Qual o seu número?
Bolsonaro entrega ao Congresso projeto de lei que altera a aposentadoria de militares no mesmo dia em que viu sua popularidade cair
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Se eu pudesse traduzir os impactos da complexa proposta de reforma da Previdência na sua vida, diria que o projeto gira ao redor de dois grandes números.
O primeiro, que diz respeito a cada um de nós individualmente, é a idade em que teremos direito à aposentadoria. O projeto prevê o mínimo de 62 anos para mulheres e 65 para os homens, depois de um período de 12 anos de transição.
O segundo, e mais importante para o futuro dos seus investimentos, é a economia que a reforma vai trazer aos cofres públicos. O número mágico com o qual o governo trabalha é de R$ 1 trilhão.
O mercado financeiro é um pouco mais realista e espera um ganho fiscal da ordem de R$ 800 bilhões. Para muitos, já seria o suficiente para estabilizar a dívida pública e manter a taxa de juros no país em níveis baixos por um longo período.
Qualquer número abaixo disso pode ter um impacto negativo ou neutro para a bolsa, agora que o Ibovespa ronda os 100 mil pontos (mas ainda não alcançou a marca no fechamento).
De volta ao plano pessoal, a reforma foi dividida em três grandes grupos: os trabalhadores da iniciativa privada, os servidores públicos e os militares.
As mudanças para os dois primeiros foram apresentadas no mês passado, e hoje foi a vez de Jair Bolsonaro levar ao Congresso a proposta para os militares. No caso deles, não haverá idade mínima, mas o tempo de atividade aumentou para 35 anos.
Na estimativa do governo, a contribuição das Forças Armadas para a reforma deve chegar a quase R$ 100 bilhões. O problema é que, junto com o projeto, haverá uma reestruturação da carreira, com reajustes em benefícios e salários.
O saldo das duas contas ainda é positivo para a reforma, mas com pouca gordura para cortar. Saiba mais detalhes da proposta e também o que Bolsonaro disse sobre o projeto de aposentadoria dos militares com o Fernando Pivetti.
98 mil
Se ontem havia a expectativa de que o Ibovespa enfim rompesse os 100 mil pontos no fechamento, hoje em nenhum momento o índice chegou perto da marca. Os investidores começaram o dia com um pé atrás e até chegaram a se animar depois que o BC americano reforçou os sinais de que não subirá os juros. Mas o humor voltou a azedar na última meia hora do pregão. O Victor Aguiar conta pra você o que fez o principal índice da bolsa voltar à casa dos 98 mil pontos.
Menos 15
Bolsonaro vai enfrentar a batalha da Previdência com menos popularidade. A aprovação do governo teve uma queda de 15 pontos percentuais desde a posse, de acordo com uma pesquisa Ibope que saiu no fim da tarde. Foi um duro golpe em quem contava unicamente com o carisma do presidente para conduzir uma agenda de reformas necessárias, mas que não são do gosto popular. Veja todos os detalhes da pesquisa.
Seis e meio
Sabe aquele filme que você já sabe o final de antemão, mas assiste do mesmo jeito em busca de algum detalhe que às vezes passa despercebido? Pois foi o que aconteceu hoje na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a primeira com Roberto Campos Neto no comando do Banco Central. Nem ele nem os demais diretores fugiram do script: a Selic ficou nos atuais 6,5% ao ano, como era amplamente esperado. Para o juro continuar em queda, o BC avisa: precisamos das reformas.
800 milhões
A quarta-feira também foi de más notícias para Eike Batista e seus familiares. A Justiça de Minas Gerais decidiu bloquear quase R$ 800 milhões de Thor Batista, filho do empresário, e de empresas e off-shores da família. A decisão foi uma resposta à ação movida pelo administrador judicial da MMX, antiga empresa de mineração do grupo EBX. Conheça o processo que envolve o rebento do homem que já foi o mais rico do país.
100 mil?
Na newsletter da manhã, a Marina Gazzoni trouxe a entrevista que eu fiz com o Bradesco BBI, que traz uma perspectiva bem promissora para o Ibovespa, que pode chegar aos 145 mil pontos no melhor cenário. Mas a regra básica na bolsa é que, para todo comprador, sempre há um vendedor. Para o Fausto Botelho, a festa dos 100 mil pontos pode acabar mais cedo. Confira as projeções com base na análise gráfica.