De olho no seu dividendo
Do pedágio de Doria à reforma da Previdência com militares: confira as principais notícias que mexeram com seu bolso hoje
Pouco antes de me juntar à equipe do Seu Dinheiro, recebi uma proposta de emprego de uma empresa que buscava um jornalista para coordenar a área de conteúdo.
Quando chegou a hora de negociar o salário, a empresa propôs um acerto em que, no papel, eu ganharia menos do que onde trabalhava. Mas o dinheiro na conta seria bem maior, porque eu seria contratado como associado e seria pago na forma de dividendos, que são isentos de imposto de renda.
É importante dizer que a prática não é ilegal, mas mostra a criatividade do brasileiro quando o assunto é impostos. Criatividade essa que é derivada diretamente da complexidade do nosso sistema tributário.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, já confirmou que pretende mexer nesse vespeiro com uma mudança relevante na forma como as empresas são tributadas. Em linhas gerais, a ideia é cortar pela metade a carga geral paga pelas companhias, mas compensar essa redução com a taxação da parcela dos lucros que vai para o bolso dos acionistas.
Existem hoje duas formas de as empresas distribuírem seus resultados: via dividendos ou juros sobre o capital próprio (JCP). Na segunda, o benefício fiscal é da empresa, que consegue deduzir o valor do imposto a ser a pago.
Toda essa discussão é muito importante para quem investe na bolsa. Afinal, as empresas que mais se valem do JCP podem ter os resultados afetados de forma significativa com a mudança na taxação, o que mexe no preço das ações.
O BTG Pactual divulgou um relatório hoje com o potencial impacto para algumas das principais empresas listadas na B3. Em um dos casos, a queda no lucro projetado para este ano chegaria a 63%! A Bruna Furlani preparou uma reportagem que traz quais as companhias podem ser mais afetadas, segundo o banco. Confira aqui quais são elas.
Pela luz dos olhos teus
Paulo Guedes fala, e os olhinhos dos investidores em bolsa brilham. Bastou o ministro da Economia bater o pé sobre a participação dos militares na reforma da Previdência para que a bolsa rompesse um novo patamar. Agora o Ibovespa está a apenas 2.323 pontos de alcançar os 100 mil. Você pode ler na nossa cobertura de mercados tudo o que mexeu com a bolsa e com o dólar nesta quinta-feira.
Os pedágios de Doria
Uma notícia vinda das montanhas de Davos deu gás para as concessionárias de rodovias que atuam em São Paulo. As ações de empresas como CCR e EcoRodovias subiram forte hoje depois que o governador do Estado, João Doria, anunciar que pode renovar as concessões, o que beneficia diretamente as empresas que venceram a licitação anterior. Saiba mais sobre o impacto da medida para o setor.
O caminho é longo e tortuoso
A perspectiva de aprovação da reforma da Previdência levou muita gente no mercado a sonhar com a volta da condição de grau de investimento pelo Brasil. Mas a diretora-executiva de ratings da S&P, Lisa Schineller, decidiu cortar o barato. Ela apontou que os problemas fiscais da economia brasileira vêm de longe. Mas deu algumas pistas do que o país deve fazer para melhorar a sua avaliação.
Dia do Carteiro
Durante a campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro declarou que os Correios tinham "grande chance" de entrar em um programa de privatizações. Mas hoje, dia do Carteiro, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse que agora não é o momento de colocar a empresa à venda. Leia aqui o que pensam os homens do governo sobre os Correios, incluindo o ministro Paulo Guedes.
Diário dos 100 dias: dia 24 - "Os pobretões de Davos"
O presidente Jair Bolsonaro encerrou hoje sua participação no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça). Difícil fazer um balanço de bate pronto, mas olhando o comportamento da bolsa e dólar... (leia mais)