Em sessão volátil, Ibovespa fecha em baixa com tombo de bolsas nos Estados Unidos, mas mantém 101 mil
Índice chegou a perder 100 mil pontos, refletindo aversão ao risco no exterior com repique de casos de coronavírus lá fora que derrubou bolsas americanas e europeias. Dólar também recua, enquanto juros ficam estáveis à espera do Copom

O Ibovespa iniciou o primeiro pregão da semana em leve alta, nesta segunda-feira (26), destoando do mau humor externo. No fim do dia, após certa volatilidade, é verdade que o índice até cedeu à cautela externa e encerrou em baixa. Mas a queda foi tão leve que continuou, em parte, "descolada" da grande sessão negativa em Nova York.
Por lá, os principais índices acionários caíram ao menos 1,6%, em um misto de cautela com o aumento dos casos do coronavírus e a perspectiva para a recuperação econômica americana.
Por aqui, os danos foram bem menores: o Ibovespa encerrou a sessão em queda de 0,24%, cotado aos 101.016,96 pontos.
Foi um caminho pouco linear. Após abrir no azul, o índice oscilou próximo da estabilidade nas primeiras horas da tarde.
Por volta das 14h30, se firmou no terreno negativo e alcançou a mínima intradiária, perdendo os 100 mil pontos, em uma forte queda de 1,48%, aos 99.761,84 pontos. A partir daí, moderou as perdas até encerrar apontando levemente para baixo.
"No curto prazo, vai ter volatilidade", diz William Teixeira, responsável pela área de renda variável da Messem Investimentos, escritório filiado à XP Investimentos. "Só após meados de novembro, depois de eleições americanas e aqui, é possível esperar um mercado mais leve para irmos acima dos 100 mil", afirma ele.
Leia Também
O especialista em ações destaca que o cenário externo negativo com a covid-19 e a falta de estímulos para a economia dos EUA pesou por aqui hoje.
Mas com a volta da agenda de reformas à pauta do Congresso, ele vê espaço para recuperação do índice, que acumula queda de 12,65% no ano, em razão da defasagem de papéis pesados — como Ambev, Petrobras e Bradesco, que caíram ao menos 23% em 2020.
Entre os destaques da bolsa de hoje, de novo estão as empresas que mais têm sofrido com a pandemia, reagindo às novas infecções nos EUA e na Europa: aéreas, de viagem e shoppings.
Top 5
Os papéis de Multiplan, Azul, Gol e CVC ficaram entre as cinco maiores quedas percentuais do dia.
Lá fora, o cenário foi de cautela nos mercados acionários na esteira do aumento dos casos de coronavírus nos Estados Unidos e na Europa, que forçou em alguns dos países do velho continente novas medidas de distanciamento social.
A extensão da pandemia alimenta a desconfiança dos investidores em relação a essas empresas aqui no Brasil, que necessitam da manutenção de liberdade de deslocamento e circulação para manterem seus negócios saudáveis. Veja as maiores quedas do índice:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO | VARIAÇÃO |
MULT3 | Multiplan ON | R$ 20,30 | -4,29% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 14,43 | -4,25% |
BRML3 | BR Malls ON | R$ 9,09 | -3,61% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 18,96 | -3,61% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 26,14 | -3,54% |
As ações do Santander lideraram as altas do índice hoje, com a expectativa para o balanço da companhia, a ser divulgado amanhã, antes da abertura dos mercados. Como o Vinícius Pinheiro escreveu, os grandes bancos começam a olhar crise pelo retrovisor, mas o lucro dessas companhias ainda deve cair.
Os papéis da Ambev também avançaram hoje com base nas expectativas para o balanço da empresa. Os resultados trimestrais da Ambev serão divulgados na quinta (29). Foi o mesmo caso das ações da Cielo, que reportam seus números na terça (27).
O setor de saúde também estrelou os ganhos do índice hoje, uma vez que tanto ações de Hapvida e NotreDame Intermédica tiveram avanços fortes. A NotreDame foi às compras de novo, em busca de consolidação no Estado do Paraná, dando aos investidores a visão de que o setor está em expansão, puxando também os papéis de Hapvida. Veja as maiores altas do dia:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO | VARIAÇÃO |
SANB11 | Santander Brasil units | R$ 34,92 | 3,74% |
CIEL3 | Cielo ON | R$ 3,88 | 3,47% |
GNDI3 | Intermédica ON | R$ 66,53 | 3,40% |
HAPV3 | Hapvida ON | R$ 65,70 | 3,09% |
ABEV3 | Ambev ON | R$ 14,20 | 2,23% |
Dólar e juros
O dólar, como o Ibovespa, mostrou volatilidade, após registrar ganhos pela manhã e depois chegar a cair. A divisa terminou o dia em queda de 0,26%, a R$ 5,6151.
O dia hoje, no entanto, foi de valorização da moeda americana com a fuga ao risco reparada pelo tombo das bolsas. Segundo o Dollar Index (DXY), índice que compara o dólar a uma cesta de moedas como euro, libra e iene, a divisa subiu 0,33%.
O dólar também se valorizou frente a moedas pares emergentes do real, como peso mexicano, rublo russo e rand sul-africano.
"De um jeito ou de outro, nossa bolsa foi melhor do que a de Nova York e o real foi melhor que os pares", diz Cleber Alessie, operador de câmbio da Commcor. "Me parece que o cenário de calmaria política ainda ajuda a taxa de câmbio."
"Acho difícil um câmbio apreciando nos próximos meses, tem mais cara de se aproximar de R$ 6 do que de R$ 5", diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
À espera do Copom de quarta (28), os juros futuros fecharam próximos da estabilidade, com pequena alta em vértices mais longos, após operarem para cima a maior parte do dia, refletindo a aversão ao risco no exterior, se ajustando à queda do dólar.
Segundo Vale, no entanto, a curva de juros nos trechos mais longos continua pressionada em razão do cenário fiscal, uma vez que a taxa de vencimento de janeiro de 2022, para daqui a pouco mais de um ano, continua acima dos 3%.
Os economistas agora estipulam a Selic em 2,75% ao fim do ano que vem, mostrou a pesquisa Focus (previam 2,5% antes).
"O BC tem que sentar e falar que ele espera isso ou aquilo, tem que ser mais vocal para o mercado convergir nas expectativas para o futuro dos juros", diz ele.
Confira as taxas dos principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 1,96% para 1,955%
- Janeiro/2022: estável em 3,43%
- Janeiro/2023: de 4,87% para 4,88%
- Janeiro/2025: estável em 6,60%
Bolsas americanas fecham em queda forte
Em meio à nova onda de coronavírus nos EUA e na Europa e também com a proximidade das eleições presidenciais americanas, os investidores internacionais optaram pela cautela. O cenário para a aprovação de um novo pacote de estímulos à economia americana, tão esperado para revigorar a atividade do país, segue indefinido.
Hoje, o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse que as negociações pelo pacote "certamente desaceleraram", mas ainda não acabaram.
A presidente da Câmara dos Deputados do país, a democrata Nancy Pelosi, disse que quer um pacote, mas criticou a falta de plano para testes de covid-19 na ajuda fiscal.
Nesse cenário de vaivém, as bolsas americanas, que começaram o dia em baixa, continuaram a sessão em baixa e fecharam em quedas fortes. O S&P 500 caiu 1,86%, o Dow Jones, 2,3% e o Nasdaq, 1,64%.
As principais praças europeias também terminaram em queda.
Os Estados Unidos registraram mais de 80 mil casos tanto na sexta como no sábado e na França no domingo houve mais de 52 mil casos identificados, o que são as novas máximas de casos nos dois países, em meio à chamada segunda onda da covid-19.
Além da preocupação com o avanço do coronavírus, os investidores também repercutem de forma negativa alguns indicadores econômicos divulgados nesta manhã.
Sem pílula de veneno: Casas Bahia (BHIA3) derruba barreira contra ofertas hostis; decisão segue recuo de Michael Klein na disputa por cadeira no conselho
Entre as medidas que seriam discutidas em AGE, que foi cancelada pela varejista, estava uma potencial alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill; entenda
“Trump vai demorar um pouco mais para entrar em pânico”, prevê gestor — mas isso não é motivo para se desiludir com a bolsa brasileira agora
Para André Lion, sócio e gestor da estratégia de renda variável da Ibiuna Investimentos, não é porque as bolsas globais caíram que Trump voltará atrás na guerra comercial
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China
CEO da Embraer (EMBR3): tarifas de Trump não intimidam planos de US$ 10 bilhões em receita até 2030; empresa também quer listar BDRs da Eve na B3
A projeção da Embraer é atingir uma receita líquida média de US$ 7,3 bilhões em 2025 — sem considerar a performance da subsidiária Eve
Ação da Vale (VALE3) chega a cair mais de 5% e valor de mercado da mineradora vai ao menor nível em cinco anos
Temor de que a China cresça menos com as tarifas de 104% dos EUA e consuma menos minério de ferro afetou em cheio os papéis da companhia nesta terça-feira (8)
Wall Street sobe forte com negociações sobre tarifas de Trump no radar; Ibovespa tenta retornar aos 127 mil pontos
A recuperação das bolsas internacionais acompanha o início de conversas entre o presidente norte-americano e os países alvos do tarifaço
Minerva (BEEF3): ações caem na bolsa após anúncio de aumento de capital. O que fazer com os papéis?
Ações chegaram a cair mais de 5% no começo do pregão, depois do anúncio de aumento de capital de R$ 2 bilhões na véspera. O que fazer com BEEF3?
Não foi só a queda do preço do petróleo que fez a Petrobras (PETR4) tombar ontem na bolsa; saiba o que mais pode ter contribuído
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teria pedido à estatal para rever novamente o preço do diesel, segundo notícias que circularam nesta segunda-feira (7)
Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho
Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento
Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025
O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta
Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3
Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel
Equatorial (EQTL3): Por que a venda da divisão de transmissão pode representar uma virada de jogo em termos de dividendos — e o que fazer com as ações
Bancões enxergam a redução do endividamento como principal ponto positivo da venda; veja o que fazer com as ações EQTL3
Ibovespa chega a tombar 2% com pressão de Petrobras (PETR4), enquanto dólar sobe a R$ 5,91, seguindo tendência global
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump na semana passada
Ibovespa acumula queda de mais de 3% em meio à guerra comercial de Trump; veja as ações que escaparam da derrocada da bolsa
A agenda esvaziada abriu espaço para o Ibovespa acompanhar o declínio dos ativos internacionais, mas teve quem conseguiu escapar
Brasil x Argentina na bolsa: rivalidade dos gramados vira ‘parceria campeã’ na carteira de 10 ações do BTG Pactual em abril; entenda
BTG Pactual faz “reformulação no elenco” na carteira de ações recomendadas em abril e tira papéis que já marcaram gol para apostar em quem pode virar o placar
Disputa aquecida na Mobly (MBLY3): Fundadores da Tok&Stok propõem injetar R$ 100 milhões se OPA avançar, mas empresa não está lá animada
Os acionistas Régis, Ghislaine e Paul Dubrule, fundadores da Tok&Stok, se comprometeram a injetar R$ 100 milhões na Mobly, caso a OPA seja bem-sucedida
As únicas ações que se salvaram do banho de sangue no Ibovespa hoje — e o que está por trás disso
O que está por trás das únicas altas no Ibovespa hoje? Carrefour sobe mais de 10%, na liderança do índice
Mark Zuckerberg e Elon Musk no vermelho: Os bilionários que mais perdem com as novas tarifas de Trump
Só no último pregão, os 10 homens mais ricos do mundo perderam, juntos, em torno de US$ 74,1 bilhões em patrimônio, de acordo com a Bloomberg
China não deixa barato: Xi Jinping interrompe feriado para anunciar retaliação a tarifas de Trump — e mercados derretem em resposta
O Ministério das Finanças da China disse nesta sexta-feira (4) que irá impor uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem