Ibovespa fecha em queda sob pressão de Vale e Itaú, enquanto dólar sobe com risco fiscal
Bolsas americanas recuam com possibilidade de lockdown se sobrepondo ao início da vacinação nos Estados Unidos; juros avançam
O Ibovespa teve uma sessão instável nesta segunda-feira (14), descolando-se do bom humor externo que prevaleceu nas bolsas europeias, embora nos Estados Unidos apenas o índice de ações de tecnologia, o Nasdaq, tenha terminado o dia no azul, ignorando as boas perspectivas pela vacina e refletindo a possibilidade de lockdowns no país.
O principal índice acionário da B3 oscilou perto da estabilidade durante a maior parte da sessão, eventualmente firmando-se definitivamente no campo negativo para encerrar ali, em queda de 0,45%, aos 114.610 pontos, refletindo também o risco fiscal e, claro, o desempenho de seus principais componentes.
As quedas de Vale, Ambev e Itaú, além de Bradesco, pressionaram o Ibovespa em pontos, enquanto, na ponta ganhadora, papéis como os de Magazine Luiza, BTG Pactual e Banco do Brasil foram as grandes pressões de alta do índice.
No cenário doméstico local, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) entrou como o primeiro item na pauta do Senado na quarta (16). Com a sua aprovação, o governo não fica impedido de realizar gastos a partir de 1º de janeiro.
No entanto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não incluiu na pauta a apreciação de vetos relativos ao pacote anticrime e ao marco do saneamento, e a liderança da minoria do Congresso sinalizou que a oposição não vai votar a LDO sem os vetos faltantes, o que causa alguma aflição no mercado.
Além disso, o senador Alessandro Vieira, relator do projeto de auxílio emergencial, protocolou uma proposta de prorrogação do benefício até março.
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"Estamos em um patamar em que o índice está mais sensível ao noticiário fiscal do que quando estávamos nos 105, 106 mil pontos", diz Gabriel Mota, operador de renda variável da RJ Investimentos.
"O mercado começa a ficar mais criterioso no sentido de o governo entregar coisas mais concretas", diz Mota, completando que o noticiário sobre fiscal e auxílio emergencial pesou hoje, à medida que o Ibovespa se aproxima mais do seu "preço justo" conforme o previsto por analistas do mercado.
No exterior, o tom fortemente positivo se exauriu, apesar das boas novas no front do combate ao coronavírus.
A Pfizer começou hoje a realizar as entregas de sua vacina contra o coronavírus nos EUA, o que a princípio elevou o otimismo de que os níveis crescentes de infecção possam ser controlados no futuro próximo, levando ao fim das restrições às atividades sociais e comerciais e aumentando o nível da atividade econômica.
O otimismo foi o motor inicial da sessão, levando o Dow Jones à sua máxima histórica no "intraday".
No entanto, a possibilidade de fechamento das atividades posta na mesa pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que alertou para a necessidade de novas medidas duras de restrição para frear a disseminação do vírus pesou no humor dos investidores e fez com que S&P 500 e Dow Jones terminassem o dia em queda.
Por sua vez, o Nasdaq, o índice de ações de tecnologia, que saíram como as grandes beneficiadas das medidas de isolamento social, foi o único dos principais índices acionários de Nova York a encerrar o dia no azul.
Quem sobe, quem desce
As ações da Vale — que sozinhas já representam 13% da carteira do Ibovespa — recuaram com a queda do minério de ferro, movimento que também impactou os papéis de siderúrgicas CSN ON e Usiminas PNA, que terminaram entre as principais quedas percentuais do índice.
A commodity negociada no porto de Qingdao recuou pela primeira vez em 11 sessões, marcando baixa de 4%.
Papéis da Petrobras terminaram mistos, com Petrobras ON em leve recuo de 0,3%, e Petrobras PN, em ganho de 0,2%. As ações do Itaú, outra blue chip que tem participação de 7% na carteira do Ibovespa, caíram mais fortemente (1,2%), indicando uma realização por parte de investidores estrangeiros, bem como as da Ambev (-1,2%).
Os papéis da Cogna lideraram as quedas percentuais, apesar da reação inicial positiva à nova projeção da companhia de que irá retomar o Ebitda de 2019 em 2024.
Veja as principais quedas:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
COGN3 | Cogna ON | 5,01 | -5,47% |
SBSP3 | Sabesp ON | 45,26 | -4,09% |
YDUQ3 | Yduqs ON | 33,79 | -4,01% |
CSNA3 | CSN ON | 27,21 | -3,68% |
AZUL4 | Azul PN | 39,54 | -2,90% |
Na ponta positiva, as ações de BTG e Magazine Luiza lideraram as altas do Ibovespa. A sessão foi positiva também para as construtoras do índice, como MRV e EZTEC. Confira os principais ganhos percentuais:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
BPAC11 | BTG Pactual units | 86,08 | 5,49% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | 24,05 | 4,61% |
BRDT3 | BR Distribuidora ON | 22,22 | 3,69% |
UGPA3 | Ultrapar ON | 23,68 | 3,18% |
EZTC3 | EZTEC ON | 45,26 | 2,75% |
Dólar e juros sobem de olho em risco fiscal
A percepção de risco da parte de agentes financeiros em relação a um descontrole das contas públicas pressionou a moeda americana e elevou os juros futuros nesta segunda, embora estes tenham terminado a sessão distantes das suas máximas.
O Dollar Index (DXY), que compara o dólar a rivais fortes como euro, libra e iene, continuou a se enfraquecer, registrando queda de 0,3% para 90,71 agora, mantendo-se nos menores níveis desde abril de 2018.
No entanto, comparado à maior parte das divisas emergentes, o dólar se fortaleceu — e foi este o caso também contra o real. No fim do dia, a moeda americana avançou 1,5%, cotada aos R$ 5,1228. No início da sessão, o dólar até chegou a apontar queda firme, de 0,7%, para R$ 5,01.
Apesar da alta, o dólar continua nos menores níveis em seis meses frente ao real. No mês, tem baixa de 4,2% — no ano, entretanto, ainda registra alta de 28%.
Os juros futuros, por sua vez, fecharam em alta, mas se distanciaram das máximas vistas mais cedo.
Os avanços ainda assim foram leves, de 3 pontos-base (0,03 ponto percentual) em taxas intermediárias e longas, como aquelas para os contratos de janeiro/2023 e janeiro/2025.
"A política pesou um pouco com os temores de não votarem LDO", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
Veja as taxas de fechamento dos principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 1,904% para 1,908%
- Janeiro/2022: de 3,00% para 3,03%
- Janeiro/2023: de 4,33% para 4,36%
- Janeiro/2025: de 5,90% para 5,93%
No cenário macro, a atividade econômica mostrou novamente frustração das expectativas.
Ainda pela manhã, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de prévia do PIB, apontou crescimento de 0,86% da economia em outubro.
Foi o sexto avanço mensal consecutivo, mas a leitura veio abaixo da mediana das estimativas de 28 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast, que apontava para um crescimento de 1,10% do indicador. Todas as projeções indicavam expansão, da faixa 0,40% a 2,0%.
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