BTG corta estimativas para shoppings por conta do coronavírus, mas ainda considera ações atrativas
Fechamento de shopping centers deve impactar receitas de administradoras, mas ações estão baratas; analistas recomendam suas preferidas
O BTG Pactual cortou estimativas para as ações de administradoras de shopping centers, uma vez que a maioria deles está fechada por conta da pandemia de coronavírus.
Mesmo assim, ainda vê um grande potencial de alta para todas as ações do setor, de 40% em média, dado que os papéis estão baratos, negociando a um retorno recorde ante as taxas de juros reais, "o que representa uma taxa interna de retorno de 8,5%-9,0%, sob estimativas conservadoras (um nível que não vemos desde a crise de 2008)".
Em relatório, os analistas Gustavo Cambauva e Elvis Credendio baixaram as recomendações de BR Malls e Iguatemi de compra para neutro, mantendo a recomendação de compra para Multiplan, preferida do setor. Além disso, o BTG voltou a fazer a cobertura de Aliansce Sonae, também com recomendação de compra.
Os analistas dizem estar adotando previsões mais conservadoras para vendas, tráfego de pessoas e receitas, sobretudo com aluguéis e estacionamentos. Também esperam um aumento da inadimplência e das despesas com juros, dado que as taxas futuras estão em alta. "Estamos, portanto, cortando nossas estimativas para 2020 e 2021", dizem.
O BTG espera que as receitas com estacionamentos se aproximem de zero com a maioria dos shoppings fechados, e que os varejistas tenham dificuldade de pagar os aluguéis.
A previsão é de que a inadimplência dispare e os operadores precisem conceder descontos ou renegociar os aluguéis. Os analistas destacam que a suspensão de pagamentos de aluguéis em shoppings fechados já está ocorrendo, e que os valores serão renegociados futuramente.
"Pelo lado positivo, nós acreditamos que este impacto deverá ser de curto prazo (estimamos dois trimestres), ao passo que o aspecto defensivo dos shoppings para o longo prazo deve durar mais tempo", diz o relatório.
Multiplan é 'top pick'
Os analistas cortaram as estimativas de FFO (Funds From Operations, o fluxo de caixa proveniente das operações) em 40% em média para os shoppings brasileiros em 2020, e 20% para 2021. Eles dizem acreditar que o segundo e o terceiro trimestres serão "extremamente fracos" e que o período de suspensão das atividades vai "definitivamente pesar na habilidade dos shoppings de elevar os aluguéis em 2021".
Neste cenário mais conservador e cauteloso, os analistas consideram que as ações da Multiplan (MULT3) são "o melhor veículo para navegar águas turbulentas". Segundo o BTG, a companhia combina um portfólio AAA (alto padrão, mais defensivo), baixa alavancagem (relação dívida líquida/Ebitda de 2,4 vezes) e valuation atrativo (8,5% de taxa interna de retorno).
Além disso, a empresa é menos impactada por potenciais quedas nas receitas de estacionamentos, além de ter taxas de vacância e inadimplência historicamente baixas, dizem os analistas do BTG.
Sendo assim, o BTG mantém recomendação de compra para Multiplan, com preço alvo de R$ 29, um potencial de valorização (upside) de 41% em 12 meses. As ações da Aliansce Sonae também têm recomendação de compra, com upside de 41% e preço-alvo de R$ 38.