Ibovespa sobe forte com exterior impulsionado por Vale e Petrobras, e dólar volta a cair
Juros futuros recuam, após Banco Central sinalizar que não deve elevar Selic no curto prazo
O Ibovespa iniciou a sessão desta terça-feira (15) em alta, seguindo os índices à vista das bolsas americanas e as bolsas europeias, que sobem em sua maioria.
Por volta das 17h10, o principal índice acionário da B3 avançava 1,3%, para 116.100 pontos, puxado pelo desempenho de blue chips como Vale (refletindo nova alta do minério de ferro), Petrobras (reagindo à alta do petróleo), Itaú e Bradesco. Ações de siderúrgicas como CSN e Usiminas disparam e lideram as altas percentuais do índice.
Com essa alta, o Ibovespa não apenas apagou as perdas em 2020 como passou a marcar ganhos no ano.
Lá fora, todos os índices acionários à vista de Nova York marcam alta, enquanto no Velho Mundo apenas o FTSE 100, da bolsa de Londres, fechou em queda, em meio a persistentes incertezas sobre um acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia que suceda o Brexit.
Nos Estados Unidos, os investidores reagem com otimismo ao cenário político.
Um grupo bipartidário de congressistas divulgou detalhes de sua proposta de US$ 908 bilhões na segunda (14), dividindo o pacote em dois projetos separados. O maior deles, de US$ 750 bilhões aproximadamente, abrange medidas que tanto republicanos quanto democratas concordaram em apoiar.
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Enquanto isso, o projeto menor inclui itens mais polêmicos, como ajuda ao governo estadual e local, que têm dificultado o andamento da pauta. Os legisladores procuram incluir o pacote de estímulos ao projeto de lei de gastos do governo para o ano fiscal, que deve ser aprovado até sexta (18).
No front da vacina, após o início da vacinação ontem com a vacina da Pfizer, o órgão regulador de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos apontou hoje que o imunizante da Moderna é "altamente eficaz", abrindo caminho para que o seu uso emergencial possa ser autorizado ainda nesta semana.
O dólar, por sua vez, recua 0,6%, para R$ 5,0922, em meio ao seu enfraquecimento diante de moedas emergentes pares do real brasileiro, como o peso mexicano, o rublo russo e a lira turca, refletindo o risk-on global de hoje nos mercados financeiros e a continuidade de entrada de fluxo de estrangeiros na bolsa brasileira. (Se isso vai continuar ou não, isso é outra história, como mostra o Ivan Ryngelblum nesta matéria.)
Mais cedo, o Copom ressaltou, em ata, que poderá deixar de usar o "forward guidance", a prescrição futura para a taxa básica de juros, conforme 2022 ganha importância no cenário básico do Banco Central (BC) e as expectativas de inflação para o ano situam-se, hoje, no centro da meta (3,5%).
As expectativas do mercado para o futuro sinalizam que a inflação ficará em “torno da meta”, mas é importante se ater a uma condição imposta pelo BC para a manutenção do guidance: a de que as projeções para inflação fiquem “abaixo da meta no horizonte relevante”, não “em torno” dela.
No entanto, a queda do guidance não implica necessariamente em alta de juros, diz o comitê, na ata. Além disso, o BC diagnostica que os choques atuais são temporários” e que a projeção para a inflação permanece abaixo da meta de 4%.
Além disso, “as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas”, afirma o documento.
Os juros recuam com o ambiente favorável à tomada ao risco no exterior. Além disso, o leilão do Tesouro Nacional que ofertou — e vendeu integralmente — 1,25 milhão de NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional série B), títulos públicos com rentabilidade atrelada ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), também pesa sobre as taxas.
A leitura do mercado é que houve uma queda na oferta desses papéis após sucessivas ofertas de NTN-Bs, como a de 8 milhões no dia 3 de dezembro, que tinham muita procura em um contexto de aceleração da inflação no curto prazo.
A perspectiva de que o BC não vai subir juros no curto prazo também contribui com o alívio da taxas.
A fixação da meta fiscal para 2021 em R$ 247,1 bilhões — o texto enviado em abril previa uma "meta flexível", mas o Tribunal de Contas da União vedou o Ministério da Economia de adotar esse parâmetro.
O mercado também monitora a apreciação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), marcada para amanhã.
Confira os juros dos principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 1,908% para 1,906%
- Janeiro/2022: de 3,03% para 2,94%
- Janeiro/2023: de 4,37% para 4,28%
- Janeiro/2025: de 5,95% para 5,86%
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