Um ‘Tesouro Direto’ melhor que o Tesouro Direto
Você sabia que existe outro jeito de investir a partir de R$ 30 em títulos públicos e com um retorno maior? Fiz as contas e te mostro o caminho
Se você não morou em Marte na última década, sabe que o Tesouro Direto virou – me desculpe o certo exagero – a nova poupança dos brasileiros. Lançado em 2002, o programa é uma parceria entre o Tesouro Nacional e a B3 (a antiga BM&F Bovespa) para permitir que as pessoas físicas invistam em títulos públicos. Ou seja, qualquer cidadão com um CPF, R$ 30 sobrando e uma conta bancária se tornou apto a emprestar dinheiro para o governo, com rentabilidade boa e risco baixíssimo, via internet.
De dois anos para cá, a queda dos juros e a consequente piora do retorno das aplicações de renda fixa (como os CDBs) fizeram o país abraçar o Tesouro Direto de vez. Basta dizer que o programa demorou 14 anos para atingir a marca de 1 milhão de inscritos e, hoje são mais de 3,5 milhões de usuários cadastrados. O Tesouro Direto, assim como os vídeos de gatinhos no YouTube e os restaurantes de poke em São Paulo, virou um hit.
Entre os títulos à venda, o Tesouro Selic, que tem sua rentabilidade atrelada à famosa taxa Selic, o juro básico da economia, é considerado o mais seguro de todos. Isso porque, ao contrário dos títulos que pagam um juro prefixado ou que rendem uma taxa fixa mais a inflação, o preço desse título oscila pouco. Então, se você precisar vender ele antes do vencimento não terá grandes problemas. É por isso que muita gente recomenda esse título para você guardar sua reserva de emergência.
Durante um bom tempo as corretoras usaram a “taxa zero” no Tesouro Direto como um chamariz para os investidores. E agora os bancos zeraram as taxas de administração também. Só que o programa ainda tem uma pequena taxa “escondida”: a B3 cobra 0,25% ao ano dos clientes (sobre o valor total da aplicação) para fazer a custódia desses títulos. Ou seja, ela cobra para guardá-los para você. Nenhum usuário do sistema escapa dessa taxa. Bom, pelo menos não escapava – até agora.
Nesses últimos dias, eu descobri que surgiram meios de investir nesses papéis sem sofrer essa mordida. Qual é a mágica? Você faz essa aplicação por meio de fundos de investimento que compram apenas esses títulos públicos. Nesse caso, em vez de você comprar diretamente os títulos, é o gestor do fundo quem vai comprá-los. Ele, porém, não faz isso no site do Tesouro Direto, e sim no mercado secundário de títulos – ou seja, ele compra de pessoas que venderam esses papéis antes do vencimento, normalmente com desconto. É mais ou menos a diferença entre comprar algo no atacado e no varejo.
No “atacado” – ou no mercado secundário - os títulos ficam depositados no próprio Sistema Especial de Liquidação e Custódia e o investidor não precisa pagar a taxa de custódia da B3. Nesse arranjo, é claro, você não se torna dono dos títulos em si, mas de cotas do fundo.
Acontece que o fundo é composto exclusivamente por títulos do Tesouro Selic, assim seu risco é o mesmo de uma aplicação pelo Tesouro Direto – é, basicamente, o risco de o país dar calote em seus credores. Só que sai mais barato. Mas, calma: essa não é a única taxa da qual você vai se livrar até o final desse texto.
Nas últimas semanas, alguns fundos dessa natureza estrearam no mercado brasileiro – e com razoável sucesso. A maioria, porém, cobra uma pequena taxa de administração. Ela, obviamente, é menor do que a taxa de custódia da B3 – costuma ficar na faixa de 0,1%. Mas ela existe. Nessa semana, contudo, chegou ao mercado um fundo que não cobra nem uma coisa nem outra. Ele se chama “Pi Tesouro Selic Renda Fixa Simples FI” e pode ser encontrado no aplicativo da Pi Investimentos.
A Pi é uma startup lançada pelo Santander que funciona como um self-service de investimentos. Como a gestora que criou esse fundo é a própria Santander Asset, ele é distribuído pela Pi sem a taxa de administração. Ou seja, você não vai encontrar uma maneira de investir em títulos públicos mais livre de taxas do que essa.
Vale mencionar também outra vantagem de o “Pi Tesouro Selic Renda Fixa Simples FI” ser um fundo assinado pela Santander Asset: a tranquilidade de saber que seu investimento será gerido, administrado e custodiado por um dos maiores bancos do mundo e não por uma gestora que você nunca ouviu falar.
Eu analisei esse fundo e vou resumir 3 características sobre liquidez, tributação e investimento mínimo que eu descobri:
1 - Tem liquidez diária
Podemos dizer que outra vantagem do fundo da Pi, na comparação com o Tesouro Direto, é a liquidez diária. Se você precisar do dinheiro no mesmo dia, conseguirá sacá-lo sem perdas, basta pedir a retirada até as 13 horas. No caso do programa do governo, é preciso esperar o dia seguinte.
2 – O imposto de renda é igual, mas a cobrança é diferente
Sobre os impostos, as duas opções são muito parecidas: tanto os fundos como o Tesouro Direto obedecem à tabela regressiva do imposto de renda. No Tesouro Direto, você paga o imposto no momento de sacar a aplicação. Já o fundo usa o sistema “come-cotas”, que antecipa a mordida do IR duas vezes ao ano. Na prática, a diferença sobre a rentabilidade é ínfima – e não anula, nem de longe, a vantagem da taxa zero.
3 – Aplicação mínima de R$ 30
Sobre investimento mínimo, mais um ponto para o fundo da Pi. Nele, você pode fazer aplicações a partir de R$ 30, o menor patamar do mercado (e igual ao do Tesouro Direto).
E aí, é uma boa?
Feitas as contas, o fundo da Pi me pareceu a aplicação perfeita para aquela sua reserva de emergência. É um jeito de você fazer render mais aquele dinheiro que você precisa ter à mão. Isso com a segurança do Tesouro Direto, um ótimo retorno real (por ser taxa zero de verdade) e a agilidade da liquidez diária.
Se o Tesouro Direto era interessante a ponto de ter se tornado um hit, essa novidade me pareceu um “’Tesouro Direto’ melhor que o Tesouro Direto”. Você pode embarcar nessa onda de forma bem simples. É só baixar o aplicativo da Pi Investimentos e abrir uma conta – também sem taxa alguma.