Paulo Guedes de farda preta
Enquanto Bolsonaro é diagnosticado com pneumonia, “Posto Ipiranga” do presidente sobe o tom e entra na batalha da comunicação para defender as reformas
Eu me lembro do dia em que recebi pelo celular um vídeo narrado pelo ator Wagner Moura, o capitão Nascimento de Tropa de Elite, contra a proposta de reforma da Previdência feita pelo governo Temer.
Nem vou perder tempo aqui elencando as baboseiras que ele foi instruído a repetir no vídeo, no qual se confundiam conceitos básicos como expectativa de vida e sobrevida, para dar a ideia de que o governo queria que a população morresse sem se aposentar.
O fato é que, se missão dada é missão cumprida, Wagner Moura fez o seu papel. A reforma foi oficialmente sepultada no fatídico Joesley Day, mas a cova começou a ser cavada quando o governo perdeu a batalha da comunicação.
O ministro da economia, Paulo Guedes, sabe bem disso e resolveu vestir a farda preta ao defender a nova proposta, que deve ser enviada ao Congresso assim que tiver o aval de Bolsonaro.
Em uma breve entrevista na portaria do Ministério da Economia, Guedes não poupou a legislação trabalhista, que deve ser alvo de mudanças depois da reforma do sistema previdenciário atual.
Para o ministro, os jovens brasileiros são “prisioneiros de uma legislação do trabalho fascista”. E não foi só. O Eduardo Campos traz nesta reportagem toda a dura fala do “Posto Ipiranga” de Bolsonaro.
Dia 38 de Bolsonaro - Pneumonia e Previdência
"O presidente Jair Bolsonaro foi diagnosticado com pneumonia e não sabemos, ainda, quando estará apto a deixar o hospital em São Paulo. Apesar do revés, o porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros, disse que..." (leia mais)
Vendas frustradas
Enquanto isso na bolsa, a BRF teve um pregão para esquecer. Depois que a produtora de alimentos não conseguiu cumprir a meta de R$ 5 bilhões em desinvestimentos, os analistas começaram a especular quais alternativas ela teria para reduzir o alto endividamento, que supera em 5 vezes a geração de caixa anual. Para o banco suíço UBS, o risco de a BRF ter que fazer uma oferta de ações para reequilibrar o balanço aumentou, algo que não agrada em nada o mercado. O resultado de toda essa conta: queda de 4,01% nas ações.
Trump azeda o caldo
A bolsa bem que tentou se recuperar do tombo de ontem, mas não resistiu a Donald Trump. Depois que o líder norte-americano praticamente descartou qualquer conversa com os chineses para pôr fim à guerra comercial antes de março, as bolsas mundo afora entraram em queda livre. Com o Ibovespa não foi diferente, mas no fim do dia o índice se recuperou de parte das perdas e recuou 0,24%. Leia tudo o que rolou nos mercados na cobertura do Seu Dinheiro.
Tem viagra?
A forte queda de quase 4% do Ibovespa ontem depois de uma sequência de recordes assustou muito investidor. Ou melhor, brochou. De fato, o clima mudou desde que o mercado se deu conta de que Bolsonaro não vai reaproveitar a reforma da Previdência de Temer, o que atrasará a aprovação do projeto no Congresso. E o que você deve esperar da bolsa e das negociações lá em Brasília a partir de agora? Os 100 mil pontos vão ficar na promessa? Todas essas respostas estão com o seu mentor de investimentos, Ivan Sant’Anna.
Já foi tarde
A B3 acabou de informar que enfim decidiu tirar a Vale do ISE, o índice que reúne as ações de empresas com práticas mais sustentáveis do mercado brasileiro. A exclusão acontece 13 dias depois do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho (MG). O número de mortes confirmadas na tragédia é de 150 até o momento. A Vale é a ação com a maior participação no ISE e vem contaminando o desempenho do índice. Leia mais sobre a decisão.