Nadando contra a maré: Ibovespa destoa do exterior, fecha em alta e recupera os 105 mil pontos
O noticiário mais favorável no front doméstico neutralizou o tom defensivo visto lá fora, em meio às instabilidades da cena política americana, dando impulso ao Ibovespa

A correnteza não esteve a favor do Ibovespa nesta quinta-feira (26). As águas dos mercados globais até começaram o dia mais calmas, mas, ainda durante a manhã, a maré virou — e as bolsas americanas passaram a cair em bloco. Mas, desta vez, o índice brasileiro não se deixou levar pelo fluxo.
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Contrariando o tom negativo visto lá fora, a bolsa local conseguiu se sustentar no campo positivo. Mas engana-se quem pensa que o Ibovespa ficou satisfeito em se segurar no lugar: o índice mostrou que está com o fôlego em dia, terminando o dia em alta de 0,80%, aos 105.319,40 pontos.
Essa é a primeira vez desde 11 de julho que o Ibovespa consegue fechar um pregão acima do nível dos 105 mil pontos — agora, o índice está a um triz do recorde histórico de encerramento, aos 105.817,03 pontos. Na semana, a bolsa brasileira acumula ganho de 0,48% e, no mês, de 4,14%.
O Ibovespa, assim, nadou contra a maré, já que, nos Estados Unidos, o Dow Jones (-0,30%), o S&P 500 (-0,24%) e o Nasdaq (-0,58%) terminaram o dia em queda — por lá, as instabilidades no cenário político americano e as incertezas no front da guerra comercial acabaram mexendo com o fluxo das águas.
Já o dólar à vista não conseguiu nadar no mesmo ritmo do mercado acionário: a moeda americana fechou em leve alta de 0,18%, a R$ 4,1623 — mais cedo, a divisa chegou a cair 0,78%, a R$ 4,1224. No exterior, a sessão foi marcada por um certo viés de estabilidade do dólar em relação aos ativos de países emergentes.
E o que explica essa diferença de desempenho entre o Ibovespa e os índices acionários de Nova York? A resposta está no noticiário local, recheado de elementos que trouxeram otimismo aos agentes financeiros domésticos — e que, assim, neutralizou a cautela vista lá fora.
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Por aqui, destaque para o fechamento de um acordo entre o governo e o Congresso para priorizar diversas pautas econômicas defendidas pela administração Bolsonaro. Entre outros pontos, o acerto garante a realização do megaleilão do pré-sal em novembro, o que tende a reforçar as contas do Orçamento do país nesse ano.
"A notícia melhorou o humor dos mercados por sinalizar maior agilidade no lado econômico", diz um economista, ponderando que o leilão do pré-sal tende a atrair um volume considerável de recursos externos ao país — perspectiva que pode ajudar a conter a disparada do dólar.
Além disso, os agentes financeiros também repercutiram o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central (BC), divulgado nesta manhã. No documento, a autoridade monetária elevou a projeção de crescimento do PIB neste ano, de 0,8% para 0,9%, e mostrou uma perspectiva de inflação sob controle nos próximos anos.
Tais fatores elevaram a percepção de que a economia local começa a ganhar tração, ao mesmo tempo que reforçaram o cenário de mais cortes de juros por parte do BC — na semana passada, a instituição promoveu mais um ajuste negativo de 0,5 ponto na Selic, levando-a a um novo piso histórico de 5,5% ao ano.
Correnteza forte
Lá fora, contudo, os agentes financeiros optaram por adotar uma postura mais defensiva, reduzindo a exposição ao risco. As incertezas relacionadas à abertura de um pedido de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a nebulosidade nas negociações comerciais entre Washington e Pequim, acabaram inspirando cautela às operações no exterior.
"No momento, eu não vejo nenhum grande risco de o Trump sofrer um impeachment, me parece ser mais uma estratégia do partido Democrata para fazer barulho contra a imagem dele", diz o economista, ressaltando que, independente das eventuais intenções, o noticiário acabou gerando ruído e trazendo precaução às negociações.
Quanto à guerra comercial, os mais recentes desdobramentos até trouxeram indicações positivas aos mercados, já que o governo chinês afirmou mais cedo que as empresas locais concordaram em comprar "grandes volumes" de soja e de carne de porco dos EUA.
No entanto, com a nova rodada formal de negociações entre os dois países marcada para o início de outubro, os agentes financeiros preferiram não se animar demais com o noticiário. Afinal, caso não seja atingido nenhum tipo de acordo nesse encontro, a perspectiva é de piora nas relações entre americanos e chineses.
Vale lembrar que o governo americano pretende elevar ainda mais as sobretaxas que incidem sobre as importações chinesas em 15 de outubro. Assim, por mais que o noticiário de hoje traga elementos que sinalizem um alívio, o cenário global continuou bastante tenso.
Nado livre nos juros
O tom mais comportado do dólar à vista, somado às indicações emitidas pelo BC no Relatório de Inflação, fizeram com que as curvas de juros terminassem o dia em ligeira, tanto na ponta curta quanto na longa.
Os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuaram de 5,00% para 4,98%, e os para janeiro de 2023 caíram de 6,12% para 6,09%. No vértice mais extenso, as curvas para janeiro de 2025 foram de 6,73% para 6,70%.
Pés de pato
O bom desempenho das ações da Petrobras e do setor bancário foi fundamental para dar impulso ao Ibovespa num dia de exterior negativo. Os papéis PN da estatal (PETR4) fecharam em alta de 1,32% e os ONs (PETR3) subiram 0,83%, reagindo ao noticiário referente ao leilão do pré-sal.
Entre os bancos, destaque para Itaú Unibanco PN (ITUB4), que avançou 2,88% e teve o melhor desempenho do índice. Ainda no setor, Bradesco PN (BBDC4) teve ganho de 1,44%, Banco do Brasil ON (BBAS3) terminou em alta de 0,37% e as units do Santander Brasil (SANB11) subiram 1,12%.
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