Um rompimento de R$ 71 bilhões
Da queda de 24,5% das ações à ideia de afastamento dos diretores: Vale dominou o noticiário nesta segunda-feira
Foi com um olho na tela da TV e outro no terminal de cotações que a equipe do Seu Dinheiro passou a maior do dia. Aliás, essa tem sido a nossa rotina desde a sexta-feira, quando aconteceu o rompimento da barragem da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).
Pela TV, acompanhamos com apreensão as notícias sobre o número de vítimas da tragédia, além dos trabalhos de resgate e dos danos provocados à região. Quase todos aqui na redação já estiveram na cidade mineira, que abriga o Instituto Inhotim, museu a céu aberto onde o belo acervo de arte contemporânea convive com a paisagem da Mata Atlântica.
As telas de cotações trouxeram outro desmoronamento: o das ações da Vale. A queda no pregão da B3 hoje chegou aos 24,5% no fechamento. Isso significa uma perda de R$ 71 bilhões no valor de mercado da mineradora.
Para muita gente, a conta paga pela Vale com a queda das ações hoje coloca no preço a maior parte dos problemas que a empresa vai enfrentar. Tanto que vários analistas divulgaram relatórios nos quais mantêm a recomendação para os papéis.
A avaliação geral é que o rompimento da barragem afeta pouco a produção e pega a Vale com uma boa situação de caixa. Ainda assim, existe muita incerteza sobre o que vai acontecer com a empresa, que curiosamente havia acabado de voltar a fazer parte do índice de empresas sustentáveis da B3.
Para você ter ideia da voltagem do noticiário, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, chegou a afirmar que o governo estuda a possibilidade de afastar os diretores da mineradora.
A comunicação da empresa também não colaborou. Ao pedir o desbloqueio dos R$ 11,8 bilhões em bens da companhia na Justiça, o advogado Sergio Bermudes afirmou que a Vale não vê responsabilidade sobre o rompimento da barragem. Mas depois foi desautorizado a falar em nome da mineradora.
Como as ações da Vale representam quase 11% da carteira do Ibovespa, a queda das ações puxou para baixo o principal índice da bolsa. Você pode ler toda a repercussão da tragédia nos mercados aqui na nossa cobertura.
Contágio da lama
O rompimento da barragem da Vale contaminou outras ações no pregão de hoje. Além da Bradespar - holding que investe na mineradora - os papéis da CSN registraram forte queda diante das preocupações dos investidores com as barragens da própria empresa, que é dona da Casa Mina de Pedra. Entenda melhor os motivos nesta matéria que eu escrevi hoje junto com a Bruna Furlani.
Lucro para o bem
Como em toda operação de mercado, um fato extraordinário como o desastre de Brumadinho provoca grandes perdas para alguns investidores e altos lucros para outros. O nosso colunista Felipe Miranda, que havia indicado uma posição vendida em opções da Vale, agora sugere usar o dinheiro com o lucro da operação para ajudar as vítimas da tragédia. Ele participou de uma live com a Luciana Seabra mais cedo e contou também o que espera para as ações da mineradora.
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"O presidente Jair Bolsonaro foi submetido à cirurgia para retirada da bolsa de colostomia que carregava desde a tentativa de assassinato que sofreu em setembro do ano passado. O procedimento levou 7 horas, superando as expectativas iniciais e gerando alguma apreensão..." (leia mais)