Sou uma criança, não entendo nada
Meu filho mais velho faz aniversário hoje. Passados 12 anos daquela madrugada de 27 de agosto de 2007 em que o André veio ao mundo, acredito que só agora compreendo de fato aquela canção de Erasmo Carlos: “por dentro com a alma atarantada, sou uma criança, não entendo nada”.
A paternidade tem uma infinidade de desafios, e um dos mais difíceis é o de estabelecer limites. Mas se houve algo que eu aprendi nesse tempo é que os filhos sempre vão tentar romper essas fronteiras invisíveis de hábitos e valores que os pais estabelecem.
Um gestor de fundos com quem tenho contato há bastante tempo costuma dizer que o mercado financeiro é como uma criança inquieta. Toda vez que tem uma oportunidade, desafia os limites impostos pelos reguladores.
Cabe aos “pais” – no caso, os órgãos como o Banco Central e a CVM – atuar de forma a não coibir o desenvolvimento do mercado e, ao mesmo tempo, evitar uma anarquia que seja autodestrutiva.
O BC hoje teve de lidar com um típico episódio de rebeldia. Os investidores resolveram testar o limite da tolerância com a oscilação do dólar e foram às compras com apetite nesta terça-feira. Na máxima do dia, a moeda do país de Donald Trump chegou a ser cotada a R$ 4,193.
Mais ou menos na mesma hora, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, falava na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado – sob os olhares atentos do nosso repórter Eduardo Campos – que o comportamento do real não tem sido atípico se comparado com outras moedas emergentes.
Seja como for, o BC resolveu dar um fim à brincadeira e anunciou um leilão surpresa de venda de dólares no mercado. A medida refreou o ímpeto da moeda, que fechou em R$ 4,1570. Ainda assim, trata-se do maior patamar em quase um ano. O Victor Aguiar acompanhou esse dia de pressão sobre o câmbio e conta para você como foi o dia nos mercados.
Tirando o pé
Dirigir automóveis em cidades engarrafadas como São Paulo nada mais é do que jogar com a eterna contraposição entre acelerador e freios. Pisa mais fundo aqui, desacelera ali, e assim vamos equilibrando o movimento. Na metáfora dos carros, o desempenho do Tesouro Direto em julho foi justamente o popular “tirar o pé”. Após um começo de ano de tirar o fôlego, a captação mensal desacelerou em julho. Mas apesar do avanço menor em novos investimentos, o TD segue firme inclusive na rentabilidade, como você confere nesta matéria da Julia Wiltgen.
Tá barato, freguês!
Aquele conhecido mantra publicitário diz que enquanto uns choram, outros vendem lenços. Para os analistas do UBS, a B2W é um potencial vendedor de lenços. O banco suíço passou a recomendar a compra dos papéis da companhia dona dos sites Submarino e Americanas.com, apoiado na mais nova estratégia operacional divulgada pela empresa de uma maior diversificação de portfólio. Quem conta os detalhes dessa indicação e o potencial de valorização das ações é a Bruna Furlani.
A desidratação final?
Desde que o texto da reforma da Previdência foi apresentado, os investidores já contavam com uma desidratação do projeto durante a passagem pelo Congresso. Pois bem, a etapa da Câmara já foi (e, diga-se de passagem, sem grandes arranhões) e hoje foi a vez de conhecermos as mudanças que o Senado pretende fazer. O relatório da reforma foi apresentado hoje e trouxe vários pormenores que deixam o projeto como um todo mais magrinho. Mas nem tudo são cortes, como você pode conferir nesta matéria.
O recado (oculto) do bilionário
Uma das boas formas de você acompanhar o movimento dos investimentos é seguir de perto cada passo dado pelos peixes graúdos do mercado. Um bom ponto de referência é o lendário Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo. Até mesmo quando não diz nada, o “Oráculo de Omaha”, como é conhecido, pode deixar mensagens importantes para os investidores. E a atual posição da empresa que concentra os investimentos do bilionário tem deixado muita gente com um pé atrás, como você confere com o Nicolas Gunkel.
Precisamos falar de BTG
Depois da forte queda registrada nos pregões de sexta e segunda-feira, as ações do BTG Pactual tiveram um dia de alívio e recuperação hoje, com uma alta de 17,37%. O banco fundado por André Esteves passa por um novo teste depois da revelação da delação do ex-ministro petista Antonio Palocci que implica a instituição. O desfecho dessa história e os eventuais impactos das investigações sobre os negócios do BTG ainda são uma incógnita. Mas o nosso colunista Felipe Miranda resolveu fazer uma análise do caso e conta também o que ele espera para as ações.
Este artigo foi publicado primeiramente no "Seu Dinheiro na sua noite", a newsletter diária do Seu Dinheiro. Para receber esse conteúdo no seu e-mail, cadastre-se gratuitamente neste link.
*Colaboração de Fernando Pivetti.