente dos ativos domésticos, estão sendo deixados de lado.
A começar pelo próprio estado da economia: boa parte dos economistas já projeta uma baixa de cerca de 6% no PIB em 2020; hoje, foi revelado que a produção industrial desabou 18,8% em abril, o pior resultado da série histórica.
Além disso, há a própria pandemia de coronavírus, ainda longe de estar controlada no país, apesar do início do processo de reabertura das principais capitais. E, por fim, o cenário político ainda encontra-se tumultuado, apesar da trégua vista no momento.
No câmbio, uma notícia ajudou a trazer alívio extra ao dólar à vista: o Tesouro captou US$ 3,5 bilhões no exterior através da emissão de títulos de dívida de 5 e 10 anos — o que implica na entrada de um volume expressivo de recursos no país e, consequentemente, aumenta a oferta de moeda americana no mercado doméstico.
"É dólar entrando no país, além também das captações no exterior de empresas e do superávit na balança, entre outros pontos", diz um analista que prefere não ser identificado.
Esse forte alívio no câmbio, em conjunto com a percepção de fraqueza da economia doméstica evidenciada pela queda forte na produção industrial, também provocou uma forte baixa no mercado de juros futuros.
Tanto os DIs curtos quanto os longos passaram por ajustes negativos hoje, deixando cada vez mais claro que o mercado ainda vê amplo espaço para cortes na Selic:
- Janeiro/2021: de 2,25% para 2,19%;
- Janeiro/2022: de 3,05% para 2,99%;
- Janeiro/2023: de 4,06% para 4,01%;
- Janeiro/2025: de 5,72% para 5,66%.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa hoje:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
IRBR3 | IRB ON | 10,75 | +25,00% |
GOLL4 | Gol PN | 17,59 | +16,41% |
CYRE3 | Cyrela ON | 20,89 | +14,78% |
AZUL4 | Azul PN | 18,45 | +10,15% |
QUAL3 | Qualicorp ON | 26,82 | +9,87% |
Confira também as cinco maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
JBSS3 | JBS ON | 20,60 | -5,55% |
BRKM5 | Braskem PNA | 27,95 | -4,87% |
BEEF3 | Minerva ON | 12,45 | -3,34% |
BRFS3 | BRF ON | 22,65 | -3,00% |
MRFG3 | Marfrig ON | 12,75 | -2,07% |
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia
Ações da Brava Energia (BRAV3) sobem forte e lideram altas do Ibovespa — desta vez, o petróleo não é o único “culpado”
O desempenho forte acontece em uma sessão positiva para o setor de petróleo, mas a valorização da commodity no exterior não é o principal catalisador das ações BRAV3 hoje
Correr da Vale ou para a Vale? VALE3 surge entre as maiores baixas do Ibovespa após dado de produção do 1T25; saiba o que fazer com a ação agora
A mineradora divulgou queda na produção de minério de ferro entre janeiro e março deste ano e o mercado reage mal nesta quarta-feira (16); bancos e corretoras reavaliam recomendação para o papel antes do balanço
Acionistas da Petrobras (PETR4) votam hoje a eleição de novos conselheiros e pagamento de dividendos bilionários. Saiba o que está em jogo
No centro da disputa pelas oito cadeiras disponíveis no conselho de administração está o governo federal, que tenta manter as posições do chairman Pietro Mendes e da CEO, Magda Chambriard
Deu ruim para Automob (AMOB3) e LWSA (LWSA3), e bom para SmartFit (SMFT3) e Direcional (DIRR3): quem entra e quem sai do Ibovespa na 2ª prévia
Antes da carteira definitiva entrar em vigor, a B3 divulga ainda mais uma prévia, em 1º de maio. A nova composição entra em vigor em 5 de maio e permanece até o fim de agosto
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Península de saída do Atacadão: Família Diniz deixa quadro de acionistas do Carrefour (CRFB3) dias antes de votação sobre OPA
Após reduzir a fatia que detinha na varejista alimentar ao longo dos últimos meses, a Península decidiu vender de vez toda a participação restante no Atacadão
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Vai dar para ir para a Argentina de novo? Peso desaba 12% ante o dólar no primeiro dia da liberação das amarras no câmbio
A suspensão parcial do cepo só foi possível depois que o governo de Javier Milei anunciou um novo acordo com o FMI no valor de US$ 20 bilhões
Bolsas perdem US$ 4 trilhões com Trump — e ninguém está a salvo
Presidente norte-americano insiste em dizer que não concedeu exceções na sexta-feira (11), quando “colocou em um balde diferente” as tarifas sobre produtos tecnológicos
Alívio na guerra comercial injeta ânimo em Wall Street e ações da Apple disparam; Ibovespa acompanha a alta
Bolsas globais reagem ao anúncio de isenção de tarifas recíprocas para smartphones, computadores e outros eletrônicos
Azul (AZUL4) busca até R$ 4 bilhões em oferta de ações e oferece “presente” para acionistas que entrarem no follow-on; ações sobem forte na B3
Com potencial de superar os R$ 4 bilhões com a oferta, a companhia aérea pretende usar recursos para melhorar estrutura de capital e quitar dívidas com credores
Smartphones e chips na berlinda de Trump: o que esperar dos mercados para hoje
Com indefinição sobre tarifas para smartphones, chips e eletrônicos, bolsas esboçam reação positiva nesta segunda-feira; veja outros destaques
Guerra comercial: 5 gráficos que mostram como Trump virou os mercados de cabeça para baixo
Veja os gráficos que mostram o que aconteceu com dólar, petróleo, Ibovespa, Treasuries e mais diante da guerra comercial de Trump
A lanterna dos afogados: as 25 ações para comprar depois do caos, segundo o Itaú BBA
Da construção civil ao agro, analistas revelam onde ainda há valor escondido