Os dilemas de Paulo Guedes para liberar o saque de FGTS e PIS/Pasep
Mais complexa, liberação de contas ativas do FGTS tem impacto positivo que poderá ser potencializado pelo corte da taxa Selic no próximo Copom

Se um samba de uma nota só é chato, instrumentos desafinados são irritantes e tiram ibope de qualquer espetáculo. Confiante de que o pior já passou e que a aprovação da reforma da Previdência na votação em segundo turno na Câmara e em dois turnos no Senado está garantida, o governo quer (e precisa) virar a página, mas engasga na apresentação de futuras medidas sob o risco de perder audiência.
A intenção de liberar recursos do FGTS e PIS/Pasep para impulsionar o consumo foi anunciada há tempos pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, mas a ideia de autorizar os saques em proporção dos saldos dos cotistas, a depender dos montantes retidos no Fundo mostra-se confusa e sugere uma operacionalização mais complexa para a Caixa Econômica Federal – gestora do FGTS.
Nada contra a possibilidade de o governo injetar R$ 42 bilhões na economia nos próximos meses, aumentando a capacidade de consumo da população. Em 2017, o governo Temer liberou R$ 44 bilhões de contas inativas do FGTS e esses recursos bancaram, via consumo, 0,7 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) que avançou 1,1% naquele ano.
Há de se considerar, porém, que os sistemas da Caixa são muito antigos e a instituição abre uma conta para cada emprego que o trabalhador tem ao longo de sua vida profissional e que lhe dá direito ao FGTS. Isso quer dizer que para liberar as contas ativas do Fundo, torna-se necessário fazer uma programação diferente daquela realizada de 2016 para 2017, quando o governo Temer tomou semelhante medida. A nova programação – se ainda não foi feita – tomará mais algum tempo das áreas técnicas. Porém, isso em nada atrapalha o efeito econômico esperado.
Agora, liberar bilhões do FGTS, mas limitar o saque para os trabalhadores demitidos por justa causa – possibilidade em estudo, segundo o Estadão desta quarta-feira – não seria o mesmo que tirar dinheiro de um bolso para colocar no outro? Mal explicada, essa restrição aos demitidos por justa causa pode ofuscar a repercussão positiva da liberação.
Disponibilizar mais R$ 21 bilhões do PIS/Pasep também é uma boa pedida, mas supor que apenas R$ 2 bilhões serão sacados pelos detentores das contas pode ser um equívoco e também enfraquece o potencial da medida. Melhor faria o governo se liberasse os R$ 21 bilhões – se possível --, fazendo um esforço para que cheguem à economia.
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Não se deve ignorar, porém, que a apenas duas semanas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a decisão que poderá alavancar o impacto positivo da liberação dos fundos institucionais é a redução da taxa Selic que se mantém inalterada, em 6,50%, há cerca de um ano e meio. Um corte teria visibilidade instantânea e apoio coletivo, ainda que Selic menor não seja garantia de dinheiro mais barato nas prateleiras dos bancos.
Há dois meses, conversei com os ex-ministro do Planejamento e ex-presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, responsável pela proposta e implementação da proposta de liberação de recursos do FGTS e PIS/Pasep no governo Temer, e ele disse que o cenário hoje é muito semelhante a 2016 – quando o encaminhamento da reforma da Previdência e a criação do teto de gastos para o setor público, além do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff – criaram um ambiente favorável e os recursos dos fundos institucionais serviram de alavanca para o consumo.
Dyogo conta que à época o país estava em profunda recessão, o ajuste fiscal era fundamental e ajudaria, sim, no longo prazo. Mas num primeiro momento teria efeitos recessivos. “Precisávamos de algo que estimulasse a economia sem gerar despesa. Tínhamos alternativas, mas a liberação do FGTS era a mais adequada, inclusive, por ser o maior estoque de recursos privados sob gestão do governo.”
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