Três carteiras para o Brasil dos juros baixos
A taxa Selic segue em queda livre e essa nova realidade trouxe uma necessidade de diversificação de portfólio para os investidores.
A taxa Selic segue em queda livre e, como sabem os leitores do Seu Dinheiro, essa nova realidade trouxe uma necessidade de diversificação de portfólio para os investidores. Ocorre que muitos desses investidores não enxergam a diversificação como uma oportunidade, mas como um dilema. Como diversificar? Em qual direção? Por quais caminhos? Se o cenário nos encoraja a aceitar um pouco mais de risco, o que significa exatamente esse risco?
Para responder a essas perguntas de maneira prática, vamos compartilhar algumas dicas de Roberto Kropp, diretor da Daycoval Asset Management, que nos ajudou a simular três carteiras de investimento para o Brasil dos juros baixos. Para isso, nós criamos um cenário hipotético no qual o investidor tem R$ 100 mil no bolso e está livre da necessidade de utilizar esse recurso no curto prazo. Assim, leitores de perfil conservador, moderado ou arrojado vão poder ver com mais clareza que caminhos seguir nesse esforço de diversificação.
Como é praxe nos investimentos, não existem resultados 100% previsíveis. Ainda assim, as carteiras a seguir mostram algumas sugestões de alocação, patamares de retornos a perseguir e atalhos para se atingir essas metas, graças às explicações sobre a escolha de cada ativo.
Vamos a elas:
Perfil conservador
Nossa carteira:
- Fundos de renda fixa: 50%
- Letras financeiras de bancos: 25%
- Debêntures: 25%
- Rendimento nominal esperado: 5,5% a 6,5% ao ano
Sim, os rendimentos de fundos multimercados podem ser mais atraentes do que essa carteira, mas você estaria preparado para suportar as volatilidades do mercado? Uma carteira conservadora (feita para quem respondeu “não” à pergunta anterior) prioriza papéis de renda fixa, o tipo preferido de aplicação para quem não se dispõe a dar passos mais arrojados.
A composição dessa carteira tem também um aspecto que é, de certa maneira, didático. Ela lembra, na prática, que juros baixos não significam abrir mão da renda fixa – um equívoco comum entre investidores menos experientes. O crédito privado, com papéis de empresas de primeira linha, pode ser a alternativa de diversificação dentro de seu perfil, caso você seja um investidor pouco afeito ao risco. É possível começar a colher alguns frutos dessa aplicação com pelo menos seis meses de aporte.
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Perfil moderado
Nossa carteira:
- Fundos de renda fixa: 50%
- Fundos multimercados: 45%
- Ações: 5%
- Rendimento nominal esperado: 7% a 9% ao ano
Tanto na renda fixa quanto nos multimercados, a recomendação é que o investidor escolha ao menos cinco fundos diferentes de cada modalidade. Como referência, na plataforma de investimentos on-line do Daycoval, há quatro fundos de renda fixa criados pelo próprio banco e oito produtos de outras instituições.
Para aumentar a diversificação, o investidor pode aplicar uma parte do bolo destinado à renda fixa em um fundo de investimentos em direitos creditórios, os chamados fundos de recebíveis, ou FIDCs. Aqui, mais uma vez, a ideia é buscar apenas empresas de primeira linha.
Nossa carteira moderada sugere 45% dos recursos em fundos multimercados. Aqui, mais uma vez, a proposta é que sejam escolhidos ao menos cinco fundos dessa modalidade. Na plataforma de investimento on-line do Banco Daycoval há disponíveis três fundos da própria instituição e nada menos que 48 opções de terceiros, selecionadas pela equipe do banco.
Nossa carteira tem ainda um pequeno volume em renda variável. Essa fatia, de 5%, pode ser aplicada em papéis de boas empresas ou em fundos de ações. É um pedaço pequeno, mas a ideia é que essa aplicação sirva para avaliar de que maneira você reage às disparadas – e eventuais solavancos – da renda variável. Isso vai dar a você segurança para fazer aportes maiores na bolsa no futuro – ou, então, reforçar sua convicção de que investir em ações de fato não faz parte do seu perfil.
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Perfil arrojado
Nossa carteira:
- Fundos de renda fixa: 30%
- Fundos multimercados: 56%
- Ações: 10%
- Fundos imobiliários: 4%
- Rendimento nominal esperado: 10% a 20% ao ano
Aqui, é importante observar como “arrojado”, ao contrário do que muita gente supõe, não significa alocar todos os seus recursos em ações. Na verdade, em nossa simulação, a renda variável se concentra mais nos multimercados, com 56% da carteira. Em virtude de sua composição diversificada, esses produtos têm a capacidade de contrabalançar eventuais perdas com quedas inesperadas da bolsa (e quedas na bolsa, cedo ou tarde, sempre acontecem).
A parte “pura” de aplicação em ações fica em 8%. Seriam R$ 10 mil para buscar rendimentos mais parrudos na bolsa, seja com aportes diretamente em papéis, seja em fundos de ações.
Uma sugestão adicional de diversificação, com uma fatia de 4% do total dos recursos: os fundos imobiliários. Nós já contamos aqui no Seu Dinheiro como esses produtos têm espaço para valorização com a retomada da indústria da construção civil (os sinais de recuperação ainda são tímidos, é verdade, mas têm aparecido), embora nem sempre sejam considerados, em particular por investidores menos experientes. Esta carteira é um cenário em que esses fundos entrariam bem no portfólio.
Alocações semelhantes a essas, feitas por Roberto Kropp e sua equipe, têm rendido 12,5% nos últimos 12 meses a clientes do Daycoval. Isso não é uma tentativa de vender produtos, apenas uma maneira de demonstrar que pode-se conseguir um desempenho muitíssimo positivo – estamos em um quadro de taxa Selic a 5%, afinal – sem sofrer tanto com o nervosismo de quem faz apostas mais altas em renda variável. Repare que, aqui, 30% dos nossos R$ 100 mil ainda estão em renda fixa.
É sempre bom lembrar: desempenho passado não é garantia de que os resultados se repetirão no futuro. É por isso que não é qualquer um que fica rico com investimentos. E é por isso que não se pode olhar apenas os resultados recentes dessa ou daquela instituição.
Como tratamos aqui no Seu Dinheiro, para zelar por seu patrimônio é preciso avaliar se o desempenho de uma instituição tem se mantido alto ao longo de vários anos. É de solidez que nós gostamos. É por isso que, aqui nesta newsletter, nós só indicamos produtos e bancos com esse perfil.
Dúvidas? Escreva para pcruz@seudinheiro.com