Cortes em projeções tiram R$ 36 bi do PIB
Governo também precisou promover um corte de R$ 30 bilhões nas despesas do Orçamento, para assegurar o cumprimento da meta fiscal, que permite déficit de até R$ 139 bilhões neste ano

Revisões para baixo já tiram R$ 36 bilhões das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Semana após semana, os economistas ajustam suas estimativas, que saíram de 2,53% para 2% desde o início do governo de Jair Bolsonaro. As mudanças foram feitas com base em dados econômicos decepcionantes e dúvidas em torno do andamento da reforma da Previdência. O próprio governo trabalha com um crescimento menor da economia.
Na sexta-feira, 22, o Ministério da Economia alterou sua projeção para expansão do PIB em 2019 de 2,5% para 2,2%. Nesse cenário, o governo também precisou promover um corte de R$ 30 bilhões nas despesas do Orçamento, para assegurar o cumprimento da meta fiscal, que permite déficit de até R$ 139 bilhões neste ano.
Para 2020, no entanto, a projeção de alta do PIB no mercado financeiro subiu de 2,50% para 2,78% desde o início do governo Bolsonaro. Em valores nominais, o adicional de 0,28 ponto porcentual representa algo como R$ 19 bilhões. Considerando as projeções mais recentes do mercado, o "saldo" de 2019 e 2020, desde que Bolsonaro chegou ao Planalto, é de um PIB cerca de R$ 17 bilhões menor.
A situação atual é oposta à verificada quando Michel Temer assumiu a Presidência, em meados de 2016. Em pouco mais de 80 dias de governo, um boom na melhora das expectativas adicionou R$ 100 bilhões às projeções do PIB para os anos subsequentes. Isso acabou não se concretizando, justamente porque a reforma da Previdência não andou. O PIB chegou ao fim de 2016 com baixa de 3,3% e subiu apenas 1,1% em 2017 e 2018.
Piora
Essas cifras foram calculadas pelo economista Mauro Schneider, da MCM Consultores Associados, com base nos dados do PIB e nas projeções contidas no Relatório de Mercado Focus, do Banco Central. As projeções do Focus foram atualizadas nesta segunda-feira, 25. O movimento de redução de projeções este ano se intensificou a partir de meados de fevereiro, na esteira da divulgação de vários índices econômicos, relativos a janeiro, que decepcionaram.
"O pessimismo e as revisões têm sido majoritariamente derivados de uma falta de reação mais intensa da economia. A própria conjuntura vem surpreendendo negativamente", avaliou Schneider. Ele lembra que o nível de incerteza entre os agentes econômicos ainda é muito alto, o que afeta os investimentos das empresas e o consumo de maior valor das famílias. "Temos ainda nível muito elevado de ociosidade em alguns setores, inibindo o aumento de investimentos. E o desemprego segue em ritmo historicamente elevado", pontuou.
Leia Também
O mundo vai pagar um preço pela guerra de Trump — a bolsa já dá sinais de quando e como isso pode acontecer
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Essas revisões do PIB são frustrantes considerando a recessão vista em 2015 e 2016 e o baixo crescimento de 2017 e 2018. "Em anos anteriores, havia travas fortes na economia, como o endividamento das famílias e das empresas, além de um período de turbulência política. Mas ainda há limitantes presentes no curto prazo para uma retomada mais forte”, avaliou o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria Integrada.
Segundo ele, 2019 pode contar com alguns "gatilhos" importantes para o avanço econômico, como a aprovação da reforma da Previdência e a retomada dos investimentos em infraestrutura. "Mas na ausência desses gatilhos e com o setor público ainda em situação fiscal crítica, o ano ainda será de dificuldades", acrescentou.
A Tendências trabalha desde o ano passado com a perspectiva de alta de 2% para o PIB em 2019. Para 2020, a projeção da consultoria é de 2,6% - mas esse porcentual embute a aprovação da reforma da Previdência e a retomada do setor de construção, que ainda patina.
"Carta na manga"
O crescimento do PIB cerca de meio ponto porcentual menor em 2019, se confirmado, terá impacto na arrecadação de tributos durante o ano, disse o consultor Raul Velloso, especialista em finanças públicas. Segundo ele, porém, o cálculo do impacto não é trivial, porque a arrecadação também depende de fatores não ligados diretamente ao PIB. "Em tese (a revisão das projeções do PIB), pode representar uma queda semelhante da arrecadação. Mas não dá para prever com precisão, até porque podem entrar na conta as receitas extraordinárias", disse. Velloso lembrou que o governo espera obter receitas extraordinárias, principalmente, com os leilões do pré-sal. "Esta é a carta que está na manga do governo."
O consultor avaliou ainda que, atualmente, "há certa onda de pessimismo sobre a capacidade de o País crescer nessa nova fase". Para ele, os agentes econômicos perderam a confiança na capacidade de o governo aprovar a reforma da Previdência rapidamente. "Esta é a questão-chave", disse. "Quando começa haver pessimismo, a perspectiva dos empresários piora."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agenda econômica: IPCA, ata do Fomc e temporada de balanços nos EUA agitam semana pós-tarifaço de Trump
Além de lidar com o novo cenário macroeconômico, investidores devem acompanhar uma série de novos indicadores, incluindo o balanço orçamentário brasileiro, o IBC-Br e o PIB do Reino Unido
Tony Volpon: Buy the dip
Já que o pessimismo virou o consenso, vou aqui argumentar por que de fato uma recessão é ainda improvável (com uma importante qualificação final)
Eles perderam a fofura? Ibovespa luta contra agenda movimentada para continuar renovando as máximas do ano
Ata do Copom, balanços e prévia da inflação disputam espaço com números sobre a economia dos EUA nos próximos dias
Agenda econômica: Ata do Copom, IPCA-15 e PIB nos EUA e Reino Unido dividem espaço com reta final da temporada de balanços no Brasil
Semana pós-Super Quarta mantém investidores em alerta com indicadores-chave, como a Reunião do CMN, o Relatório Trimestral de Inflação do BC e o IGP-M de março
Mais uma Super Quarta vem aí: dois Bancos Centrais com níveis de juros, caminhos e problemas diferentes pela frente
Desaceleração da atividade econômica já leva o mercado a tentar antecipar quando os juros começarão a cair no Brasil, mas essa não é necessariamente uma boa notícia
Alívio para Galípolo: Focus traz queda na expectativa de inflação na semana da decisão do Copom, mas não vai evitar nova alta da Selic
Estimativa para a inflação de 2025 no boletim Focus cai pela primeira vez em quase meio ano às vésperas de mais uma reunião do Copom
Agenda econômica: IPCA, dados de emprego dos EUA e o retorno da temporada de balanços marcam a semana pós-Carnaval
Com o fim do Carnaval, o mercado acelera o ritmo e traz uma semana cheia de indicadores econômicos no Brasil e no exterior, incluindo inflação, balanços corporativos e dados sobre o mercado de trabalho nos EUA
Haddad solta o verbo: dólar, PIB, Gleisi, Trump e até Argentina — nada escapou ao ministro da Fazenda
Ele participou na noite de sexta-feira (7) do podcast Flow e comentou sobre diversos assuntos caros ao governo; o Seu Dinheiro separou os principais pontos para você
O último pibão de Lula? Economia brasileira cresce 3,4% em 2024, mas alta dos juros já cobra seu preço
Depois de surpreender para cima nos primeiros trimestres de 2024, PIB cresce menos que o esperado na reta final do ano
Mata-mata ou pontos corridos? Ibovespa busca nova alta em dia de PIB, medidas de Lula, payroll e Powell
Em meio às idas e vindas da guerra comercial de Donald Trump, PIB fechado de 2024 é o destaque entre os indicadores de hoje
Quando você é o técnico: Ibovespa busca motivos para subir em dia decisão de juros do BCE
Além do BCE, os investidores seguem de olho nas consequências da guerra comercial de Donald Trump
Agenda econômica: é Carnaval, mas semana terá PIB no Brasil, relatório de emprego nos EUA e discurso de Powell
Os dias de folia trazem oportunidade de descanso para os investidores, mas quem olhar para o mercado internacional, poderá acompanhar indicadores importantes para os mercados
Entre a crise e a oportunidade: Prejuízo trimestral e queda no lucro anual da Petrobras pesam sobre o Ibovespa
Além do balanço da Petrobras, os investidores reagem hoje à revisão do PIB dos EUA e à taxa de desemprego no Brasil
Um olhar pelo retrovisor: Ibovespa tenta manter alta com investidores de olho em balanços e Petrobras em destaque
Além dos números da Petrobras, investidores repercutem balanços da Ambev, do IRB, da Klabin e da WEG, entre outros
O céu é o limite para a Selic? Por que Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG, diz que PIB menor é positivo para o Brasil
Durante participação na CEO Conference Brasil 2025 nesta terça-feira (25), ele também fala sobre o maior medo do mercado neste momento e alerta para riscos
Um café amargo na bolsa: Ibovespa se prepara para balanços da Petrobras e da Ambev em semana agitada de indicadores
Poucos aromas são tão irresistíveis quanto o do café. No entanto, muita gente se queixa que o sabor do cafezinho não chega perto de seu cheiro. Talvez porque não é todo mundo que consegue beber café sem adicionar pelo menos um pouco de açúcar ou adoçante. De uns tempos para cá, porém, cada vez mais […]
Agenda econômica: Prévia da inflação no Brasil, balanço da Petrobras (PETR4) e PIB dos EUA movimentam a semana
Por aqui, os investidores também conhecerão o índice de confiança do consumidor da FGV e a taxa de desemprego, enquanto, no exterior, acompanham o balanço da Nvidia, além de outros indicadores econômicos
Felipe Miranda: Recuperação técnica?
É natural também que os primeiros sinais da inversão de ciclo sejam erráticos e incipientes, gerando dúvidas sobre sua profundidade e extensão. Mas não se engane: no momento em que os elementos forem uníssonos e palpáveis, pode ser tarde demais
O urso de hoje é o touro de amanhã? Ibovespa tenta manter bom momento em dia de feriado nos EUA e IBC-Br
Além do índice de atividade econômica do Banco Central, investidores acompanham balanços, ata do Fed e decisão de juros na China
Agenda econômica: Com balanços a todo vapor no Brasil, prévia do PIB e indicadores europeus movimentam a semana
Desempenho da Vale, Mercado Livre, B3, Nubank e outros grandes nomes no quarto trimestre de 2024 são destaques na semana