O bull market que não aconteceu
No último trimestre de 1973, o preço do barril subiu de três para 22 dólares, uma alta de mais de 600%. Infelizmente, para os especuladores, naquela época não havia mercado futuro de petróleo e derivados. Fosse esse o caso, teria acontecido um dos maiores bull markets da história
“Às 2h da tarde do sábado, 6 de outubro (de 1973), dia do Yom Kippur, o barulho estridente de 200 jatos egípcios se fez ouvir sobre o canal de Suez e a península do Sinai.
Em cumprimento de suas missões, os pilotos atacaram as guarnições israelenses na margem oriental do canal. No mesmo momento, a artilharia egípcia abriu fogo contra as posições inimigas. Em sincronia com seus aliados, aviões sírios atacaram Israel pelo norte, seu ataque reforçado por 500 peças de artilharia.
Iniciara-se a Guerra do Yom Kippur, a quarta entre árabes e israelenses, cujas consequências o Ocidente amargaria por sete longos anos.”
Os parágrafos acima são os três últimos da página 208 de meu livro Os mercadores da noite, edição da Inversa, que por sinal está relançando-a agora.
A guerra do Yom Kippur durou apenas 19 dias, entre 6 e 25 de outubro de 1973. No início, quase foi vencida pelos árabes (Egito e Síria). Mais tarde, as forças de Israel, com ajuda bélica dos Estados Unidos, encurralaram os egípcios no Sinai e chegaram até as proximidades de Damasco.
Para pôr fim ao conflito, americanos e soviéticos, nas pessoas de Henry Kissinger e Leonid Brejnev, ordenaram um cessar-fogo. Como manda quem pode, e obedece quem tem juízo, a guerra do Yom Kippur acabou. Mas suas consequências para a economia mundial só estavam começando.
Veio o embargo do petróleo, liderado pela Arábia Saudita. No último trimestre de 1973, o preço do barril subiu de três para 22 dólares, uma alta de mais de 600%.
O impacto sobre a economia mundial foi gigantesco, com tremendo reflexo nos preços de diversas commodities.
Leia Também
Infelizmente, para os especuladores, naquela época não havia mercado futuro de petróleo e derivados. Fosse esse o caso, teria acontecido um dos maiores bull markets da história.
O bull market que não aconteceu
Só para efeito de comparação, imaginemos o índice Ibovespa, num prazo de apenas 90 dias, subindo de 100.000 para 733.000; o ouro, de US$ 1.400 para US$ 10.250 e o dólar contra o real de R$ 3,83 para R$ 28,00.
É por esse motivo que digo que o grande bull market de futuros (que teria sido o do petróleo no final de 1973) não aconteceu.
Só quase dez anos após a guerra do Yom Kippur, mais precisamente em 30 de março de 1983, surgiu o mercado futuro de petróleo na Nymex (New York Mercantile Exchange).
O primeiro preço do óleo cru tipo WTI (Western Texas Intermediate) foi de US$ 76,62, quase 20 dólares acima das cotações de hoje (os valores estão ajustados pela inflação americana no período). Fez uma mínima a US$ 17,53, em novembro de 1998, durante um período de superprodução, e uma máxima a US$ 163,80, em junho de 2008, no auge das compras chinesas.
Por ocasião dos dois choques do petróleo (1973 e 1980), era voz corrente entretraders e analistas que as reservas petrolíferas mundiais iriam se esgotar em meados do século 21.
Aconteceu exatamente o contrário. Além de novas e grandes jazidas terem sido descobertas, as indústrias automotiva e aeronáutica passaram a fabricar carros e aviões mais econômicos.
Como se não bastasse, fontes energéticas alternativas foram desenvolvidas. Entre elas, a eólica (dos ventos), solar e a de combustíveis biodegradáveis.
O petróleo tornou-se uma commodity como outra qualquer, influenciada pela oferta e procura. No momento, o preço do barril está em ligeira alta por causa da forte queda na produção do Irã, da Venezuela (detentora das maiores reservas mundiais provadas) e da Líbia.
Os iranianos sofrem sanções econômicas devido ao desenvolvimento de seu programa nuclear (em compasso de espera). Na Venezuela, o maquinário de prospecção e extração está sucateado. Finalmente, a Líbia vive uma guerra civil.
Estivessem os três produtores acima produzindo a plena capacidade, não me espantaria se o barril fosse cotado a menos de vinte dólares.
Atualmente...
Atualmente, o presidente Donald Trump anda insinuando medidas militares contra os iranianos. Em resposta, estes últimos ameaçam fechar o estreito de Ormuz, que une os golfos Pérsico e de Oman. Por ali, passa um terço do petróleo produzido em todo o mundo.
Se alguma escaramuça ocorrer entre os Estados Unidos e o Irã, o máximo que poderá acontecer nos preços futuros da Nymex é um squeeze (aperto momentâneo).
Nesse caso, o mercado trabalhará em forte backwardation (futuros longos cotados muito abaixo dos curtos). Isso impedirá que empresas como a Petrobras, por exemplo, possam fazer hedges altamente compensadores.
Caso haja um bull market sustentado do petróleo, será por causa de um aumento do consumo na China. Isso se a demanda chinesa não for compensada pela normalização das produções venezuelanas, iranianas e líbias.
No início dos anos 1980, antes de começar a operar em quase todas as bolsas internacionais de futuros, commodities e derivativos em geral, eu iniciei pelo mercado de ouro, tanto na Comex (NY) como na Bolsinha (Bolsa de Mercadorias do Estado de São Paulo).
Naquela época eu era trader de uma fundidora brasileira de ouro (Cioci). Seu dono, Eli Saul Saltoun, tinha um grande sonho: o de que um dia o estreito de Ormuz fosse fechado.
Quase todo o petróleo do mundo passava por lá.
As cotações poderiam ter subido para níveis inimagináveis, puxando a onça do ouro em seu vácuo.
Agora, num horizonte previsível de tempo, esse bull market, que não aconteceu na década de 1970 devido à ausência de mercados futuros, não ocorrerá em razão do excesso de produtores e de fontes energéticas alternativas.
Mas, quem sabe, haverá um longo bear market provocado por guerra de preços.
Para um especulador, tanto faz se o mercado sobe ou desce.
O importante é estar no lado certo.
Petrobras (PETR4) além das previsões e do prejuízo: lucro sobe 22,3% no 3T24 e dividendo extraordinário não vem — mas estatal ainda vai distribuir mais de R$ 17 bilhões aos acionistas
A petroleira deve divulgar no próximo dia 22 o plano estratégico 2025-2029 e a expectativa do mercado é de aumento dos dividendos extraordinários e redução de investimentos
Alívios e aflições: o que a vitória de Trump pode significar para 5 setores da economia brasileira
A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos provoca expectativas variadas para diferentes setores da economia brasileira; veja como eles podem nos afetar
Caminhos opostos: Fed se prepara para cortar juros nos EUA depois das eleições; no Brasil, a alta da taxa Selic continua
Eleições americanas e reuniões de política monetária do Fed e do Copom movimentam a semana mais importante do ano nos mercados
Dubai já era? Arábia Saudita faz investimentos bilionários para se tornar a nova capital do luxo do mundo e se livrar da dependência do petróleo
Edifícios colossais e experiências turísticas de primeira linha fazem parte da Visão 2030 do país
Nem Petrobras (PETR4), nem Brava (BRAV3): outra petroleira é ‘a grande compra que o mercado está oferecendo no momento’, aponta analista
Queda recente do petróleo abriu oportunidades no setor – principalmente em uma empresa que, além de estar barata, têm um gatilho importante para valorização, segundo analista
Braskem: vendas crescem no 3T24, mas analistas mantêm o pé no freio e reduzem o preço-alvo para BRKM5; ainda vale a pena comprar a ação?
BB-BI revisou o potencial de valorização dos papéis da petroquímica de R$ 27 para R$ 24, equivalente a uma alta de 34%
Ações da Petrobras (PETR4) caem com produção menor no 3T24 — e analistas dizem o que esperar do próximo anúncio de dividendos da estatal
Com base nos dados operacionais divulgados, os grandes bancos e corretoras dizem o que pode vir por aí no dia 7 de novembro, quando a estatal apresenta o resultado financeiro do terceiro trimestre
Petrobras (PETR4) produz 8,2% menos petróleo no 3T24 e também vende menos gasolina na comparação com o 3T23; confira os números da estatal
No pré-sal, a companhia também registrou uma queda na extração entre julho e setembro em base anual
Guerra no Oriente Médio: por que o petróleo despenca 5% hoje e arrasta a Petrobras (PETR4) e outras ações do setor
O setor de petróleo e gás protagoniza o campo negativo da bolsa brasileira nesta segunda-feira (28), com os mais diversos tons de vermelho tingindo as ações das petroleiras locais pela manhã. A Prio (PRIO3) é quem lidera as perdas no Ibovespa, com recuo de 3,24% por volta das 11h45. Por sua vez, a Petrobras (PETR4) […]
O saldão da eleição: Passado o segundo turno, Ibovespa se prepara para balanços dos bancões
Bolsas internacionais repercutem alívio geopolítico, resultado eleitoral no Japão e expectativa com eleições nos Estados Unidos
Braskem (BRKM5): maior volume de vendas no mercado nacional e exportações mais fracas; veja os principais números do relatório de produção
Venda de resinas caiu 2% na comparação anual; exportações dos principais produtos químicos da Braskem caíram
Depois de empate com sabor de vitória, Ibovespa reage à Vale em meio a aversão ao risco no exterior
Investidores repercutem relatório de produção da Vale em dia de vencimento de futuro de Ibovespa, o que tende a provocar volatilidade na bolsa
Menos investimentos e mais dividendos em 2025: o que esperar do novo plano estratégico da Petrobras (PETR4), segundo analistas do Santander
Com anúncio previsto para novembro, o novo plano estratégico da petroleira para os próximos cinco anos será o primeiro sob a gestão da CEO Magda Chambriard
Petróleo tomba no exterior com guerra no Oriente Médio e demanda mais fraca no radar — e ações da Petrobras (PETR4) acompanham queda na B3
O esfriamento da guerra no Oriente Médio faz sombra sobre a commodity hoje após notícias de que Israel teria prometido aos EUA que não atacaria instalações de petróleo e nucleares do Irã
O (mercado) brasileiro não tem um dia de sossego: Depois da alta da véspera, petróleo ameaça continuidade da recuperação do Ibovespa
Petróleo tem forte queda nos mercados internacionais, o que tende a pesar sobre as ações da Petrobras; investidores aguardam relatório de produção da Vale
Petrobras (PETR4) vai liberar mais dividendos? Por que a notícia de redução de investimento pode ser ruim para o governo, mas é boa para os investidores
Outra notícia positiva veio de um executivo da petroleira, que confirmou que a estatal está revendo o caixa mínimo de US$ 8 bilhões no próximo plano estratégico 2025-29; entenda por que tudo isso pode ser bom para que tem ação da companhia
O que a Opep prevê para o PIB e a produção de petróleo no Brasil
Opep mantém projeções otimistas para o país, mas alerta para alguns gatilhos negativos, como inflação e aumento nos custos da produção offshore
Sinais de mais estímulos à economia animam bolsas da China, mas índices internacionais oscilam de olho nos balanços
Enquanto isso, os investidores aguardam o relatório de produção da Vale (VALE3) enquanto a sede da B3, a cidade de São Paulo, segue no escuro
Agenda econômica: Prévia do PIB no Brasil divide holofotes com decisão de juros do BCE e início da temporada de balanços nos EUA
A agenda econômica desta semana ainda conta com relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e PIB da China
Prio (PRIO3) eleva expectativas com aquisição do Campo de Peregrino e BTG Pactual reajusta preço-alvo. É hora de comprar ou vender a ação?
Apesar dos números fracos na produção de setembro, os analistas BTG veem uma valorização de 74% para os papéis da petroleira no ano que vem