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Felipe Saturnino
Felipe Saturnino
Graduado em Jornalismo pela USP, passou pelas redações de Bloomberg e Estadão.
embalou

Ibovespa fica perto dos 102 mil pontos com disparada dos bancos e alta em NY; dólar cai abaixo do R$ 5,60

Papéis de Itaú, Banco do Brasil e Bradesco terminam sessão entre as cinco maiores altas do índice, que fechou perto da máxima; moeda americana recua 0,36% e juros sobem em dia de leilão do Tesouro e à espera de novidades fiscais. Lá fora, expectativa para estímulos alivia bolsas americanas

Felipe Saturnino
Felipe Saturnino
22 de outubro de 2020
18:06 - atualizado às 18:26
Bancos Dinossauros - Santander - Itaú - Banco do Brasil BB - Bradesco
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

O Ibovespa deu mais um passo importante na sua recuperação em 2020 nesta quinta-feira (22), durante uma sessão em que pesos-pesados do índice, principalmente os bancos, marcaram altas vigorosas mais uma vez, em meio ao alívio nas bolsas de Nova York.

O principal índice acionário da B3 não apenas sustentou os 101 mil pontos, como chegou a tocar os 102 mil pontos, encerrando o dia próximo do patamar — inaugurando uma nova fase na sua retomada no ano.

No fim do dia, o Ibovespa avançou 1,36%, para 101.917,73 pontos, com o humor mais positivo nos Estados Unidos, perto do pico do dia.

Na máxima, o índice superou mais uma barreira, subindo 1,46%, para 102.020,44 pontos.

Com o ganho registrado hoje, o Ibovespa acumula uma alta de 7,7% no mês de outubro. No acumulado do ano, ainda marca perdas de 12%.

O grande driver do pregão foi a expectativa para o acerto por estímulos fiscais nos Estados Unidos, em meio à sinalização positiva de autoridades pelo fechamento de um acordo.

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Por aqui, os bancos, que têm participação de 16,6% na composição da carteira do Ibovespa, fizeram bem mais uma vez, puxados pelas expectativas de um bom terceiro trimestre.

Além disso, as ações da Petrobras, com participação de 8,9% no índice, também avançaram forte na esteira da alta do petróleo lá fora.

Top 5

Os maiores destaques de alta foram, novamente, as ações dos bancos e as ordinárias (ON) da Weg (WEGE3).

Os papéis preferenciais (PN) de Itaú e Bradesco e os ON do Banco do Brasil tiveram avanços de no mínimo 4,3% hoje. Enquanto isso, as units do Santander (SANB11) subiram 4,16%.

"O desempenho forte dos bancos está dentro de um movimento maior, em que recuperam a grande diferença que estavam apresentando em relação ao mercado", diz João Freitas, analista da Toro. "Parece o início de uma retomada do setor."

Os papéis da Weg se recuperaram de queda ontem, quando os investidores realizaram lucros após o balanço da empresa. Hoje, o Bank of America elevou o preço-alvo das ações da Weg.

O mesmo BofA também vê com otimismo o preço do papel da NotreDame Intermédica (GNDI3) nos próximos 12 meses — as ações da empresa subiram 1,4% hoje.

Enquanto isso, as ações ON da PetroRio surfaram a alta do preço do petróleo Brent no mercado internacional — bem como os papéis PN e ON da Petrobras, que tiveram ganhos de 3,4% e 3,2%, respectivamente.

Veja as maiores altas percentuais do Ibovespa:

CÓDIGOEMPRESAPREÇOVARIAÇÃO
ITUB4Itaú Unibanco PNR$ 25,77 5,14%
PRIO3PetroRio ONR$ 37,684,93%
WEGE3Weg ONR$ 82,11 4,73%
BBDC4Bradesco PNR$ 22,72 4,60%
BBAS3Banco do Brasil ONR$ 33,65 4,34%

De outro lado, as ações de varejistas como B2W e Lojas Americanas estiveram entre as principais quedas do dia. Os balanços das empresas relativos ao terceiro trimestre serão publicados na semana que vem. Ontem destaque de alta, os papéis da BR Malls hoje registraram uma das maiores perdas do Ibovespa. Confira as principais baixas do índice hoje:

CÓDIGOEMPRESAPREÇOVARIAÇÃO
COGN3Cogna ONR$ 4,91 -2,58%
BRML3BR Malls ONR$ 9,48 -2,37%
BTOW3B2W ONR$ 87,10 -2,30%
B3SA3B3 ONR$ 56,07 -2,27%
LAME4Lojas Americanas PNR$ 26,02 -2,11%

Bolsas americanas no azul

Tanto lá fora quanto aqui no Brasil foi mais um dia em que a indefinição quanto à aprovação de um novo pacote fiscal trilionário nos Estados Unidos rondou os mercados.

Reagindo aos sinais positivos emitidos sobre o entendimento entre democratas e republicanos, as bolsas americanas fecharam o dia em alta. O Dow Jones ganhou 0,54%, o S&P 500 subiu 0,22% e o Nasdaq avançou 0,19%.

No começo da tarde, a presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse que um acordo por mais estímulos "está perto" e que a coisa certa para as famílias americanas a se fazer agora é "adotar mais estímulos" — o que reduziu a queda vista antes nos índices em Nova York.

"Estamos estreitando as diferenças nas negociações por um pacote fiscal", afirmou ela. "O presidente quer um projeto de lei. Isso é parte da oportunidade que temos."

Em outra entrevista mais cedo à rede MSNBC, Pelosi disse que a Casa pode aprovar uma legislação de ajuda fiscal antes das eleições presidenciais, em 3 de novembro, o que também resultou em alimentar o tom otimista do mercado.

A mais recente proposta democrata apontou para um pacote de US$ 2,2 trilhões, enquanto o pacote da Casa Branca, como contraproposta, é de quase US$ 1,9 trilhão, segundo o chefe de gabinete do presidente Donald Trump, Mark Meadows.

Mas as barreiras estão aí. Um acordo firmado entre a Casa Branca e os democratas provavelmente enfrentará forte oposição no Senado controlado pelos republicanos.

Por lá, seriam necessários 60 votos para o projeto ser aprovado, o que significa que pelo menos 13 senadores republicanos teriam que votar a favor da medida.

O número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA na semana encerrada em 17 de outubro também ensejou reações positivas nos agentes financeiros.

Foram 787 mil pedidos, abaixo das expectativas dos analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 875 mil solicitações. O número veio abaixo dos pedidos da semana imediatamente anterior, que registrou 842 mil solicitações, após a revisão dos dados.

Dólar cai, juros sobem

O dólar à vista registrou queda de 0,36%, para R$ 5,5942. Na mínima, caiu 0,89%, para R$ 5,5643.

No exterior, o Dollar Index (DXY), que compara o dólar a moedas como euro e libra, apontou uma valorização da divisa americana.

"Hoje tem fluxo no mercado à vista e também houve uma melhor sinalização fiscal nas últimas semanas", diz Roberto Padovani, economista do banco BV. "Acho que isso se reflete no CDS [indicador de risco-país], que está em queda hoje e ancora a moeda."

O cenário doméstico, além das permanentes incertezas fiscais, que se aliviaram nas últimas semanas com sinalizações do ministro Paulo Guedes e do deputado Rodrigo Maia, também trouxe um novo componente.

É a disputa política em torno da vacina contra o coronavírus entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria, o que deve ser monitorado pelos investidores.

Os juros futuros, por sua vez, operaram em alta a maior parte da sessão e fecharam apontando para cima, refletindo a incerteza que ainda ronda os mercados, após flutuarem mais cedo.

"O leilão de pré-fixados de hoje puxou um pouco as taxas", diz Patricia Pereira, gestora de renda fixa da MAG Investimentos, citando a venda de 21,4 milhões de LTNs (Letra do Tesouro Nacional) e 2,5 milhões de NTN-F (Notas do Tesouro Nacional série F).

"Enquanto isso, ficamos bem atento ao recesso parlamentar de dezembro, que jogaria a aprovação de reformas apenas para fevereiro", afirma ela.

"Investidores não ficaram nem um pouco satisfeitos com os adiamentos das sessões do Congresso", disse a consultoria financeira Wagner Investimentos em relatório, a respeito do adiamento da votação do projeto de autonomia o Banco Central para 3 de novembro e do veto à desoneração da folha de pagamento, para 4 de novembro.

Confira as taxas dos principais vencimentos:

  • Janeiro/2021: de 1,95% para 1,96%
  • Janeiro/2022: de 3,24% para 3,27%
  • Janeiro/2023: de 4,58% para 4,65%
  • Janeiro/2025: de 6,38% para 6,45%

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