A invasão dos ursos na política
Qual o habitat ideal para os touros? Do que eles se alimentam? Calma, não se trata de um comercial do próximo Globo Repórter. Eu me refiro aos touros no mercado financeiro, ou seja, os investidores que acreditam em uma alta nos preços das ações e outros ativos.
Aqui no Brasil, a adoção de uma agenda liberal na economia nos últimos anos abriu espaço para a proliferação dos touros, o chamado “bull market”. Não por acaso, a bolsa brasileira saiu do patamar de 40 mil pontos no fim de 2015 para os mais de 100 mil atuais.
O problema é que, enquanto os touros cresciam por aqui, uma invasão de ursos (“bear market”) – que esperam uma queda nos preços – ocorreu na política internacional. Pelo menos essa é a visão da gestora de fundos SPX.
No mês passado, tivemos uma boa amostra do poder de ataque dos ursos políticos com o agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, a vitória da oposição nas eleições primárias argentinas e a escalada dos protestos em Hong Kong.
Para a gestora fundada por Rogério Xavier, esse movimento tende a se agravar, com o aumento dos focos de populismo e uma reversão do processo de globalização. Por outro lado, a ação dos bancos centrais, que seria o antídoto natural, não tem sido suficiente para fazer com que os ursos voltem a hibernar.
Mas qual será o impacto desse “bear market” político na bolsa e nos demais ativos, como dólar e juros? Saiba as expectativas da SPX e também o desempenho do fundo em agosto, nesta matéria que o Eduardo Campos escreveu com base na carta mensal da gestora.
Perdeu o gás
No atletismo, os corredores costumam se diferenciar entre os que competem em provas longas, como as maratonas, e os que se arriscam em provas de tiro curto, ao estilo Usain Bolt. Normalmente, quem é especialista em longa distância vai mal nos 100 metros e vice-versa. A bolsa hoje tentou dar uma de Usain Bolt e disparou logo no começo do pregão, mas perdeu gás e por pouco não conseguiu se manter no positivo. Quem conta essa história é o Victor Aguiar.
Mais Pan na bolsa
Sensação da bolsa neste ano com uma alta de 370%, o Banco Pan confirmou os planos de fazer uma oferta de ações. A Caixa Econômica Federal, que controla a instituição financeira junto com o BTG Pactual, vai aproveitar para vender ações na operação, que pode movimentar até a R$ 1,254 bilhão. Parte desse dinheiro também vai ser usado para reforçar o balanço do Pan, que pretende lançar um banco digital voltado para as classes para os clientes das classes C, D e E. Confira os principais números da oferta.
Um novo índice para acompanhar
Desde que o Twitter aumentou o limite de caracteres em suas postagens - isso lá em 2017 - personalidades como Donald Trump ganharam mais espaço para publicar suas ideias e polêmicas. Mas qual seria de fato o impacto dessas mensagens para o mercado? Quem desafiou essa lógica e formulou um “índice Trump de impacto” foi o JP Morgan, como conta a Bruna Furlani nesta matéria.
Tá caro o aluguel
Lá fora, uma das ofertas de ações mais aguardadas começa a enfrentar a desconfiança do mercado. Depois de Uber e Lyft demonstrarem um desempenho pós abertura de capital frustrante, a startup de escritórios compartilhados WeWork está revendo seu valor de mercado. Segundo a imprensa americana, o valuation da empresa no IPO pode cair para menos da metade: de US$ 47 bilhões para U$ 20 bilhões. O processo ainda pode ser adiado para 2020.
E se fosse banco?
Com prejuízo bilionário e um desempenho pífio das ações desde a abertura de capital neste ano, a Uber parece disposta a ampliar os horizontes. Nos Estados Unidos, a empresa começou a enviar mensagens a alguns de seus motoristas perguntando se eles estariam dispostos a tomar um empréstimo da empresa. Mas a reação não foi das mais positivas, como você lê nesta matéria.
Este artigo foi publicado primeiramente no "Seu Dinheiro na sua noite", a newsletter diária do Seu Dinheiro. Para receber esse conteúdo no seu e-mail, cadastre-se gratuitamente neste link.
*Colaboração de Fernando Pivetti.