Via Varejo tem prejuízo maior e queda nas vendas. Então por que a ação sobe?
Como ninguém esperava mesmo um balanço bonito, os investidores se debruçaram em encontrar algum sinal de avanço na ampla reestruturação implementada desde que Michael Klein reassumiu o comando da varejista
De onde menos se espera, daí é que não sai nada. A conhecida frase do Barão de Itararé resume bem o resultado da Via Varejo no terceiro trimestre.
A dona das Casas Bahia e Ponto Frio registrou prejuízo líquido de R$ 383 milhões no terceiro trimestre deste ano. Trata-se de uma perda quase quatro vezes maior que a de R$ 83 milhões do mesmo período de 2018.
Se tirarmos da conta efeitos que não vão se repetir em trimestres seguintes, o resultado melhora, mas ainda assim fica negativo em R$ 244 milhões.
Apesar do prejuízo, as ações da Via Varejo (VVAR3) reagiram bem e fecharam o dia em forte alta de 8,26%, cotadas a R$ 7,60. Leia nossa cobertura completa de mercados.
Contrassenso? Nem tanto. Como ninguém esperava mesmo um balanço bonito, os investidores se debruçaram em encontrar algum sinal de avanço na ampla reestruturação implementada desde que Michael Klein reassumiu o comando da varejista.
Esses sinais certamente não vieram das receitas, que caíram 10,7% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 5,7 bilhões. Nem das vendas “mesmas lojas” – de unidades abertas há mais de um ano –, que recuaram 2,2%. As vendas online da Via Varejo também decepcionaram no trimestre, com uma redução de 17,3%.
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Ainda que as principais linhas do balanço não mostrem reação, a Via Varejo atuou para reforçar o caixa enquanto implementa sua reestruturação. A empresa encerrou setembro com R$ 2,8 bilhões, incluindo recebíveis de cartão de crédito que não foram descontados. Parte dessa melhora veio da liquidação de estoques.
Ao mostrar como os dados do trimestre se comportaram mês a mês, a Via Varejo também mostrou evolução. Em setembro, por exemplo, as vendas online avançaram 7,8%, o que traz uma expectativa positiva para o desempenho da companhia na Black Friday.
Mais do que os números, porém, a nova gestão da companhia procurou passar uma mensagem positiva sobre o processo de retomada da companhia. Vale lembrar que ontem a empresa deu um susto no mercado ontem ao informar que investiga uma denúncia anônima sobre uma suposta fraude contábil nos balanços.
Leia a seguir o comentário dos principais analistas que acompanham a companhia:
BTG Pactual
- Recomendação: neutra
- Preço-alvo: R$ 8,00
Embora tenha considerado o desempenho (mais uma vez) muito fraco, os analistas do BTG consideram que a Via Varejo o desempenho das ações deve ser determinado mais pela melhora nas operações, em conjunto com a perspectiva de recuperação da economia. "No entanto, ainda temos uma visão estrutural mais conservadora, sustentando nossa recomendação neutra."
UBS
- Recomendação: neutra
- Preço-alvo: R$ 7,50
Os resultados da Via Varejo também vieram abaixo do esperado pelo UBS, em razão da queda da receita líquida maior do que a projetada pelos analistas. "Do lado positivo, os sistemas de tecnologia parecem ter se estabilizado e a integração dos estoques foi concluída."
Bradesco BBI
- Recomendação: neutra
- Preço-alvo: R$ 8,00
As expectativas para os resultados eram baixas, uma vez que a nova administração está no comando há muito pouco tempo, segundo o Bradesco BBI. Para os analistas, as iniciativas tomadas pela empresa devem colocar a Via Varejo em bases mais sólidas para entregar resultados melhores em 2020. "Dito isso, estamos um pouco preocupados com a queda das vendas mesmas lojas, e não houve comentários sobre o desempenho desse indicador no mês de outubro."
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