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Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Mercados hoje

Ibovespa opera em queda e descola do exterior, pressionado pela cautela local; dólar sobe

O Ibovespa segue no campo negativo, com os dados mais fracos da produção industrial neutralizando o otimismo dos mercados externos

Victor Aguiar
Victor Aguiar
9 de janeiro de 2020
10:31 - atualizado às 17:19
Selo Mercados AGORA Ibovespa dólar
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Mesmo após quatro quedas consecutivas, o Ibovespa continua dando sinais de hesitação. O principal índice da bolsa brasileira opera em baixa nesta quinta-feira (9), com os investidores cautelosos em relação aos dados decepcionantes da produção industrial no país.

Por volta de 17/15, o Ibovespa recuava 0,29%, aos 115.908,28 pontos, indo na contramão do exterior: nos EUA, o Dow Jones (+0,69%), o S&P 500 (+0,58%) e o Nasdaq (+0,69%) sobem em bloco; na Europa, o tom foi positivo nas principais praças acionárias.

O mercado doméstico de câmbio também adotou uma postura mais prudente: o dólar à vista fechou em alta de 0,82%, a R$ 4,0852 — foi a maior valorização da divisa americana numa única sessão desde novembro.

E por que os mercados brasileiros estão destoando do resto do mundo?

Há dois vetores opostos influenciando as negociações por aqui. Por um lado, há a percepção de alívio nas tensões entre EUA e Irã, o que dá forças às bolsas mundiais. Mas, por aqui, os dados mais fracos da produção industrial trazem cautela e impedem a recuperação do Ibovespa.

Há pouco, o IBGE divulgou que a produção industrial do país caiu 1,2% em novembro em relação a outubro, resultado que veio abaixo das estimativas de analistas ouvidos pelo Broadcast, que indicavam uma queda de 0,5% no período.

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"Era esperada uma queda, mas a produção industrial veio bem abaixo", diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. "É um pouco desanimador".

O resultado decepcionante da produção industrial diminui a animação quanto à retomada da economia brasileira, que começou a mostrar números mais saudáveis nos últimos meses. Assim, os investidores locais opta por assumir uma postura mais cautelosa, apesar dos ganhos das bolsas internacionais.

Otimismo externo

Lá fora, os agentes financeiros seguem respirando aliviados após o presidente dos EUA, Donald Turmp, assumir um tom mais ameno em seu discurso após os ataques do Irã a duas bases militares do país no Iraque. O chefe da Casa Branca evitou uma escalada militar na região, anunciando apenas sanções econômicas contra Teerã.

A percepção de que os ânimos estão esfriando no Oriente Médio traz algum conforto aos mercados e permite que os investidores aumentem gradualmente a exposição ao risco. No entanto, o tema ainda exige cautela, já que as relações entre EUA e Irã ainda estão bastante deterioradas.

Juros caem

Os números mais fracos da produção industrial desencadeiam movimentos de ajustes negativos nas cuvas de juros, com o mercado apostando que novos cortes na Selic podem ser necessários para dar tração à economia. Veja como estão os principais DIs no momento:

  • Janeiro/2021: estável em 4,45%.
  • Janeiro/2023: de 5,72% para 5,67%;
  • Janeiro/2025: de 6,40% para 6,37%;
  • Janeiro/2027: de 6,76% para 6,73%.

Correção nos bancos...

As ações do setor bancário aparecem entre os destaques negativos da sessão: Itaú Unibanco PN (ITUB4) cai 1,74%, Bradesco PN (BBDC4) recua 2,08%, Banco do Brasil ON (BBAS3) tem baixa de 2,44% e as units do Santander Brasil (SANB11) desvalorizam 1,56%.

Esse comportamento, no entanto, não é desencadeado por um fator nítido. Analistas citam as declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto — ele afirmou que a instituição busca elevar a competição no setor de crédito — como um fator de estresse para as grandes instituições.

Mas as ações do setor bancário têm apresentado desempenhos bastante ruins nos últimos dias — o movimento de hoje, assim, apenas dá continuidade à tendência recente. Todos os papéis citados acima acumulam perdas de mais de 5% somente nesta semana

...e nas commodities

No mercado de commodities, o minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao fechou em baixa de 1,92%, fator que pressiona as ações da Vale e das siderúrgicas nesta quinta-feira.

Vale ON (VALE3) cai 1,61%, CSN ON (CSNA3) recua 1,06%, Gerdau PN (GGBR4) tem perda de 1,30% e Usiminas PNA (USIM5) opera em baixa de 1,38%.

Já o petróleo teve uma sessão relativamente estável, considerando a ausência de novidades no front das tensões no Oriente Médio. O WTI para fevereiro fechou em leve queda de 0,08%, enquanto o Brent para março subiu 0,05%.

Nesse cenário, as ações da Petrobras não se afastam muito do zero a zero: os papéis PN (PETR4) caem 0,62%, enquanto os ONs (PETR3) sobem 0,31%.

Top 5

Confira os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta quinta-feira:

  • B2W ON (BTOW3): +4,07%
  • IRB ON (IRBR3): +3,63%
  • Braskem PNA (BRKM5): +3,25%
  • Magazine Luiza ON (MGLU3): +2,90%
  • Marfrig ON (MRFG3): +1,97%

Veja também as maiores quedas do índice no momento:

  • Cielo ON (CIEL3): -4,98%
  • Banco do Brasil ON (BBAS3): -2,49%
  • CCR ON (CCRO3): -2,26%
  • Bradesco PN (BBDC4): -2,08%
  • Bradesco ON (BBDC3): -1,79%

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