Dólar tomba e fica mais perto de custar menos de R$ 5, enquanto Ibovespa retoma 115 mil pontos
Moeda americana recua aos níveis de junho com swap e Copom preocupado com inflação; juros curtos e intermediários sobem
O dólar está mais perto de custar menos do que R$ 5, coisa que não se vê há seis meses.
Esta quinta-feira (10) foi uma sessão especial para a moeda brasileira em comparação com a americana, na qual diversos fatores se combinaram para enfraquecer significativamente o dólar.
No fim do dia, a divisa fechou em queda de 2,6%, para R$ 5,0379, no menor nível de fechamento desde 10 de junho — na ocasião, encerrou o dia cotado a R$ 4,9334.
O desempenho do dólar se explica pela adoção de uma postura mais dura do Banco Central (BC) quanto ao atual estado da inflação, uma orientação "hawkish" no jargão da política monetária, o que indica a possibilidade de elevação da taxa básica de juros, a Selic, para conter a alta dos preços.
Uma Selic maior tende a depreciar o dólar porque atrai mais capitais estrangeiros para a renda fixa do Brasil, em um mundo de juros reais negativos no qual os bancos centrais afrouxaram ao máximo as suas políticas para resgatar as suas economias dos impactos do coronavírus.
No comunicado de ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária) fechou a porta para cortes de juros ao retirar a menção a um pequeno espaço remanescente para flexibilizações, subiu o tom sobre os núcleos de inflação e, também, disse que poderá remover o forward guidance, conforme o ano de 2022 ganha mais peso no seu horizonte relevante para a política monetária.
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O BC repara que as expectativas de inflação para 2022, ano que ganhará importância no seu horizonte relevante daqui em diante, estão atualmente em 3,5%, exatamente no centro da meta estabelecida para o ano.
"A manutenção desse cenário de convergência da inflação sugere que, em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas", disse o BC, ressalvando, porém, que o fim desse guidance não significa necessariamente alta de juros.
O fluxo de investidores estrangeiros na bolsa brasileira também permaneceu em curso, o que diminui a procura por dólar internamente e reduz a cotação da moeda.
Além disso, o BC realizou, pela manhã, um leilão extraordinário de swap (venda de dólar no mercado futuro), que vendeu US$ 800 milhões.
"Esse leilão novo com certeza fez preço, além do fluxo de investidores estrangeiros, que continuam vindo para a bolsa", diz Jefferson Rugik, diretor-superintendente da corretora Correparti.
O comunicado do Copom subindo o tom sobre inflação e sinalizando o fim do forward guidance também impactou as taxas futuras dos depósitos interbancários.
Os juros futuros registraram altas firmes — taxas de contratos curtos e intermediários, como para janeiro/2022 e janeiro/2023, subiram 8 pontos-base (0,08 ponto percentual).
As taxas mais longas, como as para janeiro/2025, por sua vez, recuaram na medida em que os agentes financeiros reprecificaram as suas apostas para a Selic, aumentando as chances de uma alta do juro básico no curto e no médio prazo, mas reduzindo no longo.
Pela manhã, o Tesouro Nacional vendeu o lote integral de 45 milhões de LTNs (Letras do Tesouro Nacional), títulos prefixados curtos — 20 milhões para outubro de 2021; 8 milhões para outubro de 2022 e 17 milhões para janeiro de 2024 — e de 2,5 milhões de NTN-Fs (Notas do Tesouro Nacional série F), prefixados longos — 2 milhões para janeiro de 2027 e 500 mil para janeiro de 2031.
Das 1,5 milhões LFTs (Letras Financeiras do Tesouro Nacional), títulos atrelados à variação da Selic, oferecidas, foram vendidas 1,19 milhão — 251 mil para março de 2022 e 948 mil para março de 2027.
Confira os principais vencimentos agora:
- Janeiro/2021: de 1,910% para 1,906%
- Janeiro/2022: de 3,00% para 3,08%
- Janeiro/2023: de 4,39% para 4,46%
- Janeiro/2025: de 6,05% para 6,00%
Ibovespa de volta aos 115 mil
O principal índice acionário da B3 terminou a quinta em uma alta vigorosa, de 1,9% — a maior desde 1º de dezembro —, aos 115.130 pontos, no maior patamar de fechamento desde 19 de fevereiro, quando encerrou a sessão cotado aos 116.520 pontos.
A alta de hoje traz o Ibovespa mais perto do nível no qual começou o ano, reduzindo as perdas acumuladas em 2020 para apenas 0,45%.
As blue chips uma vez mais fizeram a diferença e puxaram o índice, fazendo-o ignorar a leve cautela em Nova York.
As ações de Petrobras dispararam no mínimo 3,3%(embaladas pelo petróleo). Enquanto isso, entre os bancos, Itaú PN disparou 3,3%, Bradesco PN, 4,1%, Banco do Brasil ON, 5,2%, e Vale ON (refletindo o salto do minério de ferro) avançou "mais modestos" 2,8%.
Enquanto isso, os principais índices acionários à vista em Wall Street, como S&P 500 e Dow Jones, fecharam em queda, após o número de pedidos de seguro-desemprego avançar para 853 mil nos Estados Unidos, acima da expectativa de mercado de 725 mil.
O dado aponta uma recuperação econômica do país mais lenta do que a esperada e faz o foco se voltar, uma vez mais, ao acordo por estímulos fiscais no país.
Os investidores adicionaram ao mau cenário econômico americano a continuidade do impasse acerca de um acordo por estímulos fiscais em Washington.
Hoje, a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, e o líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, ambos democratas, anunciaram a rejeição do pacote proposto pelo secretário do Tesouro Steven Mnuchin de US$ 920 bilhões, já que o plano inclui menos recursos para benefícios a desempregados.
Quem sobe, quem desce
A maior alta percentual do Ibovespa foi do papel da CSN por uma novidade corporativa: a empresa anunciou novas projeções para 2020 e para o período de 2021 a 2025.
A siderúrgica, por exemplo, espera fechar este ano com um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 11,2 bilhões — acima dos R$ 9,7 bilhões de anteriormente.
A companhia também reestimou as expectativas para alavancagem financeira — para 2020, a CSN espera atingir uma relação abaixo de 2,50 vezes, inferior às 2,99 vezes de antes.
Ao exemplo da Petrobras, ações da PetroRio também dispararam, terminando o dia entre as principais altas do dia.
Confira os maiores ganhos percentuais do índice:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
CSNA3 | CSN ON | 28,53 | 10,50% |
PRIO3 | PetroRio ON | 57,76 | 6,08% |
BBAS3 | Banco do Brasil ON | 37,83 | 5,20% |
SULA11 | SulAmérica units | 44,59 | 4,87% |
MULT3 | Multiplan ON | 25,95 | 4,47% |
Na ponta perdedora, exportadoras como Suzano, JBS e BRF lideram as baixas com o tombo do dólar. Empresas punidas pela crise da pandemia, Azul e Embraer voltaram a cair hoje, na medida em que investidores aproveitaram para realizar lucros recentes e permanece alguma incerteza acerca de qual processo de vacinação será adotado no país — ações da Gol ficaram no zero a zero.
Hoje, a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) autorizou o uso emergencial da vacina contra o coronavírus, restrita a um “público previamente definido”, enquanto o Instituto Butantan já deu início à produção da vacina CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus (covid-19), ainda em fase de testes, produzida pelo instituto em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O Citibank observa que a vacinação é essencial para a retomada da economia brasileira.
De outro lado, papéis de varejistas vencedoras com as medidas de isolamento social, como Magazine Luiza e Via Varejo (ações que acumulam ao menos 50% de alta em 2020), que possuem maior penetração online, também perderam hoje — bem como empresas consolidadas no varejo físico, como Lojas Renner e Cia. Hering.
Pela manhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou dados bastante positivos a respeito da atividade varejista em outubro. As vendas cresceram pelo sexto mês seguido desde maio, apresentando alta de 0,9% frente a setembro, bem acima do esperado pelo mercado.
Veja também as maiores quedas:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
SUZB3 | Suzano ON | 50,55 | -3,68% |
BRFS3 | BRF ON | 22,11 | -2,51% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | 23,40 | -2,42% |
AZUL4 | Azul PN | 40,05 | -2,05% |
LREN3 | Lojas Renner ON | 43,81 | -1,64% |
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