🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.

Já tem título no Tesouro Direto pagando juro real negativo

Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B) com vencimento em agosto de 2020 está pagando menos que a inflação, e taxa negativa já aparece no Tesouro Direto

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
3 de dezembro de 2019
5:30 - atualizado às 11:12
Calculadora com sinal de porcentagem representando juros | Selic, fundos imobiliários, bolsa, Ibovespa, ações
Imagem: Shutterstock

Nos últimos dias, o mercado de títulos públicos brasileiro tem sido palco de um fenômeno bem raro no país: títulos Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, também chamados de NTN-B, têm sido negociados com taxas negativas.

Estou me referindo especificamente ao título que vence em 15 de agosto de 2020. Os títulos desta natureza têm rentabilidade atrelada à inflação, pagando um juro real já conhecido na hora da compra (taxa prefixada) mais a variação do IPCA.

Recentemente, tal título passou a ser negociado com juro real negativo, tanto para compra quanto para venda. Num país de juros historicamente altos como o Brasil, e onde já foi possível comprar NTN-Bs que pagavam mais de 7% ao ano acima da inflação, o fenômeno é, no mínimo, curioso.

O Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais de vencimento em 2020 não está mais disponível para compra pelo Tesouro Direto, plataforma on-line onde pessoas físicas podem transacionar títulos públicos diretamente com o Tesouro Nacional.

Porém, quem tem esse título ainda consegue resgatá-lo, vendendo-o de volta para o governo. Nesse caso, é possível verificar, no site do Tesouro Direto, que as taxas de venda do papel têm sido negativas.

Ontem (2), a taxa de venda era de IPCA - 0,04% ao ano. Isso mesmo: inflação MENOS 0,04%. No dia 22 de novembro, por exemplo, a taxa de venda chegou a IPCA - 0,23% ao ano.

Leia Também

Se verificarmos as taxas médias praticadas no mercado secundário, onde os investidores podem negociar títulos públicos entre si, veremos que tanto as taxas de compra quanto as de venda da NTN-B com vencimento em 2020 estão negativas.

Na última sexta (29), a taxa média de compra era de IPCA - 0,10% ao ano, e a taxa média de venda era de IPCA - 0,1385% ao ano, algo como IPCA - 0,14%. No mercado secundário, o fenômeno também tem sido observado há alguns dias.

Taxas do Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais com vencimento em 15/08/2020

O que juro real negativo na NTN-B representa

Quem adquire um título público atrelado à inflação pode ter dois objetivos distintos. O objetivo mais conservador é o de garantir uma rentabilidade acima da inflação até a data de vencimento do papel.

Por esta razão, esse tipo de título é muito utilizado para investimentos de longo prazo. Quanto maior o horizonte de investimento, mais difícil é estimar a inflação para o período. Daí a necessidade de proteger o poder de compra dos recursos.

O outro objetivo, mais arrojado, é tentar lucrar com a valorização do papel. Títulos atrelados à inflação se valorizam quando os juros futuros caem, isto é, quando a expectativa do mercado é de queda nos juros; por outro lado, eles se desvalorizam quando os juros futuros sobem, ou seja, quando a expectativa do mercado é de alta nos juros.

Eu já expliquei em detalhes essa dinâmica de preços nesta matéria sobre a precificação dos títulos de renda fixa.

Mas, basicamente, se o investidor levar o título até o vencimento, ele recebe exatamente a rentabilidade contratada na compra. Já se ele o vender antes do vencimento, embolsa a valorização ou realiza a perda, dependendo do que tiver ocorrido com os preços entre a data da compra e a data da venda.

As NTN-Bs são emitidas a uma taxa de 6% ao ano mais IPCA. Mas tão logo esses títulos começam a ser negociados, essa taxa pode começar a flutuar conforme as perspectivas do mercado para os juros. Com isso, os preços de mercado desses papéis também podem variar.

Apesar dessas flutuações, os preços das NTN-Bs deverão convergir, no vencimento, para o valor que fará com que a diferença entre o preço da emissão e o preço do vencimento seja equivalente a uma taxa de 6% ao ano mais IPCA.

O mesmo raciocínio vale se considerarmos um investidor que tenha comprado uma NTN-B, digamos, no início de 2019, a uma taxa de 4% ao ano mais IPCA.

Essa é a rentabilidade que ele precisa receber no vencimento, e o preço do título precisará eventualmente convergir para um valor que garanta esse retorno, não importando que o papel tenha se valorizado e desvalorizado múltiplas vezes no meio do caminho.

Se esse papel tiver se valorizado demais no início do prazo, por exemplo, ele precisará se valorizar menos - ou até se desvalorizar - no fim do prazo.

Assim, quando os juros futuros caem e um título se valoriza, é como se a rentabilidade fosse antecipada para o investidor; mas quando os juros futuros sobem e o título se desvaloriza, é como se o retorno fosse adiado.

Mas o que isso tem a ver com o tal juro real negativo? Bem, para quem adquiriu essa NTN-B com vencimento em 2020 a uma taxa real positiva, a atual taxa negativa não é exatamente um um mau sinal.

Significa apenas que a perspectiva para o juro real até o vencimento do papel caiu tanto que ficou negativa, levando o título a se valorizar um bocado. Caso o investidor escolha vendê-lo agora embolsará o ganho.

Do ponto de vista do comprador, por outro lado, uma taxa de compra negativa significa que esse título basicamente garante que o investidor vai receber uma rentabilidade inferior à inflação do período na data de vencimento, não importa de quanto seja a inflação! Em outras palavras, garante que o investidor vai perder poder de compra.

Mas por que alguém compraria um título que paga juro real negativo?

Bem, o Tesouro Nacional é obrigado a recomprar das pessoas físicas que quiserem se desfazer dos seus títulos antecipadamente no Tesouro Direto.

Já no mercado secundário, um investidor poderia comprar um título que paga juros reais - ou até nominais - negativos caso estivesse apostando numa queda dos juros futuros. Isso faria com que a taxa do título recuasse ainda mais, valorizando-o. A ideia, então, seria vendê-lo antecipadamente para embolsar o lucro.

Lembre-se de que, em países desenvolvidos, já há trilhões de dólares aplicados em títulos de renda fixa que pagam juros nominais negativos - ou seja, juro negativo mesmo, não apenas inferior à inflação. Eu já expliquei como funciona essa coisa dos juros negativos no mundo aqui.

E como chegamos a um juro real negativo numa NTN-B?

Você deve estar se perguntando como um país de juros historicamente altos como o Brasil chegou ao ponto de ter um título negociado a taxas reais negativas. Bem, é que nos últimos tempos os juros futuros e a taxa Selic caíram tanto que as taxas desses títulos simplesmente foram recuando a ponto de irem abaixo de zero.

Embora as curvas de juros tenham aberto em novembro (ou seja, os juros futuros subiram), ao longo de 2019 as curvas viram um forte fechamento, que levou à valorização de títulos prefixados e atrelados à inflação de todos os prazos, bem como à queda nas taxas pagas por estes papéis.

Além disso, títulos cujos vencimentos estão próximos costumam pagar prêmios de risco menores do que os papéis mais longos, justamente porque há maior previsibilidade sobre o que deve acontecer aos juros e à inflação até o seu vencimento. É como se eles estivessem na fase dos “ajustes finais” nos seus preços.

Fora que os papéis mais curtos são mais impactados pelas decisões de política monetária - e no caso da Selic, ainda são esperados de um a dois cortes na taxa nas próximas reuniões do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC).

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil

18 de novembro de 2024 - 7:03

A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias

NÃO TEVE B3, MAS OS GRINGOS OPERARAM

Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva

15 de novembro de 2024 - 18:10

Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira

15 de novembro de 2024 - 9:32

Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações

MUITA CALMA NESSA HORA

Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado

14 de novembro de 2024 - 18:40

As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse

ANTES DA DESPEDIDA

A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas

14 de novembro de 2024 - 17:32

As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad

14 de novembro de 2024 - 8:19

Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA

13 de novembro de 2024 - 8:09

Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar

O QUE FAZER?

Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?

13 de novembro de 2024 - 6:03

Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado

12 de novembro de 2024 - 7:01

Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo

O ‘TRUMP TRADE’ DO VERDE

Stuhlberger compra bitcoin (BTC) na véspera da eleição de Trump enquanto o lendário fundo Verde segue zerado na bolsa brasileira

11 de novembro de 2024 - 17:50

O Verde se antecipou ao retorno do republicano à Casa Branca e construiu uma “pequena posição comprada” na maior criptomoeda do mundo antes das eleições norte-americanas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta

11 de novembro de 2024 - 8:01

Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA

11 de novembro de 2024 - 7:03

A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

TOUROS E URSOS #197

Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures 

9 de novembro de 2024 - 8:00

No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades

RECOMENDAÇÕES

7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa

8 de novembro de 2024 - 17:58

Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA

SD Select

Selic sobe para 11,25% ao ano e analista aponta 8 ações para buscar lucros de até 87,5% ‘sem bancar o herói’

8 de novembro de 2024 - 13:44

Analista aponta ações de qualidade, com resultados robustos e baixo nível de endividamento que ainda podem surpreender investidores com valorizações de até 87,5% mais dividendos

ALGUMA COISA ESTÁ FORA DA META

Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto

8 de novembro de 2024 - 11:27

Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes

8 de novembro de 2024 - 8:17

Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos

ONDE INVESTIR

O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje

8 de novembro de 2024 - 8:02

Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento

MERCADOS HOJE

Ibovespa segue com a roda presa no fiscal e cai 0,51%, dólar fecha estável a R$ 5,6753; Wall Street comemora pelo 2° dia

7 de novembro de 2024 - 18:15

Por lá, o presidente do BC dos EUA alimenta incertezas sobre a continuidade do ciclo de corte de juros em dezembro. Por aqui, as notícias de um pacote de corte de gastos mais modesto desanima os investidores.

TÁ DANDO FAROL ALTO

Com Trump pedindo passagem, Fed reduz calibre do corte de juros para 0,25 pp — e Powell responde o que fará sob novo governo

7 de novembro de 2024 - 16:10

A decisão acontece logo depois que o republicano, crítico ferrenho do banco central norte-americano, conseguiu uma vitória acachapante nas eleições norte-americanas — e na esteira de dados distorcidos do mercado de trabalho por furacões e greves

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar