O capitão e o astronauta
O discurso de Bolsonaro e o filme que ficou fora da disputa de melhor filme no Oscar, o frango brasileiro barrado na Arábia e mais nos destaques do dia
Acontece todos os anos e eu já devia ter me acostumado. Hoje saíram os indicados ao Oscar 2019, e um dos meus filmes favoritos – "O Primeiro Homem", que conta a história do astronauta Neil Armstrong – ficou de fora da disputa da categoria principal.
Esse sentimento de frustração também ficou evidente hoje aqui na região da Faria Lima, coração do mercado financeiro. E não tem relação com o Oscar, é claro, mas com outro evento aguardado com ansiedade: a fala do presidente Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Grande estrela do dia, o capitão fez um discurso para gringo ver e não saiu do script. Em menos de 10 minutos, reafirmou o compromisso com as reformas, incluindo a da Previdência, e com o combate à corrupção.
De concreto, estabeleceu apenas a meta de colocar o Brasil entre as 50 nações mais atrativas para se investir até 2022. Hoje, o país ocupa a vergonhosa 109º posição. Mais um trabalho para o Posto Ipiranga Paulo Guedes resolver.
Para muita gente, foi no mínimo uma oportunidade perdida pelo presidente, diante do certo ceticismo de parte dos estrangeiros em relação à capacidade do novo governo de aprovar as reformas.
Mas será que o mercado não criou expectativas exageradas para esse discurso nas montanhas suíças?
Quem assistiu ao filme "O Primeiro Homem" deve se lembrar do momento em que Armstrong foi questionado sobre o que gostaria de levar para a Lua, na entrevista coletiva que concedeu antes da missão Apollo 11. Para decepção dos jornalistas, a resposta foi lacônica: “mais combustível”.
O astronauta acabou deixando a grande frase “este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade” para o momento em que pisou na superfície lunar.
Ainda é cedo para dizer se as reformas serão um salto gigantesco para o país. Mas o Eduardo Campos acompanha de perto todos os passos do novo governo e conta aqui como foram as reações ao discurso de Bolsonaro.
Diário dos 100 Dias - Dia 22
"O esperado discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, foi apenas uma reafirmação de princípios liberais na economia e conservadores nos costumes. A decepção foi meio generalizada, mas..." (leia mais)
Frango barrado
O frango brasileiro perdeu o visto de entrada em um de seus principais mercados. A Arábia Saudita anunciou hoje o descredenciamento de 33 unidades brasileiras, incluindo centros de produção de gigantes como BRF e JBS. O resultado na bolsa não poderia ser diferente: as ações do setor lideraram as perdas do Ibovespa, com queda de mais de 4%. Ainda não está claro o motivo por trás da suspensão. Mas a decisão pode envolver questões diplomáticas com o governo Bolsonaro, como você pode ler em detalhes aqui.
Novela coreana
A saga da incorporadora Gafisa desde que o fundo GWI, do coreano Mu Hak You, assumiu o comando ganhou hoje mais um capítulo. A trama pode ter uma reviravolta depois que a gestora anunciou que atingiu uma participação de mais de 50% no capital da empresa. Tal marca pode significar algumas mudanças profundas para quem é minoritário da companhia. Eu te conto aqui o por quê.
Você me deixou mal acostumado
Podemos dizer que a bolsa viveu nesta terça-feira seu primeiro dia genuinamente difícil em 2019. Para quem estava se acostumando com a sequência de recordes, ver o Ibovespa quase perder os 95 mil pontos pode ter sido duro. O fato é que o noticiário não ajudou em nada e, na falta de novidades, os investidores aproveitaram para colocar um pouco mais de dinheiro no bolso depois da forte alta da bolsa no começo do ano. Leia na nossa cobertura tudo o que movimentou os mercados hoje.
Não vai ser hoje…
A esperança de que o presidente dos EUA, Donald Trump, chegaria a um acordo com os democratas para encerrar a paralisação parcial do governo por lá foi por água abaixo, de novo. Hoje cedo, Trump voltou ao seu Twitter para dizer que “não vai ceder” aos termos dos democratas e insistiu na construção do muro na fronteira com o México. Saiba mais sobre o shutdown americano, que acabou de completar um mês.