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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Vídeo

O PIBinho pode prejudicar meus investimentos?

Tudo indica que teremos mais um ano de crescimento pífio. Como os seus investimentos se saem neste cenário?

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
7 de junho de 2019
5:30 - atualizado às 12:14

As previsões para o crescimento do PIB brasileiro vêm sendo repetidamente revisadas para baixo neste início de ano, consistindo em um dos muitos fatores que vêm deixando os investidores de renda variável preocupados.

Tudo indica que teremos mais um ano de PIBinho. No vídeo a seguir eu falo um pouco sobre se esse crescimento pífio que estamos prestes a encarar pode prejudicar os seus investimentos:

Veja a transcrição do vídeo sobre a relação entre o baixo crescimento do PIB e os seus investimentos

O crescimento esperado do PIB brasileiro em 2019 já foi revisado para baixo diversas vezes nesse início de ano. A economia custa a engrenar com a lentidão para a aprovação da reforma da Previdência, tida como essencial pro país voltar a crescer. Quanto mais a reforma demorar para ser aprovada, piores as expectativas para o crescimento, já que o ano vai sendo perdido.

Você talvez esteja preocupado com os seus investimentos nesse cenário de PIBinho, certo? Crescimento fraco do PIB: e eu com isso?

Com a atividade econômica tão fraca, e a expectativa de recuperação cada vez mais distante, é bem provável que a taxa Selic ainda continue baixa por um bom tempo. Até porque a inflação está sob controle e assim deve se manter: quando a economia voltar a andar, o país vai conseguir crescer por algum tempo sem gerar inflação, uma vez que a capacidade ociosa da indústria está grande, e a taxa de desemprego está alta.

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Ou seja, as empresas não vão aumentar, de cara, os seus custos com mão de obra e investimentos, nem a retomada do consumo vai pressionar tanto os preços, já que a renda dos trabalhadores não vai voltar a crescer tão cedo. Já tem gente no mercado inclusive prevendo novos cortes na Selic, mesmo com as pressões pontuais sobre a inflação previstas no curto prazo.

Um cenário como esse não é convidativo para a renda fixa pós-fixada, aquela que tem rentabilidade atrelada à Selic ou ao CDI. Os investimentos mais conservadores são essenciais em qualquer carteira, porque é neles que você deve deixar a sua reserva de emergência. Mas eles vão continuar pagando pouco. Ou seja, apesar de parecer que nossa economia anda péssima, você não vai ganhar muito se correr para se proteger nessas aplicações.

Os investimentos de renda fixa prefixados e atrelados à inflação são um pouco mais promissores. Principalmente os prefixados, já que a inflação também continua baixa, apesar de um choque aqui ou ali. É neles que você tem chance de ganhar um pouco mais dentro do universo da renda fixa.

Mas esse cenário de juro no chão e inflação controlada é favorável mesmo para mercados como os de ações e imóveis. Os ativos ligados à economia real têm mais chance de entregar retornos superiores à Selic para quem está disposto a correr um pouco mais de risco.

Apesar do pessimismo dos economistas com as expectativas para o PIB, gestores de fundos de ações e multimercados continuam bastante otimistas com as bolsas no Brasil e no exterior. Para eles, não tem como o governo não aprovar a reforma da Previdência. E para quem tem um olhar de médio ou longo prazo, pequenas variações no momento em que essa aprovação ocorrer não fazem tanta diferença.

Pode parecer contraintuitivo, mas a alta da bolsa não está tão ligada às expectativas para o crescimento do PIB. Já teve anos em que o crescimento econômico foi forte e a bolsa despencou, porque o mercado tinha expectativa de piora no ano seguinte. Também já teve anos em que o crescimento foi pífio, mas a bolsa subiu. A alta nos preços das ações têm muito mais a ver com a lucratividade das empresas. Como o país já vem de uma crise econômica, que obrigou as companhias a ficarem mais enxutas e eficientes, a lucratividade dos negócios tende a crescer.

Mas isso não quer dizer que as reformas não sejam essenciais. Lembre-se de que o mercado trabalha com expectativas, e essas podem mudar, dependendo das reviravoltas que vierem por aí.

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