Os cães ladram e a caravana passa
Quem decidiu investir na bolsa no dia 31 de julho deve fechar seu primeiro mês na renda variável no vermelho. Apesar da alta de 0,94% hoje, o Ibovespa amarga uma queda de de 3,55% no acumulado de agosto.
A essa altura do campeonato, uma virada de jogo nos últimos dois pregões do mês só ocorreria se Donald Trump e Xi Jinping surgissem de mãos dadas fazendo juras de amor em algum post no Twitter.
Os investidores ficaram bem mais cautelosos, e com razão, depois que as duas potências elevaram em vários tons as ameaças de uma guerra comercial.
No cenário mais destrutivo, o aumento das tarifas sobre as importações deve afetar a economia e as empresas de ambos os países, arrastando junto os demais mercados, incluindo o nosso.
Em meio ao fogo cruzado dos gigantes, a polêmica criada pelo governo brasileiro sobre as queimadas na Amazônia, se não atrapalhou, certamente não ajudou em nada. Mas como diz aquele velho ditado (e o Planet Hemp), os cães ladram e a caravana passa.
Pelo menos do ponto de vista de condução da política econômica, o país mantém o curso com a tramitação da reforma da Previdência e medidas como a Lei da Liberdade Econômica.
Isso sem falar no novo ciclo de queda de juros que teve início no mês passado e tem tudo para levar a Selic (e o retorno das aplicações de renda fixa) a taxas nunca dantes praticadas.
Enquanto isso, e na ausência de más notícias aqui e lá fora, os investidores voltarem a enxergar o copo da bolsa meio cheio hoje. Como você sabe, quem conta tudo o que movimentou os mercados nesta quarta-feira é o Victor Aguiar.
Frente fria que não vai embora
O resultado do PIB brasileiro no segundo trimestre do ano só sai amanhã de manhã, mas os principais analistas no mercado já preparam o terreno para o que deve vir por aí. O banco suíço UBS divulgou um relatório com a previsão de que as nuvens escuras devem continuar sobre a nossa economia. Com investimentos lá embaixo e poucas ações do governo para além das reformas, o banco cortou a previsão para o crescimento do país neste ano e em 2020.
O dólar, a inflação e o beija-flor
Um dia depois da intervenção surpresa do Banco Central no câmbio que pegou o mercado no contrapé, todos queriam ouvir o que Roberto Campos Neto tinha a dizer sobre o dólar. Mas o presidente do BC queria mais falar do beija-flor, que estampa a moeda comemorativa de 25 anos do Plano Real. Mas isso não significa que ele não tenha mandado seus recados durante a cerimônia de lançamento da moeda. O Eduardo Campos esteve por lá e conta tudo sobre a fala nesta matéria.
Alarme falso
Parecia que o governo estava diante de um grande revés em meio à polêmica sobre o aumento das queimadas na Amazônia. Uma associação brasileira enviou uma carta nesta manhã ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmando que 18 empresas haviam suspendido a compra de couro do Brasil, incluindo grandes marcas. Pois bem, parecia. A história toda ganhou uma reviravolta no meio da tarde com a própria associação justificando o conteúdo da carta. Todos os detalhes desse mal-entendido você fica sabendo nesta matéria.
Passa mais tarde
Quem esperava por um “raio privatizador” na gestão do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, pode ficar frustrado com essa notícia. O primeiro governador eleito pelo Novo anunciou que as vendas da Cemig, da Copasa e da Gasmig para a iniciativa privada devem ficar para o segundo semestre do ano que vem ou até para 2021. Saiba as razões para o atraso nos planos de Zema.
Aqueles 10%
Não sei se você sabe, mas parte da multa que as empresas pagam em qualquer rescisão de contrato trabalhista não vai para o bolso dos empregados, mas para o FGTS. Esse montante de R$ 5,4 bilhões pagos anualmente pelas companhias (equivalente a 10% da multa) é o mais novo foco de ataque da equipe de Paulo Guedes. Além de reduzir a carga sobre as empresas, o projeto pode abrir espaço para o governo cumprir o teto de gastos. Confira os detalhes da proposta para a multa do fundo.
A moda pegou
Depois do Facebook, o aplicativos de mensagens Telegram, que ganhou os holofotes nas páginas políticas por aqui, resolveu embarcar no sonho da criptomoeda própria. Batizado de ‘Gram’, a mais nova prima do bitcoin deve ser lançada em muito pouco tempo e promete colocar ainda mais lenha na fogueira dos reguladores, que já previam grandes dores de cabeça com a Libra do Facebook. E o Telegram já tem grandes planos para incluir seus mais de 200 milhões de usuários ao redor do mundo.
Este artigo foi publicado primeiramente no "Seu Dinheiro na sua noite", a newsletter diária do Seu Dinheiro. Para receber esse conteúdo no seu e-mail, cadastre-se gratuitamente neste link.
*Colaboração de Fernando Pivetti.